Escolas de chefes políticos
Os Beatles tocaram durante dez mil horas num clube anónimo de Hamburgo antes de se transformarem numa das maiores bandas de rock do século xx e Bill Gates já tinha mais de dez mil horas de programação consecutiva quando desistiu no segundo ano da faculdade para criar a Microsoft. Se esta «regra das dez mil horas» descoberta pelo ensaísta Malcolm Gladwell estiver correcta, a chave da ascensão de Pedro Passos Coelho a primeiro-ministro pode estar nas quase cinquenta mil horas de treino político que obteve como líder da JSD e irá favorecer António José Seguro na disputa contra Francisco Assis. A verdade é que o núcleo duro político do novo governo foi todo formado nas juventudes partidárias. Pedro Passos Coelho, 46 anos; Miguel Relvas, 49; Miguel Macedo, 53; e José Pedro Aguiar Branco, 53, fizeram carreira na JSD - e o próprio Paulo Portas, 48, passou primeiro pela juventude do PSD antes de saltar de escantilhão para o CDS. Leva agora para o governo de coligação o antigo presidente da Juventude Popular Pedro Mota Soares, 37. É o primeiro líder da jota do CDS a chegar a ministro após trabalhar trinta mil horas nos «juniores» da política. Curiosamente, dirigiu-se para a tomada de posse a guiar a sua Vespa e saiu do Palácio da Ajuda num carro oficial com motorista do Estado. José Sócrates também começou a carreira política na JSD. Fez campanha pelos sociais-democratas, mas acabou depois por acertar no PS e transferir-se para a JS. Estreou-se na Comissão Nacional em 1984, chegou a deputado em 1987, por Castelo Branco, e inaugurou as suas intervenções na Assembleia da República com um discurso a favor do naturismo nas praias portugueses. O caminho seguinte foi sempre a subir: secretário de Estado, ministro do guterrismo, líder do PS e depois primeiro-ministro.O seu sucessor será escolhido no fim da próxima semana (sexta-feira e sábado), mas sabe-se antecipadamente que também palmilhou as escadarias da Juventude Socialista. António José Seguro, 49 anos, assumiu a liderança da JS aos 28 e esteve no poder entre 1990 e 1994. Francisco Assis, 46 anos, ensaiou uma passagem mais modesta, na medida em que foi eleito presidente da Câmara de Amarante com apenas 24. Classifica agora o aparelho que apoia o adversário como «uma espécie de parasita político que sabe muito bem onde é que se pode alojar». Pode chegar-se ao poder nos partidos e no governo sem usufruir das credenciais de jotinha? Poder, pode, mas a história tem mostrado que os políticos que treinaram nas juventudes partidárias tendem a chegar mais longe na política se cumprirem pelo menos o treino das dez mil horas.Escola de talentos ou de cargos?Os partidos começaram por encarar a criação das juventudes partidárias como escolas de quadros, mas a realidade alterou-se ao longo dos anos e estas estruturas transformaram-se em agências de trabalho temporário. Os inúmeros alpinistas políticos desvirtuaram a essência dos founding fathers que lançaram as jotas logo após o 25 de Abril. A tentativa de a JSD preservar a sua total autonomia impedindo que os seus dirigentes passassem directamente para os governos teve apenas uma quebra: Maria do Céu Ramos cedeu às tentações do cavaquismo e trocou o cargo de vice-presidente da JSD pela Secretaria de Estado da Juventude em 1991.Os militantes das jotas começam invariavelmente o seu tirocínio com os recrutamentos maciços nas escolas secundárias e envolvem-se depois na conquista das associações de estudantes controladas pelos partidos. Os que superam a primeira prova de selecção são chamados aos vários órgãos da estrutura de juventude e iniciam-se depois nas campanhas. Andam durante semanas pelo país inteiro de autocarro, penduram cartazes, gritam a plenos pulmões pelo partido nas caravanas e exercem funções de tropa de choque nos comícios. Dormem pouco, comem mal e nunca se queixam das mudanças de humor dos mais velhos.Santana Lopes, por exemplo, «requisitou» noventa jotinhas com o ano lectivo já iniciado para andarem três semanas dentro de dois autocarros a apoiá-lo na campanha contra José Sócrates. Quando a jornada já se aproximava do fim e estavam em Lisboa com