Estádio do Dragão faz 15 anos. Recorde aqui 15 momentos marcantes
A 16 de novembro de 2003, o ilusionista Luís de Matos desceu de helicóptero no relvado do Estádio do Dragão, assim batizado o novo estádio do FC Porto que sucedeu ao velhinho Estádio das Antas, para júbilo dos 50 mil adeptos que presenciaram ao vivo a inauguração. Desde então os truques foram outros, assim como a magia espalhada vezes sem conta no relvado por centenas de jogadores.
Uma festa bonita que encheu de orgulho o arquiteto da obra. "Se tiver de escolher um momento nestes 15 anos, escolho o dia da inauguração. Foi para mim o mais marcante, ver a obra pronta e a ser utilizada pelas pessoas. Foi uma festa muito bonita, com um programa diversificado, com aspetos culturais e desportivos. Uma grande festa com um grande jogo de futebol. O FC Porto ganhou ao poderoso Barcelona (2-0), no jogo em que se estreou Lionel Messi. Foi um dia marcante para mim e penso que para todos os portistas. Presenciei tudo ao vivo e vivi muitas emoções nesse dia. Estava muito frio e as pessoas queixaram-se do vento e do frio, mas no geral os comentários foram muito positivos", contou ao DN Manuel Salgado, o arquiteto responsável pelo Dragão. Desde então, nas bancadas do estádio já estiveram 13.149.875 espetadores em 373 jogos.
Como obra arquitetónica, o Dragão tem acumulado prémios e títulos próprios além dos conquistados pela equipa de futebol. Ostenta a classificação de cinco estrelas da FIFA e distingue-se em áreas como a ecologia - prémio Greenlight para melhor projeto europeu da Agência para a Energia da Comissão Europeia em 2003 -, a reciclagem - Certificação 100R da Sociedade Ponto Verde, que garante 100% de tratamento de resíduos em 2009 - e até a siderurgia - prémio para melhor projeto europeu da European Convention for Construction Steelwork de 2003. O Dragão também foi o primeiro estádio do mundo a receber a Certificação Integrada de Qualidade e Ambiente.
Elogiado por quem a visita, a obra do arquiteto Manuel Salgado é acima de tudo funcional e versátil. Recebeu concertos de algumas das maiores bandas mundiais, como os Rolling Stones em 2006, provas mundiais de automobilismo, como a Corrida dos Campeões, festivais de música, convenções, festas de aniversário e até casamentos. "É um estádio diferente da maior parte dos recintos, tem um desenho muito diferente, com um traçado pouco usual nos estádios. Foi feito com muito cuidado, com todos os espaços fora das bancadas planeados, até as casas de banho, os corredores, os sítios onde as pessoas se encontram antes de entrar. Tudo aquilo foi pensado e ficou claro que desde o dia da inauguração houve um grande agrado", contou feliz o arquiteto, sem esconder o "orgulho" pela versatilidade do recinto.
Inspirado "nos estádios romanos, que são os pais de todos os estádios", para Manuel Salgado o "terreno difícil" acabou por ser o grande inspirador: "A adaptação àquele terreno, muito difícil, inclinado, que obrigava a uma tipografia algo complexa foi desafiante. A solução foi um anel contínuo e duas bancadas laterais com uma cobertura única. Por isso, o local foi o grande inspirador."
O Dragão é obra de uma "equipa muito grande", segundo o autor, que não poupa elogios aos dirigentes portistas pela forma como dirigiram toda a operação mesmo em alturas conturbadas e de contestação: "Justiça lhes seja feita, principalmente a Pinto da Costa. Ele ouvia e intervinha pouco, mas quando o fazia era absolutamente decisivo e certeiro."
