"Estamos a tentar adequar o plano a um vírus da gripe mais agressivo"
Como é que o Ministério está a olhar para as escalas e o que está a ser feito para responder à dificuldade de alguns hospitais?
Existe um plano de inverno, que a nível nacional está a ser gerido pela DGS e a nível regional pelas Administrações Regionais de Saúde (ARS) e hospitais, em que temos já a experiência do ano passado e foram identificados os problemas que nos afligem mais. Há realmente numa ou noutra especialidade e num ou outro hospital questões que nos colocam, mas penso que temos tempo, vontade e capacidade para poder resolvê-los em tempo útil.
Espera-se uma época de gripe mais agressiva que no ano passado. Poderá dificultar as coisas?
É verdade que este ano o vírus poderá ser, do ponto de vista clínico, mais agressivo. Ainda não é possível ter uma previsão, mas poderá acontecer, à semelhança de 2016, que o pico não seja no final do ano. O que nos poderá ajudar a todos a passar essa altura com mais tranquilidade. A questão do vírus ser mais agressivo está a levantar-nos algumas questões e estamos a tentar adequar o plano de inverno a esse fim, porque poderá implicar mais internamentos nomeadamente em áreas intermédias e intensivos. É o que nos preocupa, mais do que a própria passagem de ano ou os turnos aí alocados.
Relativamente à prestação de serviços, houve alguma permissão para os hospitais pagarem mais?
Este ano não foi não aprovada nenhuma alteração do preço. Os valores máximos mantém-se (25 euros/hora para não especialistas e 30 para especialistas) e podem ser elevados no máximo até ao dobro em situações justificadas. Não queremos em nada influenciar a questão do preço. Este acaba por ser um indutor errado, porque por vezes pode provocar saídas de médicos de uma instituição para outra. Temos tempo para prever, desenhar e planear bem os turnos. Penso que este ano iremos precisar de menos horas de prestação de serviço do que no ano passado. Temos mais especialistas e mais internos.
Mas os custos com as prestações de serviço têm aumentado.
É verdade que este ano isso aconteceu. A nossa expectativa é que com a valorização da hora extra, decorrente deste Orçamento de Estado, consigamos motivar mais os profissionais. A expectativa é aumentar a despesa com as horas extras mas reduzir de forma drástica as prestações de serviço. Mas ter profissionais com elevada qualidade e motivados para trabalhar nesses locais.
O pagamento será de 100%? É só para os profissionais dos cuidados intensivos e urgências?
Ainda está a ser discutido. As maiores fontes de horas extra são os serviços de urgência. Neste momento estão abertas todas as possibilidades para encontrarmos uma solução que satisfaça os profissionais e as instituições.