Escolher o PPR certo em plena 'guerra' publicitária
O BES deu o tiro de partida nas campanhas publicitárias a promover a sua oferta de planos poupança reforma (PPR), com recurso à dramatização dos efeitos da reforma da Segurança Social levada a cabo pelo Governo. "Preparado para viver a reforma com muito menos do que tem hoje?", pode ler-se nos cartazes do BES. O apelo aos benefícios fiscais também é feito, mas de forma menos evidente.
Mas se este é um sinal de que os bancos procuram, este ano, capitalizar a actualidade sobre os problemas da Segurança Social, há outras novidades. A oferta está mais diversificada, com PPR para todos os gostos. E, num período em que a crise dos mercados financeiros assustou os aforradores portugueses, há mais produtos que garantem o capital investido.
Mas os problemas de fundo deste mercado mantêm-se e, naturalmente, não são claros nas campanhas publicitárias que enchem as televisões, jornais, rádios ou as ruas. Continua a ser muito caro circular entre PPR, o que acaba por desvirtualizar a lógica do mercado: não é a poupança que é de longo prazo mas sim a permanência num único produto. Depois, a rentabilização do capital é, muitas vezes, uma ilusão: as taxas são tão baixas que quando se recolhe as mais-valias acumuladas muitas vezes os saldos líquidos são inferiores, devido às comissões e ao aumento do custo de vida.
É por isso que o DN faz uma análise à oferta dos cinco grandes bancos portugueses. Para que possa escolher o PPR mais adequado, independentemente do que diz a publicidade.|
A CGD aposta este ano em três opções: Leve PPR, Caixa PPR Capital Mais e Caixa PPR Rendimento. O Leve PPR dá resposta à eventual vontade de os clientes emcircular sem custos entre produtos de poupança com características diferentes: Leve Uni garante o capital, o Leve Duo também, mas permite participar nos resultados do fundo autónomo associado; o Leve Tri é mais arrojado, não garantindo o capital e estando mais exposto às acções (com perspectiva de maiores rentabilidades). As entregas mínimas são de 25 euros. O PPR Capital Mais e PPR Rendimento têm uma taxa garantida (3,25% e 2,75%, respectivamente).
Para promover os seus PPR nesta época do ano, a CGD oferece relógios, CD ou um leitor de MP3, consoante os produtos e os montantes investidos. Esta promoção está em vigor entre 26 de Novembro e 31 de Dezembro. Um incentivo adicional, para além dos benefícios fiscais.
A solução Leve PPR permite adaptar a poupança aos vários ritmos dos mercados e aos próprios objectivos dos aforradores. As entregas obrigatórias têm um valor relativamente baixo. Precisamente as desvantagens dos outros dois produtos, que cobram taxas para sair para PPR mais competitivos e têm entregas mínimas de 150 euros por trimestre. Já a taxa anual garantida acaba por ficar comprometida com os custos e a inflação. Vale a participação no resultado do fundo autónomo associado para compensar.
A novidade deste ano do Santander Totta é a possibilidade de aceder a dois produtos de curto prazo, como estímulo para subscrever um dos vários PPR disponíveis. A oferta varia entre o Poupança Segura (com entregas de 25 euros, sem acções), Poupança Investimento (com um pouco de acções), Poupança Garantida (com taxa anual garantida e montante mínimo de 550 euros, sem entregas periódicas) e o Poupança Premium (com um montante mínimo muito elevado: 75 000 euros).
Há várias e para todos os gostos: o Santander oferece um conjunto de canetas em estojo de pele na subscrição e um conjunto de malas de viagem para as entregas pontuais a partir de 1500 euros. Depois, há as iniciativas de curto prazo, promovidas nos cartazes e disponíveis para quem subscrever um qualquer PPR do banco: Conta Solução Reforma: em seis meses, uma remuneração anual bruta de 10%. Para entregas pontuais de mais de 1500 euros, fica acessível o depósito Meu Banco, a três meses e com taxa anual brutal de 5%. Finalmente, os clientes ficam ainda habilitados a ganhar uma viagem.
A taxa cobrada para qualquer transferência fora do banco é de 2%, um valor que anula, em muitos casos, a rentabilidade entretanto acumulada nos respectivos PPR. Depois, os produtos associados obrigam ao pagamento de comissões bancárias, que muitas vezes não são explícitas. E retiram parte da rentabilidade anual bruta oferecida.