Inauguração em dia de festa e da estreia de Messi
A inauguração do Estádio do Dragão aconteceu a 16 de novembro de 2003, num jogo particular contra o Barcelona treinado por Frank Rijkaard, e ficou também na história pela estreia daquele que hoje é considerado um dos melhores jogadores da história do futebol: Lionel Messi. O argentino era então uma jovem promessa, tinha 16 anos e 145 dias quando pisou o relvado portista. Foi apenas por 16 minutos, mas a magia de Messi começou mesmo no relvado do Dragão, quando o médio entrou para o lugar de Fernando Navarro aos 74 minutos. Do outro lado estava o FC Porto de José Mourinho e nomes como Vítor Baía, Nuno Espírito Santo, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Maniche, Hugo Almeida e Derlei, estes dois últimos autores dos golos que permitiram aos portistas vencer por 2-0. "Tenho a felicidade suprema de sentir que hoje toda a cidade está feliz. Os que vivem bem, os que vivem assim assim, e os que vivem mal. Todos estão satisfeitos com este dia. Não há felicidade maior para mim do que sentir que os outros estão felizes", disse na altura Pinto da Costa, lamentando a ausência do primeiro-ministro Durão Barroso e enaltecendo a presença de Lennart Johansson, presidente da UEFA.
Derlei marcou o primeiro golo do Dragão
"Foi de penálti e contra o Barcelona. Marquei de penálti, com alguma dificuldade e alguma sorte, porque a relva ainda não estava boa. Escorreguei no momento do remate e o guarda-redes ainda tocou na bola, mas a bola entrou. Tenho esse dia bem presente na minha memória, esse e os que o antecederam: o empenho de todo o mundo para que o estádio estivesse pronto dentro do prazo estipulado. Lembro-me de admirar o estádio. Joguei em muitos e um pouco por todo o Mundo, vi grandes estádios, mas o Dragão é um dos mais bonitos do Mundo e tem lá uma parte que gosto particularmente, uma sala que tem uma foto minha a chutar a bola para o terceiro golo frente ao Celtic na final da Taça UEFA, em Sevilha. É uma honra ter entrado na história do Dragão. Depois da partida com o Barcelona foi uma grande festa, estávamos todos muito felizes. Lembro-me de ter ido para casa, ter sido saudado pelos meus familiares e recebido imensas mensagens de parabéns. Toda a gente fala agora da estreia de Messi, mas a verdade é que ninguém imaginou que aquele garoto se ia tornar em quem se tornou", lembrou ao DN o ex-avançado dos dragões, que naquela noite de 16 de novembro de 2003 também entrou para a história do estádio.
Primeiro jogo oficial com vitória frente à União de Leiria
Se Derlei foi o primeiro a marcar no novo estádio, Maniche também ficou na história com o primeiro golo em jogos oficiais no Estádio do Dragão, na caminhada para o título de campeão nacional, o primeiro da era José Mourinho. Foi frente à União de Leiria, no dia 7 de fevereiro de 2004, e o FC Porto venceu por 2-1. Maciel marcou o segundo dos dragões e Fredy reduziu para o Leiria. A diferença temporal entre o dia da inauguração e o primeiro jogo oficial explica-se pelo facto de a relva não estar em bom estado.
Estreia europeia no Dragão com triunfo sobre o United de Ferguson
Foi nos oitavos-de-final da Champions 2003-04 que o Dragão recebeu o primeiro jogo europeu (25 de fevereiro de 2004). Sob a batuta de José Mourinho, a equipa que venceria a Liga dos Campeões nesse ano fez um jogo digno de entrar na história frente ao Manchester United de Sir Alex Ferguson, que até começou o jogo a vencer (golo de Fortune, aos 14 minutos). Mas um bis de Benni McCarthy embalado pelas bancadas permitiu a reviravolta e lançou as bases para a passagem da eliminatória (1-1 em Old Trafford) e caminhada rumo à conquista da orelhuda no final dessa temporada.
A derrota com a Grécia no jogo de estreia do Euro2004
O azul do mar e do FC Porto deram o mote à cerimónia de abertura do Euro2004 no Estádio do Dragão, a 13 de junho de 2004. Com os descobrimentos como tema da festa, algumas dezenas de panos cobriram por completo o relvado do recinto, enquanto ia deslizando pelo tapete azul uma caravela, invocando as conquistas portugueses por esses mares fora, em busca de um novo mundo. A loucura instalou-se no Dragão com a entrada das seleções no relvado, conduzidas pelo árbitro italiano Pierluigi Collina. Mas o brilho da cerimónia não foi sinal de triunfo para a seleção nacional, surpreendida em campo pela Grécia, que venceu por 2-1 (Karagounis e Basinas marcaram pelos gregos: Ronaldo por Portugal). Na final do torneio, os gregos viriam a derrotar novamente a seleção portuguesa (1-0), na altura liderada por Luiz Felipe Scolari.
