Especializar para inovar
Pensar em startups ou empreendedorismo a partir de Portugal conduz-nos até ao início da década passada, período marcado por uma grave crise financeira e por elevadas taxas de desemprego (particularmente entre os jovens), elementos que viriam a impulsionar o nascimento de ideias altamente inovadoras - e a primeira vaga significativa de startups.
Foi, pois, num contexto de conjugação de adversidades, que emergiu o talento que as Universidades foram maturando e o resultado de acertadas políticas públicas na educação e ciência, sustentando uma das célebres frases de Benjamin Franklin em que apontava o conhecimento como o investimento que paga o melhor dividendo.
Recém-diplomados, e perante as estreitas e escassas portas de acesso ao mercado de trabalho, milhares de jovens foram identificando oportunidades e aguçando o engenho com que se propuseram a abordar as existentes falhas de mercado.
Pari passu, nasceram por todo o território nacional incubadoras e aceleradoras - muitas delas resultado de esforços municipais - com a missão de apoiar e acompanhar todos os que se aventuravam nesta nova realidade: gerar soluções com impacto real na sociedade.
Se, no início da década, as incubadoras e aceleradoras começaram por traçar um caminho indiferenciado, certo é que ao longo dos últimos anos a estratégia nestas organizações evoluiu, conduzindo a um processo de especialização relevante e com efeitos diretos no desenvolvimento dos territórios, que permitiu contrariar a concentração de investimentos em zonas de elevada densidade.
Foi neste contexto que, em 2014, surgiu a Startup Braga, hub de inovação da primeira agência de dinamização económica de base local - a InvestBraga -, focando a sua ação no apoio a empreendedores com soluções tecnológicas em setores de elevado índice de especialização, integrados em ecossistemas mais abrangentes e permitindo fluxos de informação e de negócio relevantes.
Conjugando as forças de um ecossistema de inovação liderado por entidades como a Universidade do Minho ou o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), e por um tecido empresarial onde já pontuavam algumas das mais relevantes empresas no setor das tecnologias da informação, a Startup Braga decidiu, então, posicionar a sua atuação nos verticais da economia digital, tecnologias para a saúde e nanotecnologia, aos quais se viria mais tarde a somar a biotecnologia.
Dentre estes quatro eixos, contam-se hoje mais de 180 startups, responsáveis pela criação de mais de 1.000 postos de trabalho - boa parte deles altamente qualificados - e pelo levantamento de rondas de investimento que totalizam 375 milhões de euros.
Esta opção de especialização, que não pode ser alheia aos diferentes contextos de um ecossistema, seja no plano económico, académico ou de investigação, tem conduzido a um maior nível de diferenciação - quer dos recursos humanos dos hubs, quer das suas redes de mentores, parceiros ou investidores - e a escolhas mais orientadas por parte de empreendedores que encontram nestes ecossistemas elementos essenciais para garantir a sobrevivência inicial, o sucesso e o crescimento das startups.
Hoje, Portugal dispõe de uma vasta rede de estruturas qualificadas para apoiar o desenvolvimento de startups nas mais diversas áreas e através de diferentes propostas de valor. É, neste contexto, que a Startup Braga tem implementado diferentes programas orientados para estágios de desenvolvimentos distintos e necessidades específicas.
Da ideação à aceleração ou incubação, a Startup Braga tem procurado mapear projetos inovadores, apoiar equipas multidisciplinares, facilitar processos de transferência de tecnologia, aproximar investigadores e empreendedores do mercado, e capacitar os mesmos com competências chave em múltiplas áreas da gestão - de que é exemplo o programa School of CEOs, desenvolvido, desde 2016, em parceria com a UMinhoExec, e recentemente distinguido no ranking EDUNIVERSAL como um dos melhores cursos executivos em Liderança (33º lugar a nível mundial).
Importa, contudo, refletir sobre a desaceleração do caudal de novos projetos empreendedores, verificada consistentemente ao longo dos últimos anos, e implementar instrumentos verdadeiramente capazes de, por um lado, estimular o empreendedorismo tecnológico - muitas das vezes nascente em contexto académico ou centros de investigação -, e por outro, fixar o talento existente e as empresas emergentes, através de políticas públicas mais amigas das startups e dos empreendedores.
Startup Braga
A Startup Braga é o hub de inovação da InvestBraga, tendo sido desenhado para apoiar a criação de projetos com elevado potencial empreendedor e ambição global, atuando no desenvolvimento e na promoção do empreendedorismo e na criação, incubação e aceleração de startups, fundamentalmente nas áreas da economia digital, tecnologias para a saúde, biotecnologia e nanotecnologia.
A Startup Braga cria oportunidades à sua comunidade - com mais de 180 startups, fornecendo todas as condições para que possam alcançar os seus objetivos.
Luís Rodrigues é Licenciado e Pós-Graduado em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho, onde foi membro do Senado Académico, do Conselho de Gestão e do Conselho Geral, e Presidente da Associação Académica, altura em que fundou o LIFTOFF - Gabinete do Empreendedor da Universidade do Minho, e criou o "Atreve-te", concurso nacional de empreendedorismo, que juntou Associações e Federações Académicas do país, que contou com o Alto Patrocínio do Presidente da República. Foi ainda Membro do Conselho Consultivo da A3ES.
Entre 2013 e 2017, integrou os Serviços de Apoio ao Reitor da UMinho, tendo coordenado o Gabinete de Desenvolvimento, estrutura a partir da qual se desenvolveram diferentes dimensões da atividade da Universidade, como a relação com a comunidade alumni, a empregabilidade e o fundraising. Entre 2017 e 2019, foi Diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Casa de Investimentos - Gestão de Patrimónios, S.A.
Atualmente, é Diretor da Startup Braga, o hub de inovação da InvestBraga, equipa em que ingressou em 2019. Integra a Rede Nacional de Mentores do IAPMEI e o Conselho Estratégico da Startup Portugal.