Depois do sucesso de Pátio das Cantigas agora o protagonismo em A Canção de Lisboa. Sente que a partir de agora as pessoas vão também ter uma perceção do César como ator de cinema e não apenas como o artista da televisão e dos palcos?.Não penso nisso - um ator é um ator. Quando alguém diz que é ator tem de fazer cinema, teatro, televisão, humor, drama. Faz o que for para fazer. A formação que eu tive foi essa. Tive formação para alguma coisa, não? No meu caso, a dedicação é a mesma. Mas...sim, gosto mais de fazer cinema do que televisão, embora, se calhar ainda goste mais de fazer teatro..O curioso aqui é que a sua interpretação vai mais por um tom low key, quase naturalista... Não sobe muito o tom mesmo nas sequências de humor físico..Foi assumido. O compromisso era não fazer uma coisa muito naturalista tipo novela nem um overacting completo para cinema. Tínhamos de ter aquela dose certa. E esse equilíbrio deu-se mais ou menos. Acho que não forcei muito e esse caminho é o melhor para as pessoas se identificarem mais facilmente..Sei que fez um tour de antestreias pelo país. Como foi a reação do público?.As reações têm sido incríveis. Este é um filme muito transversal, mesmo não sendo tão popular como os outros..Popular ou popularacho?.Sim... mas isso são palavras suas. O que acho é que é um filme mais contemporâneo e jovem que o Pátio das Cantigas ou O Leão da Estrela. Aborda também o tema da faculdade e do gajo que não estuda e quer engatar miúdas, enquanto que as tias é que o bancam. Não sei, mas trata-se de uma comédia de enganos onde todos enganam todos. Sinto que é um filme simples que atinge os objetivos que quer atingir. O público tem achado que é o melhor dos três e no final é muito aplaudido. Na minha opinião, o final é muito bem conseguido. As comparações são inevitáveis, mas acaba por ser mais comparado com os novos do que com os originais. Tem tudo para ser um sucesso..Paira uma opinião cinéfila e da intelligentzia algo consensual que um dos problemas do atual cinema português popular é uma certa ditadura de uma estética e do gag televisivo. Concorda que essa é uma das lacunas quando se faz um cinema mais para o grande público?.Sou um leigo ao pé de quem diz ou pensa isso. Eu não vejo aqui televisão, vejo cinema. Se é a mesma linguagem de televisão então tem a ver com o país e os orçamentos que temos..Este filme da trilogia dos novos clássicos terá mais cinema?.Tem mais cinema! Não consigo perceber onde é que veem televisão aqui. Por outro lado, há coisas de televisão que são tão bem feitas que são quase cinema. Os Filhos do Rock praticamente é cinema! E, por acaso, é do mesmo realizador....A sua personagem da velha Esperança, que já brilhou no teatro e em televisão, dava ou pode vir a dar um filme?.Já pensei nisso...já! A única coisa que está para ser resolvida - e estamos a pensar nisso seriamente - é a questão da maquilhagem. Para me transformar nela, toda a caracterização demora cerca de quatro horas. Para começar às 8.00 tenho de estar lá às 4.00 ou provavelmente tinha de viver com a velha. Mas quem sabe!?.Tem já algum outro filme na forja?.Há vontades daqui e dali, tenho uns convites para pensar neles. Estou a estudá-los, há que pegar num bom projeto. Agora uma coisa é certa, gostava de fazer mais cinema. Vamos ver se faço..Peças, espetáculos, televisão, rádio e até anúncios. Fica-secom a ideia que é tudo menos calão..Não sou nada calão! Sou trabalhador, honesto e dou tudo a cem por cento: as pessoas sentem isso. Sou um workaholic que gosta de fazer tudo bem. Se calhar até sou demasiado! Se estou a ter sucesso deve-se a muito trabalho.