O dia em que o Dragão recebeu os Rolling Stones
Vinte temas, interpretados durante duas horas, animaram os 47 mil espectadores que assistiram ao concerto dos Rolling Stones no Estádio do Dragão, a 17 de julho de 2006. Um megaespetáculo que terminou à meia-noite com explosões e fogo-de-artifício ao som de 'Satisfaction'. Apenas um exemplo da versatilidade do recinto desportivo por excelência, que além de jogos de futebol e concertos, também já foi adaptado para provas mundiais de automobilismo, como a Corrida dos Campeões, festivais de música, convenções, festas de aniversário e até casamentos.
O primeiro título festejado no relvado do Dragão
O FC Porto chegou à última jornada da Liga 2006/07 com um ponto de vantagem sobre o 2º classificado, o Sporting de Paulo Bento. Os dragões ainda estiveram empatados a um golo com o Desportivo das Aves, no Dragão, mas acabaram por dar a volta ao resultado na segunda parte, goleando por 4-1, numa partida realizada a 20 de maio de 2007. O resultado permitiu à equipa orientada por Jesualdo Ferreira fazer a festa do título (em 2003/04 e 2005/06 também tinham sido campeões, mas celebraram em jogos fora) e a Vítor Baía comemorar o 31º título da sua carreira. O guarda-redes, então com 37 anos, teve direito a cinco minutos de jogo (entrou para o lugar de Helton) para receber uma maré de aplausos e assim se sagrar também campeão. Em Alvalade os jogadores do Sporting terminaram em lágrimas, apesar da vitória ao Belenenses por 4-0.
Um clássico para a história com chapa cinco ao Benfica
Uma mão cheia de golos num clássico é coisa rara, mas aconteceu a 7 de novembro de 2010 quando o FC Porto recebeu o Benfica. Silvestre Varela fez o primeiro golo, Hulk e Radamel Falcao bisaram perante 49817 espetadores. Foi a maior goleada de sempre sobre o Benfica em jogos para o campeonato (5-0). Apesar de este jogo ter sido em 2010, recentemente voltou à baila, quando o Benfica recebeu o Bayern na Luz e os adeptos vaiaram James Rodríguez, antigo jogador dos dragões que esteve presente nessa goleada, que respondeu às vais exibindo cinco dedos, a lembrar aquele 5-0 de novembro de 2010.
A caminho da final da Liga Europa
1.ª mão das meias-finais da Liga Europa. Com cinco golos na segunda parte - quatro de Falcao (acabou como melhor marcador da prova com 15 golos) e um de Guarín -, o FC Porto operou uma reviravolta sensacional no Estádio do Dragão, que terminou com uma goleada por 5-1 ao Villarreal, no dia 28 de abril de 2011. Em busca da sua quinta final europeia e do quarto troféu, após a Taça dos Campeões em 1997 e 2004 e a Taça UEFA em 2003, o FC Porto, virtual campeão nacional, visitou depois a equipa espanhola na segunda mão com quatro golos de vantagem, pouco importando a derrota por 3-2. Estavam feitas as malas para a final de Dublin, onde na final venceriam o Sp. Braga por 1-0 e levantariam o troféu.
