A fábrica de extração de óleo de bagaço de azeitona AZPO - Azeites de Portugal, que está situada perto de Fortes, concelho de Ferreira do Alentejo, distrito de Beja, tem sido acusada de poluir aquela aldeia e está com laboração suspensa desde junho por ordem do IAPMEI por ter cometido "infrações graves"..O estudo, realizado entre 01 de junho e 12 de julho, a pedido da Câmara de Ferreira do Alentejo, avaliou a qualidade do ar no domínio público nas proximidades da AZPO e da aldeia de Fortes "afetada pelas emissões atmosféricas difusas e confinadas (chaminés)" da fábrica..Durante o estudo, cujas conclusões foram enviadas à agência Lusa pela Associação Ambiental de Amigos das Fortes, foram monitorizados na atmosfera junto a um recetor a cerca de 200 metros da AZPO parâmetros de meteorologia e poluentes químicos associados a emissões confinadas e difusas, como partículas atmosféricas PM10 e PM2.5 (que são elementos de poluição atmosférica), monóxido de carbono, dióxido de enxofre, compostos cancerígenos na fase particulada de PM10 e outros gases..A monitorização decorreu em dois períodos distintos, um de 01 a 11 de junho, com a fábrica a funcionar com operações de combustão com presença de poluentes associados a emissões gasosas confinadas, como PM10, e outro de 12 de junho a 12 de julho, com a laboração da AZPO suspensa e quando foram identificados eventos de eventuais operações de limpeza, manutenção e transporte associados a emissões difusas (PM10 e PM2.5)..Segundo as conclusões do estudo, em 14 dias de medição de PM10 "o valor do Índice da Qualidade do Ar atribuído no recetor é classificado de Mau e viola todos os valores de segurança e de risco atribuídos pela legislação europeia e pela Organização Mundial de Saúde"..No período de 01 a 11 de junho, as concentrações das partículas de PM10 no recetor ultrapassaram o valor limite em quatro dias e "o valor determinado para o percentil 90,4% foi de 127 ug/m3", resultados que se traduzem numa atmosfera "poluída" e "com uma atribuição do Índice de Qualidade do Ar de Mau"..O valor de 127 ug/m3 "ultrapassa claramente" os limiares inferior e superior de avaliação e o valor limite e trata-se de "níveis de poluição" que exigem "medidas de monitorização permanentes para salvaguarda da saúde pública"..O estudo evidenciou também que as concentrações de PM10 durante quatro dias de medições da qualidade do ar na ausência de processos de queima e de emissões difusas da AZPO foram inferiores a 10 ug/m3, o que é classificado com um Índice da Qualidade do Ar "Muito Bom"..Segundo as conclusões, "foi evidenciado que a poluição medida no recetor é proveniente" da AZPO e é "esclarecedora e evidente" a "dimensão do impacto negativo na qualidade do ar do domínio público" quando a fábrica "estava em funcionamento nas condições de operação até à data do encerramento temporário"..As conclusões revelam ainda que a média das concentrações medidas durante 14 dias para sete substâncias cancerígenas nas partículas atmosféricas PM10 que se formam durante processos de combustão foi inferior ao "valor-alvo" para a média anual..Mas, já que não se dispõe de informação sobre as concentrações daquelas substâncias durante o tempo integral de laboração da AZPO, é "recomendável" monitorizá-las "no futuro"..Num comunicado enviado à Lusa, a associação refere que as conclusões do estudo confirmam "as legítimas e justas preocupações" da população da aldeia sobre a qualidade do ar..A associação frisa que, ao abrigo da lei, "os níveis de poluição detetados pelo recetor obrigam a medidas de monitorização permanentes para salvaguarda da saúde pública, exigência que a associação quer ver cumprida, independentemente dos investimentos anunciados pela AZPO" no passado dia 25..A AZPO anunciou ter investido 1,2 milhões de euros para reduzir o impacto ambiental da sua atividade e cumprir condições impostas para poder retomar a laboração suspensa desde 11 de junho por ordem do IAPMEI por ter cometido "infrações graves".