dormida prevista na Figueira da Foz, os jovens foram subitamente convocados para fazer campanha em Beja e só depois regressaram ao penoso roteiro nos dois autocarros. Os veículos foram a sua casa durante três semanas sofridas.Ninguém desistiu, lamentou a partilha dos odores corporais ou sequer as faltas às aulas. Os jotinhas estão onde são precisos e quando são precisos. As distritais de Aveiro e Viana do Castelo da JSD deram o exemplo quando aceitaram encher vários autocarros com centenas de «soldados» para coreografar uma arruada na candidatura autárquica de Fernando Negrão... em Lisboa. O desnorte geográfico era tanto que o secretário-geral da JSD acabou nos acessos da Ponte 25 de Abril quando a multidão esperava pelo material de propaganda nos pastéis de Belém. «Lá tivemos de dar a volta na Margem Sul e regressar a Lisboa», recorda João Montenegro. O pior foi mesmo quando a speaker do comício dessa noite se enganou no candidato do PSD e no nome da própria cidade onde estava em campanha...Só depois de cumprirem este rito de passagem pelas escolas e pelas campanhas é que os jotinhas estão em condições de ser candidatos a qualquer coisa. Se tudo correr bem, poderão ser candidatos a deputados na quota das jotas. Porém, apenas uma pequena parte desta legião de milhares de egos e de ambições consegue emergir e, no limite, chegar ao governo. Os outros, milhares de outros, ficam para trás nos cargos intermédios sem cumprir o treino das «dez mil horas».Os contemporâneosNo passado dia 5 de Junho, Pedro Passos Coelho tornou-se primeiro-ministro. Entrou para a JSD na adolescência e assumiu o cargo de líder com 26 anos. Começou em Março de 1990 e só abandonou a liderança em Dezembro de 1995. Foi o período mais longo deste nos 36 anos de existência da JSD e o que gerou os embates mais fortes contra o PSD por divergências políticas de fundo quanto à política de educação. Passos Coelho enfrentou Ferreira Leite por causa das propinas e ameaçou chumbar um Orçamento do Estado nos instantes prévios à votação para forçar uma cedência de Cavaco Silva em pleno plenário. Conseguiu. Herdou a combatividade que Pedro Pinto anteriormente imprimira à JSD na defesa da legalização da interrupção voluntária da gravidez - contra o próprio PSD.O PS está agora em processo eleitoral interno para encontrar um sucessor para José Sócrates que lidere a oposição a Passos Coelho e a maior parte do aparelho do partido já assumiu o apoio a António José Seguro. O antigo líder da JS teve o seu primeiro cargo com 22 anos quando integrou a Comissão Nacional liderada por José Apolinário e exerceu funções de liderança durante quatro anos. Chegou ao poder em Abril de 1990, um mês após Passos Coelho tomar as rédeas da JSD, e adoptou como agenda política a defesa da maioridade aos 16 anos para fomentar a participação política dos jovens, promoveu iniciativas em defesa de Timor e combateu o alargamento do serviço militar obrigatório.Já Francisco Assis integrou a representação da JS na Comissão Nacional do PS em 1987, com 22 anos, e correu sempre por fora devido às suas tarefas autárquicas. Coelho e Seguro começaram os mandatos pouco antes da reeleição de Mário Soares como presidente da República e assistiram depois ao abandono de Cavaco Silva da liderança do PSD ao fim de uma década de poder. O líder da JSD confirmou o óbito político de quatro ministros da Educação com quem divergiu sistematicamente por causa das chamadas «crises estudantis» provocadas pela insensibilidade do cavaquismo nas políticas de juventude, apoiou Durão Barroso contra Fernando Nogueira para imprimir uma nova vida ao PSD, mas acabou por abandonar a JSD após a derrota nas legislativas.A sua demissão coincidiu com a vitória de António Guterres, apoiado por António José Seguro. Tinha tomado o poder dez anos após a adesão à JS, na sequência da primeira vitória da AD. Começou por ganhar a distrital de Castelo Branco, chegou à direcção com José Apolinário num congresso que esteve para ser organizado com patrocínios comerciais por falta de dinheiro e acabou por lhe suceder na liderança, com o apoio claro de Guterres.