O famoso golo de Kelvin que fez Jesus ajoelhar no Dragão
Kelvin saiu do banco para encher o pé esquerdo e reescrever a história da Liga 2012/13 no dia 11 de maio de 2013. O golo foi apontado ao minuto 92 e deu a vitória ao FC Porto por 2-1 sobre o Benfica, na 29.ª e penúltima jornada do campeonato, o que permitiu aos dragões de Vítor Pereira isolarem-se na classificação, com mais um ponto que o rival. Após o golo de Kelvin, ficou famosa a imagem de Jorge Jesus, treinador do Benfica, ajoelhado no relvado do Dragão. "Foi muito emocionante, cheguei a casa, liguei a televisão para ver de novo. Sentei-me no sofá e chorava sozinho porque foi um momento muito emocionante que nunca irei esquecer. Os funcionários do clube, logo após o final do jogo, vinham ter comigo a chorar... O treinador também! Ficou tudo marcado, até eu choro cada vez que lembro que aquele golo é meu", recordou Kelvin. O título seria confirmado depois em Paços de Ferreira na última jornada.
A inauguração do Museu
A inauguração do Museu do FC Porto aconteceu a 28 de setembro de 2013, embora só tenha aberto as portas aos visitantes a 26 de outubro desse ano. Já este ano, e depois de ter recebido os certificados de excelência do TripAdvisor em 2016, 2017 e 2018, o Museu do FC Porto foi distinguido com o prémio Travellers" Choice 2018. O espaço foi classificado como um dos cinco melhores de Portugal e Pinto da Costa viu finalmente erguido um dos seus grandes sonhos. "O Museu tem um discurso emocional. É a história do FC Porto e, quem viveu estes momentos, quase todos de grande glória, fica mais do que tocado, porque sabe melhor do que ninguém o que isto representa. Está uma obra fantástica e acho que isto não é só orgulho do FC Porto, vai ser também o orgulho da cidade do Porto", afirmou na inauguração, um dos pontos altos das comemorações do 120.º aniversário do FC Porto, o líder portista.
Homenagem ao mágico Deco
A homenagem ao mágico camisola 20 do FC Porto foi um dos momentos mais marcantes do estádio, segundo uma votação em que participaram adeptos portistas promovida pelo próprio clube. Nesse dia, a 25 de julho de 2014, o Estádio do Dragão esgotou (50 mil pessoas na bancada) para prestar a homenagem de final de carreira a Deco, que reuniu os companheiros com quem partilhou as conquistas da Liga dos Campeões com FC Porto (2004) e Barcelona (2006). " Foi uma honra ter-me despedido dos relvados no estádio do FC Porto, num jogo que vai marcar o resto da minha vida", desabafou Deco, que doou a receita do jogo a várias instituições.
A maior goleada europeia no Dragão
O BATE Borisov, da Bielorrúsia, foi a vítima da maior vitória do FC Porto na história da Champions, num jogo disputado a 17 de setembro de 2014. Brahimi fez um hat-trick, Jackson Martínez, Adrián López e Aboubakar marcaram os restantes golos dos dragões, num total de seis! Foi o resultado mais avultado de sempre da equipa na Liga dos Campeões, sendo que o maior triunfo até então era de 5-0 ao Werder Bremen, na Alemanha, na fase de grupos de 1993/94.
Dragão atinge os 10 milhões de espetadores
Foi no dia 15 de agosto de 2015, num triunfo sobre o Vitória de Guimarães para o campeonato, por 3-0, que o Estádio do Dragão superou a marca dos dez milhões de espetadores. Em média, o recinto recebe 42 mil adeptos por jogo. Até ao derradeiro encontro, segundo dados cedidos pelo clube, já passaram pelo estádio 13.149.875 espetadores num total de 373 jogos. Nas 351 partidas oficiais foram 12.257.057 espetadores ao estádio.
A maior goleada de sempre em casa
A maior goleada da história do Estádio do Dragão aconteceu em março de 2017, quando o FC Porto recebeu o Nacional na 24.ª jornada da I Liga. Um jogo que terminou com um 7-0 a favor dos dragões. Marcaram Óliver, Brahimi, André Silva (2), Soares (2) e Layún. É preciso recuar até à temporada de 1998/99 (no antigo Estádio das Antas) para encontrar resultado semelhante dos portistas no campeonato. Na altura, a vítima foi o Beira-Mar. A goleada aos insulares serviu para os dragões passarem para a liderança do campeonato. A época, contudo, acabaria com o título entregue ao Benfica.