ESPANHA: EMOÇÕES, UNHAS ROÍDAS E UM TRISTE CAMPEÃO

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1 Primeiro foi o sprint a três na Holanda, com o PSV a sair por cima sobre a meta. Depois, o ombro-a-ombro entre Estugarda e Schalke, na Alemanha, só decidido na última jornada. Portugal não ficou atrás e também levou todas as decisões para os últimos 90 minutos da época. Agora, eis que chega ao fim a Liga espanhola, também com três equipas a apontar ao título, embora uma delas, o Sevilha, corra por fora, com a aritmética e a "Virgen de Macarena" como únicos aliados. Decididamente, como quase sempre em anos ímpares, 2007 não será um ano inesquecível na história do futebol mas, para todos os efeitos, já bateu todos os recordes em unhas roídas por essa Europa fora. Os jogos do último sábado foram a ilustração perfeita para uma temporada de muitas emoções e pouca qualidade: todos falharam, todos levaram os seus adeptos a arrancar cabelos, e assim vão continuar, até ao fim da corrida, com a consagração do candidato menos afectado pela doença bipolar. Entre Real e Barcelona, a balança está agora muito inclinada para a equipa da capital, que recebe o Maiorca. Se a recuperação nesta segunda volta merece aplausos, nem o mais fervoroso adepto merengue ousará falar de um grande campeão, tantas e tão sinuosas foram as curvas do seu percurso. Razão pela qual, mesmo com o título à vista, ninguém se pronuncia sobre o futuro de Fabio Capello, um técnico cuja sala de troféus é inversamente proporcional ao apreço que suscita nos adeptos das equipas por onde passa. Com a festa preparada na Cibeles, resta ao Barcelona apelar às últimas reservas de fé ao fechar uma temporada deprimente no terreno do também deprimido Nàstic. Rijkaard, Eto'o, Ronaldinho, Deco e companhia devem olhar-se de alto a baixo ao espelho, perguntando-se como foi possível chegar a esta situação depois de tanta, tanta coisa a seu favor. Diz o lugar-comum que no futebol, como na vida, a sorte se procura. Neste caso, foi a sorte que andou um ano a esbanjar charme, à procura de um par que a merecesse. Este domingo, vai finalmente encontrá-lo. Mas ninguém se iluda: este será um casamento por cansaço, não por amor.

Messi

É difícil não cair no jogo das comparações quando um argentino faz coisas "à Maradona" com frequência notável. Já tinha havido "o" golo ao Getafe, agora foi a mãozinha marota com o Espanhol. Com tantas coincidências, perdem-se as palavras lúcidas do próprio Messi, lembrando que Maradona só há um. Lionel vale por si só e, salvo catástrofe, vai ser uma das maiores figuras do futebol mundial dos próximos anos. Mas o golo ao Getafe e a mão com o Espanhol não aconteceram com quatro minutos de intervalo, num jogo de tudo ou nada nos quartos-de-final de um Mundial. Messi é um fenómeno, sim. A imortalidade, essa, custa muito mais a ganhar.

Juventus

Cumprido o ano de purgatório, o regresso da vecchia signora à Série A só pode tirar o calcio do pântano de aborrecimento em que caiu. É justo reconhecer que o clube mais amado e mal-amado de Itália teve, sob as ordens de Deschamps, uma campanha digna e empolgante até chegar ao título. A escolha de Ranieri como novo técnico não augura futebol entusiasmante para a próxima época, claro. Mas convém lembrar que esse nunca foi o forte da Juventus, a equipa que, juventinos à parte, todos gostam de detestar.

Drenthe

Começou mal a estreia no Euro sub-21, amarrado a um posto de lateral que não o deixava ligar os motores e o fazia ser apanhado fora de posição com uma regularidade preocupante. Mesmo assim dominou atenções pela impetuosidade com que fazia pressão e pela velocidade que lhe nascia nos pés sempre que recebia a bola. Depois, Foppe de Haan foi misericordioso e libertou-o na ala. Bastaram-lhe 15 minutos para se tornar na primeira estrela da prova, impressão confirmada na vitória da Holanda sobre Portugal. O look à Davids ajuda, mas não explica tudo. Quem gosta de futebol gosta de extremos. E, nesse particular, Royston Drenthe é a grande promessa do momento.|

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