Este aparelho deteta o cancro só com uma amostra de sangue
A máquina chama-se Miriam, é barata, é open source, e pretende-se tão simples e robusta que possa ser usada por profissionais sem treino especial em laboratórios do mundo inteiro, com melhores ou piores condições.
Ainda nas fases iniciais de desenvolvimento, mas com potencialidades muito promissoras, a Miriam já detetou com eficácia a presença de cancro em ratinhos de laboratório, apenas através de análises sanguíneas, conforme reportou a Wired.
A deteção do cancro nas suas fases iniciais é considerada uma das formas mais importantes de combate à doença, mas a maior parte dos exames para verificar a sua presença são complicados e dispendiosos. A Miroculus quer encontrar uma alternativa para isto.
A inovação do Miriam, no entanto, reside na sua reutilização de tecnologias pré-existentes - como a preparação da amostra sanguínea através de um extrator de microRNA standard já disponível - e na sua aproximação "Silicon Valley" ao problema. Isto é, o aparelho vai ser lançado junto de empresas farmacêuticas, que vão utilizá-lo para ver como os pacientes reagem a novos medicamentos. Assim, a Miroculus vai poder recolher imensos dados, que vão ajudar a empresa a perceber melhor como podem melhorar o aparelho. Entretanto, continua a fazer investigações no Laboratório Europeu de Biologia Molecular, em Heidelberg, na Alemanha.
[youtube:FbXjlm2epro]O vídeo promocional da Miroculus lançado em agosto de 2013
Como funciona?
A Miriam deteta as moléculas de microRNA no sangue, um tipo de molécula que há muito se sabe aparecer e desaparecer conforme o que acontece no corpo. São bons indicadores de doença, podendo identificar a possibilidade de presença de cancro, e mesmo o tipo de cancro de que se trata.
Já foi em 2008 que se descobriu que o microRNA também circula no sangue, em vez de existir apenas no interior das células como anteriormente se pensava, o que abriu portas para investigações que pretendiam usar o microRNA como ferramenta de diagnóstico low-cost.
O desafio do microRNA, porém, é que é muito sensível e susceptível a imensas pequenas variações. O que a Miroculus pretende é saber não só que resultados significam que existe cancro, mas também saber como é que os resultados podem ser alterados ou inibidos por outras condições, para que os dados possam ser interpretados com facilidade por profissionais sem treino particular.