«Se há uma coisa que eu sempre desejei foi ser secretário-geral da JS», afirma Seguro, «em relação aos outros cargos que tive na vida nunca houve esse objectivo».A amizade com Guterres levou-o primeiro para secretário de Estado da Juventude, depois para secretário de Estado do próprio primeiro-ministro e, por fim, seu ministro adjunto. Revelou-se uma figura central na ascensão do guterrismo, acompanhou por dentro todas as movimentações que marcaram a queda em 2001 e esteve ao lado de Guterres até ao último sopro.«Aconselhei-o a escolher a espada», recorda a propósito da primeira ameaça de demissão de Guterres. «Fez um notável esforço para governar durante cinco anos com maioria relativa e depois nenhum dos partidos da oposição quis contribuir para um acordo que viabilizasse o Orçamento, um documento fundamental para a governação. Deveriam ser as oposições a pagar esse preço e não ele.» A relação mantém-se ainda hoje.Passos Coelho e António José Seguro foram líderes contemporâneos das jotas e tratam-se há muitos anos por tu, mas há uma garantia que o candidato socialista deixa: «Entre nós há um oceano enorme de diferenças ideológicas.»Histórias secretasO novo primeiro-ministro esteve exactamente 2014 dias a movimentar as tropas da JSD em muitas manobras políticas e algumas «boas patuscadas». É uma faceta «muito importante», adverte o novo primeiro-ministro, na medida em que as jotas «não deixam de ser constituídas por joviais rapazes e raparigas».A sua longa militância ficou marcada por alguns episódios de que ainda guarda memória. Caso de uma reunião da Comissão Política Distrital de Vila Real que se atrasou por o seu presidente ter identificado «falta de cloro» (quorum). Demorou a perceber-se que o problema era menos estatutário e mais de literacia, tendo em conta que aquele dirigente da JSD «era um entendido na sempre inexpugnável, quase metafísica, área dos estatutos», ironiza Passos Coelho.As «patuscadas» tiveram também os seus custos políticos. O jovem Passos Coelho acabara de ser eleito delegado por Vila Real para um congresso da JSD e tinha como missão garantir o apoio da distrital à moção de Pedro Pinto contra Rui Gomes da Silva. Era a sua primeira experiência como delegado da JSD. Quando se dirigia para a terra que o recebera após regressar de Angola, parou pelo caminho e acabou por não chegar a horas ao decisivo conselho distrital em Vila Real. «O Pedro adormeceu e não saiu da Régua», recorda Fernando Gomes Pereira, por alcunha «o Javali». O que deixou caminho livre para a vitória da moção do candidato que apoiava Rui Gomes da Silva, antigo ministro de Pedro Santana Lopes. Pedro Pinto acabou por ganhar o conclave e Passos Coelho sucedeu-lhe mais tarde. Chamou para secretário-geral o mesmo Fernando Pereira que depois imortalizou alguns congressos da JSD com os presuntos, queijos e vinhos levados pela delegação de Vila Real.Os mandatos de Passos Coelho ficaram politicamente marcados por atritos com Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite que ainda hoje se mantêm presentes e por dificuldades financeiras que tentou contrariar apelando à boa vontade de alguns mecenas. A iniciativa resultou ao ponto de um doador anónimo ter entregue uma caixa de sapatos com dois mil contos em notas (dez mil euros na moeda actual). O dinheiro acabou por se perder quando Passos Coelho entregou ao portador o número da conta bancária onde a verba deveria ser depositada pelo doador anónimo. Do dinheiro, a JSD só viu mesmo as cores das velhas notas de dez mil escudos.A JS também teve os seus problemas financeiros. O congresso que entronizou António José Seguro na liderança esteve para ser pago através de patrocínios comerciais devido à falta de dinheiro nos cofres dos jotinhas. O problema resolveu-se com a boa vontade do PS. As jotas partilham também problemas crónicos com os atrasos nas reuniões. No caso da JSD, chegaram mesmo a justificar que Maria dos Prazeres Pizarro Beleza, ex-juíza do Tribunal Constitucional, apresentasse em congresso uma «moção de censura aos delegados que de manhã chegaram bastante depois da hora».As «patuscadas» provocam por regra atrasos e muitas vezes proporcionam momentos de humor