Esgrima de bronze em 1928, após dois quartos lugares
A esgrima esteve desde sempre no programa olímpico e também não se estranhou que a modalidade estivesse representada, em 1909, na fundação do Comité Olímpico Internacional, atravé de Fernando Correia.
Era, nos anos que se seguiram à Primeira Guerra Mundial, a grande aposta para uma medalha portuguesa, que só apareceu em 1928, depois de duas edições em que o pódio olímpico esteve muito próximo de se concretizar.
Em Amesterdão o sexteto luso já era "veterano" - uma situação nada invulgar no desporto daquele tempo -, com dois atiradores quarentões, dois na casa dos 30 e dois ainda na casa dos 20: Jorge Paiva e Mário Noronha, Frederico Paredes e João Sassetti, Paulo d'Eça Leal e Henrique da Silveira.
A equipa era reconhecidamente experiente e todos, menos Sassetti, tinham estado nos Jogos de 1924.
Em 1920, tinham sido quartos, atrás de Itália, Bélgica e França, apenas perdendo a medalha por número de toques totais, na "poule", já que empataram 6-6 com os gauleses.
Volvidos quatro anos, os resultados não davam margem para o desânimo, apesar do quarto e último lugar na "poule" final: só com a campeão França a derrota foi clara (11-4), perdendo com a Bélgica e com a Itãlia por equilibrados 9-7 e 8-7.
O momento mais alto da esgrima portuguesa chegava a 05 de Agosto de 1928, no Olympia Sportspark, de Amesterdão.
Um total de 18 selecções, quase todas da Europa (a excepção foram os EUA e o Egipto) acorreram à Holanda, para o torneio de espada por equipas.
Na primeira ronda, Portugal ganhou o grupo, à frente de Holanda e Suécia, e nos quartos-de-final voltou a ganhar, superando EUA e Noruega.
Nas meias-finais os lusos foram segundos, atrás de Itália mas à frente de Checoslováquia e Holanda - o suficiente para nova ida à final de quatro, com transalpinos e, mais uma vez, franceses e belgas.
Os atiradores portugueses estiveram melhores que nunca, com Henrique da Silveira, o melhor praticante luso do século passado, a liderar uma equipa que só perdeu por 9-6 com Itália e 9-7 com a França.
Contra a Bélgica, a emoção durou toque a toque, ponto a ponto, até ao fim, com o marcador a dar conta de um empate, 8-8.
Na contabilidade de toques, Portugal ganhava por 21-20 e podia, finalmente, fazer a festa, esperada desde 1920.
Seria necessário esperar quase 90 anos para a esgrima portuguesa volta a contar com um resultado ao nível dessa medalha olímpica colectiva, aplaudindo o segundo lugar de Joaquim Videira, também na espada, no Mundial de 2007.
Nenhum dos "heróis de Amesterdão" já estava por cá para vibrar com isso: o último a morrer foi Paulo d´Eça Leal, em 1977, com 76. No dia da conquista da medalha, era o benjamim do grupo, com 26 anos.