Espanha confirma caso de microcefalia. Portugal sem grávidas infetadas
O Departamento de Saúde da Catalunha (Espanha) confirmou o primeiro caso de microcefalia numa grávida infetada com zika. Outras três estão a ser seguidas, mas não foram detetadas anomalias nos fetos. Este é o segundo caso de microcefalia associado ao vírus na Europa. Portugal não registou até ao momento nenhum caso envolvendo grávidas. Segundo o último balanço, o país tem 15 casos confirmados de infeção. Mas a Direção-Geral da Saúde (DGS) está a revê-los, seguindo a última orientação, publicada neste mês, e que define o que é um caso de zika.
O Departamento de Saúde da Catalunha confirmou, na quinta-feira, que está a seguir quatro grávidas infetadas com zika, mas que em três casos a gravidez decorre sem problemas. Num, porém, está confirmada a existência de malformações no feto, transformando este no primeiro caso de microcefalia associado vírus em Espanha. Os problemas no feto foram detetados às 20 semanas de gestação e a mãe está infetada com zika e dengue. Do que se sabe irá prosseguir com a gravidez e será "acompanhada de forma exaustiva".
A mesma autoridade refere que uma outra grávida infetada com zika já teve entretanto o bebé e ambos estão bem. Na Catalunha estão registados 39 casos de infeção, 15 em homens e 24 em mulheres. Em toda a Espanha estão registados 105 casos de infeção, todos importados, adiantam os jornais locais. A Agência de Saúde Pública da Catalunha reforça que grávidas e mulheres em idade fértil devem ter cuidados redobrados caso viajem para países onde a epidemia está ativa. Caso da América Latina, África e Caraíbas.
Portugal sem grávidas infetadas
Faz hoje um ano que foi confirmado com total certeza o primeiro caso de infeção por zika no Brasil. Desde então, já foram confirmados naquele país mais de 1200 casos de microcefalia e alterações neurológicas associadas à infeção. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), seis países declararam macrocefalia associada ao zika; os casos da Eslovénia e dos Estados Unidos são de mulheres que estiveram no Brasil. No caso da síndrome de Guillain-Barré, 13 países reportaram aumento de situações associadas ao zika.
Inúmeros estudos mostraram a presença do vírus no líquido amniótico, na placenta, no cordão umbilical e no tecido cerebral dos fetos. Outros estudos demonstraram que o zika afeta preferencialmente as células cerebrais. Na quinta-feira, a OMS admitiu que a transmissão do vírus por relações sexuais é mais comum do que se pensava, tendo sido documentada por Argentina, Canadá, Chile, França, Itália, Nova Zelândia, Peru, Estados Unidos e Portugal.
Este é o único caso conhecido de transmissão sexual no país, disse ao DN Cristina Abreu Santos, chefe da equipa da unidade de Gestão de Emergências em Saúde Pública da DGS, que confirmou que "não há nenhum caso de zika em grávidas" em Portugal. Em 80% dos casos, a infeção não dá sintomas e a situação mais grave conhecida são as anomalias neurológicas nos bebés.
O que justifica as recomendações da DGS: "Enviámos para todos os hospitais indicações com a necessidade de investigar eventuais casos de microcefalia associado ao zika. Recomendamos às mulheres que usem preservativo ou estejam em abstinência sexual até um mês após o regresso de uma zona afetada. Os primeiros sintomas - febre, conjuntivite, dores nas articulações - podem surgir até 12 dias após a picada e o vírus detetado no sangue durante mais uma semana. No caso de um homem que tenha sido infetado, aconselhamos o preservativo ou abstinência durante seis meses. Se a companheira estiver grávida, deve usar preservativo até ao fim da gravidez", disse Cristina Abreu Santos.
Estão confirmadas 15 infeções em Portugal, todas oriundas do Brasil, da Colômbia, de Cabo Verde e de Samoa. No dia 18 foi atualizada a orientação da DGS, dando indicação aos médicos do que é um caso de zika e os procedimentos a seguir. É com base nesta nova definição que todos os casos estão a ser revistos pelas autoridades de saúde.
Um estudo brasileiro, divulgado ontem, mostrou que um medicamento antimalária pode ser eficaz para blindar o cérebro de fetos contra a infeção pelo vírus zika. Os investigadores adiantam que são precisos mais estudos. Cristina Abreu Santos afirmou que "é um ponto de partida" que "vai trazendo alguma luz à questão", mas que ainda não existem dados conclusivos nem recomendações da OMS e que este é ainda um estudo precoce.