eterno. Paulo Colaço, antigo secretário-geral, recolheu vários episódios da JSD e um desses momentos conta com a sua própria participação. Um jantar a meio de um congresso deixou-o de tal forma ébrio que tiveram de levá-lo ao quarto em braços. Quando lhe perguntaram com quem estava, respondeu «com o Jorge Nuno, claro!», pensando tratar-se de uma pergunta política e não sobre a partilha dos quartos duplos. A surpresa ficou guardada quando o então líder da JSD, Jorge Nuno Sá, entrou no quarto e viu o secretário-geral deitado na sua cama. «Pese embora a nossa forte amizade, não foi com agrado que o encontrei a dormir na minha cama», recorda.Um governo de laranjinhasPassos Coelho tornou-se no primeiro chefe de governo a completar todo o percurso numa juventude partidária e levou consigo para o poder antigos companheiros da JSD.Miguel Relvas, ministro dos Assuntos Parlamentares, filiou-se na JSD após a morte de Sá Carneiro. Tinha 19 anos e confessa ter feito o «percurso natural» que lhe permitiu ser eleito deputado em 1985. Conheceu Passos Coelho durante o mandato de Carlos Coelho à frente da jota. O actual eurodeputado chamou-o para secretário-geral e o actual primeiro-ministro já se destacava como vice-presidente. Ficaram amigos e as noitadas fundaram uma amizade que depois utilizaram na tomada do poder pós-Manuela Ferreira Leite.Miguel Macedo chega a ministro da Administração Interna aos 52 anos, mas teve a sua primeira experiência governamental quando tinha 28 e entrou para o primeiro executivo de Cavaco Silva. Couto dos Santos assumiu a pasta de ministro adjunto do primeiro-ministro para gerir várias pastas e chamou o jovem deputado da JSD para exercer funções de secretário de Estado da Juventude. O percurso de Macedo na Assembleia da República ligou-se progressivamente a Marques Mendes e a passagem pelo governo de Durão Barroso permitiu a sua ascensão como secretário de Estado da Justiça. O caminho para ministro ficou facilitado quando Passos Coelho tomou o poder no PSD. José Pedro Aguiar Branco começou por se candidatar contra Passos Coelho pelo cargo de Ferreira Leite, mas a modesta votação e o relacionamento antigo dos tempos da JSD justificaram a sua progressiva adesão ao «passismo». Primeiro, como coordenador da actualização do programa do PSD. Agora, como ministro da Defesa.De facto, pode chegar-se ao poder nos partidos e no governo sem usufruir das credenciais de jotinha, mas os que treinaram nas juventudes partidárias pelo menos dez mil horas chegaram mais longe.Paulo Portas na JSDO actual ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros investiu grande parte da sua carreira de jornalista como serial killer do cavaquismo. As manchetes do extinto semanário O Independente revelavam com frequência escândalos político-financeiros que deitaram abaixo as principais figuras dos governos de Cavaco Silva. Mas a verdade é que o líder do CDS iniciou a sua carreira política na JSD. Foi, aliás, o entusiasmo com os jotinhas que justificou a passagem a militante do PSD, tendo o seu cartão de militante sido assinado pelo confesso ídolo político, Francisco Sá Carneiro. A morte do «pai político» de Portas justificou um progressivo arrefecimento da actividade política que só recuperou anos mais tarde quando conheceu Manuel Monteiro. Desfiliou-se do PSD em 1982 e juntou-se ao ex-líder da Juventude Centrista para tomar o poder no CDS e depois transformá-lo em PP (Partido Popular). Tinham ambos 30 anos. Obtiveram um excelente resultado em 1995 e entraram logo depois em ruptura. Até hoje.Jotinhas no poderPedro Passos Coelho (primeiro-ministro), José Sócrates (primeiro-ministro), Santana Lopes (primeiro-ministro), Carlos César (presidente do Governo Regional dos Açores), Miguel Macedo (ministro), Miguel Relvas (ministro), Paulo Portas (ministro), Guilherme d"Oliveira Martins (ministro), Nuno Morais Sarmento (ministro), José Augusto Seabra (ministro), Henrique Chaves (ministro), Rui Gomes da Silva (ministro), José Pedro Aguiar Branco (ministro), Pedro Mota Soares (ministro), António José Seguro (ministro), Armando Vara (ministro), António Costa (ministro), Paulo Pedroso (ministro)... A lista de deputados, eurodeputados, autarcas e titulares de cargos intermédios do Estado que passaram pelas organizações de juventude dos partidos é interminável.As origens das jotasA JS organizou o seu primeiro congresso em Fevereiro de 1975 e elegeu como líder Arons de Carvalho. Os primeiros tempos dispensaram a definição de uma agenda ideológica. Os jovens socialistas portugueses consideravam os sociais-democratas Willy Brandt (chanceler alemão) e Olof Palme (primeiro-ministro sueco) demasiado moderados para o contexto revolucionário português e a «extrema-esquerda marxista-leninista» como principal adversário.A militância dos jovens não comunistas antes do 25 de Abril estava condicionada ao seu envolvimento nas estruturas do Estado Novo, caso da Mocidade Portuguesa, onde António Guterres se distinguiu com fortes elogios da Igreja Católica. No outro lado da barricada, o MUD Juvenil conheceu uma existência efémera, mas importante, e teve entre os seus dinamizadores Mário Soares.A JSD surgiu como organização da juventude do então Partido Popular Democrático (PPD) em Novembro de 1974 para defender a «abolição da sociedade capitalista» e a construção de uma «sociedade socialista» através da «socialização dos meios de produção» e do «controlo democrático das alavancas do poder». O órgão de propaganda oficial chamava-se Pelo Socialismo (contra o Jovem Socialista da JS). Marcelo Rebelo de Sousa escreveu o primeiro comunicado e entre os seus fundadores estavam Guilherme d"Oliveira Martins, actual presidente do Tribunal de Contas e ex-ministro de António Guterres, José Augusto Seabra, ministro da Educação do Bloco Central, Henrique Chaves e Rui Gomes da Silva, ex-ministros de Santana Lopes.No primeiro congresso da organização, os jotas-laranja colocaram um polémico busto de Karl Marx na sala onde decorriam os trabalhos, mas o verdadeiro problema acabou por ser provocado pela figura do ensaísta António Sérgio, teórico do cooperativismo. «A invocação foi considerada incendiária», recorda Oliveira Martins, «tanto mais que houve quem confundisse António Sérgio com Lenine». No final, tudo acabou bem e os delegados foram para casa depois de cantar em uníssono A Internacional.Na primeira geração de jovens socialistas destacaram-se, além de Alberto Arons de Carvalho, Carlos César, Armando Vara e António Costa. Acabaram todos por chegar ao governo durante o guterrismo e em posições de destaque que depois lhes permitiram transitar para os mandatos de José Sócrates em funções de grande relevo político.Sabia que- A JSD manteve durante uma parte substancial da sua história a regra de os seus dirigentes não integrarem o governo. Maria do Céu Ramos foi a primeira a quebrar o princípio quando Cavaco Silva a promoveu a secretária de Estado. Abandonou então o cargo de vice-presidente de Passos Coelho.- Rui Pedro Soares e Paulo Penedos, figuras centrais no escândalo da tentativa de compra da TVI pela PT, chegaram à Comissão Nacional da JS durante a transição da liderança de António José Seguro para Sérgio Sousa Pinto. - As arruadas da candidatura de Fernando Negrão à Câmara de Lisboa tiveram membros da JSD transportados directamente de Aveiro e Viana do Castelo. - Pedro Passos Coelho perdeu uma importante votação em Vila Real por ter adormecido na Régua. - Jorge Nuno Sá «apanhou» um dirigente da JSD a dormir na sua cama depois de um jantar regado com álcool.- O congresso que elegeu António José Seguro esteve para ser pago com patrocínios comerciais devido à falta de dinheiro da JS.- Paulo Portas aderiu à JSD em 1975 e em finais de 1978 tornou-se filiado no PSD com cartão assinado pelo próprio Francisco Sá Carneiro.- Passos Coelho integrou a Juventude Comunista e chegou a participar num congresso da União dos Estudantes Comunistas (UEC) quando tinha 13 anos. Entrou para a JSD em 1978 através de um campeonato de cartas.- Sócrates militou na JSD aos 17 anos e participou na campanha eleitoral de 1975. Chegou ao PS em 1981.- A assessora de imprensa de Cavaco Silva começou a carreira na JSD. Ana Zita Gomes foi secretária-geral de Jorge Nuno Sá e depois deputada por indicação de Santana Lopes.