Por outro lado, à imagem da concorrência, a taxa de rentabilidade garantida, nos casos em que existe, representa, muitas vezes, uma perda real de valor.
O Millennium bcp tem seis opções de PPR, com várias alternativas consoante o perfil dos investidores. Os três fundos de investimento PPR têm diferentes graus de exposição às acções, logo, têm um risco e um custo tanto maiores quanto maior for o peso do mercado accionista. Os seguros PPR garantem o capital. O Vantagem PPR tem uma taxa mínima garantida de 3%, mais 90% de participação nos resultados e permite entregas programadas (a partir de 50 euros), entregas únicas ou extraordinárias. O PPR Capital Garantido tem um retorno anunciado no início de cada ano. O PPR 55 é exclusivo para clientes com mais de 55 anos e tem uma taxa anual bruta de 4%.
Os estímulos criados este ano pela equipa do BCP passam pela isenção de comissões de subscrição para quem quiser entrar nos PPR até ao final do ano. E prevê, no mesmo período, a melhoria das taxas brutas do Vantagem PPR e do PPR Capital Garantido para os 4% e 4,5%, respectivamente.
A estrutura dos custos de transferência é gradual conforme o tempo de permanência: primeiro ano 3%, segundo ano 2% e a partir do terceiro ano 1%. A comissão de gestão, nalguns casos, chega a uma média de 1,5% do valor investido. A título de exemplo, quem quiser sair ao final do primeiro ano pode incorrer em custos em torno de 4,5%, o que acaba por retirar toda a taxa anual bruta oferecida. Sem contar com os cerca de 2,5% de inflação.
A campanha do BPI arranca no próximo dia 4 de Dezembro. Com o mote "Comece a preparar a reforma aos 30 anos com 25 euros por mês", o BPI calcula uma poupança de 54 mi l euros no momento da reforma. A oferta concentra-se em cinco produtos, embora haja mais três opções. O Reforma Garantida e Reforma Aforro têm capital garantido, com o primeiro a assegurar também a taxa anual bruta. O Reforma Investimento e Reforma Acções investem no mercado accionista, elevando o risco associado.
Os estímulos oferecidos pelo BPI não são pontuais e não estão ligados ao final do ano. A isenção de comissões de subscrição aplica-se a todas as situações, assim como a flexibilidade nas entregas. Uma possibilidade que permite total liberdade aos clientes na tomada das suas decisões de poupança. Na maior parte dos casos, a entrega mínima exigida pelo banco é de apenas um euro.
As taxas de transferência foram fixadas pelo BPI nos 3%, com excepção do BPI Reforma Investimento (2%). A saída antecipada é taxada a 1% na maior parte dos produtos e para entregas com menos de um ano.
Quanto às comissões de gestão e depósito, variam consoante o tipo de produto. No Reforma Garantida, pode chegar a um máximo de 3%. Este produto obriga ainda a uma entrega inicial de 200 euros. No Reforma Acções está fixa nos 2%. Taxas relativamente altas em momentos menos positivos nos mercados financeiros.
O primeiro banco a arrancar com uma campanha promocional dos seus PPR assenta a sua oferta em três produtos. O PPR Garantido tem um prazo mínimo de cinco anos e uma taxa mínima garantida de 3,5% (líquida) para 2007. Uma taxa que pode crescer com a participação nos resultados de um fundo associado. O Poupança Activa não garante o retorno, antes fá-lo depender do desempenho de um fundo que, em 2006, chegou aos 4,5%. O Poupança Activa BES Futuro tem um prazo de 10 anos e está associado a um fundo cujo objectivo de gestão é a taxa Euribor acrescentada de uma rentabilidade de 1,5%.
No Poupança Activa e no PPR Garantido, uma entrega de cinco mil euros dá direito a um DVD do Cristiano Ronaldo, em edição exclusiva. No Poupança Activa, com uma entrega de 10 mil euros ganha-se uma máquina de café. Nestes dois produtos, existe ainda a opção de crescimento dos prémios, que permite manter as entregas indexadas à inflação.
As taxas de transferência são as mais elevadas do mercado: 5% nos produtos de Poupança Activa. No PPR Garantido é de 3%. O BES cobra praticamente todas as comissões (entrada, saída e gestão), a uma média de 1,5%. Por outro lado, numa altura em que os mercados financeiros estão particularmente incertos, o BES tem pouca oferta de PPR que garantem o capital, uma situação compensada por outro tipo de produtos estruturados. Embora algumas destas alternativas não tenham benefícios fiscais.