Erupção de vulcão faz cinco mortos. "Não acreditamos que haja sobreviventes na ilha"
Pelo menos cinco pessoas morreram na sequência da erupção do vulcão White Island, na Nova Zelândia, onde se encontravam meia centena de turistas, e as autoridades receiam que o número de mortes possa aumentar. Segundo as autoridades, há ainda oito desaparecidos.
"De acordo com as informações que temos, o número, provavelmente, aumentará", disse o vice-comissário de Operações Nacionais de Polícia, John Tims, numa conferência de imprensa acompanhada pela primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern.
Entre as vítimas mortais está um guia turístico da White Island Tours com muita experiência. "Um jovem energético que perdeu a vida. Conhecia-o", referiu Tony Bonne, antigo presidente de câmara de Wakatane.
"É uma tragédia terrível", afirmou Paul Quinn, presidente da White Island Tours, que está a ajudar as autoridades nas operações de resgate.
Depois de o helicóptero da polícia ter sobrevoado a área, após a erupção, as autoridades afirmaram que não foi observado nenhum sinal de vida na ilha. Acreditam que qualquer pessoa que pudesse ter sido retirada com vida foi resgatada após a erupção. "Com base nas informações que temos, não acreditamos que haja sobreviventes na ilha", refere o comunicado da polícia, citado pelo jornal Herald.
Numa primeira análise ao acontecimento, as autoridades tinham apontado que cerca de 100 turistas se encontravam junto do vulcão, ou nas imediações, no momento da erupção do vulcão, a nordeste da cidade de Tauranga na Ilha do Norte, uma das duas principais ilhas da Nova Zelândia.
Agora, no novo balanço, o vice-comissário de Operações Nacionais de Polícia reduziu esse número para menos de 50 o número de turistas da Nova Zelândia e estrangeiros que estavam na área no momento do evento, e revelou que ainda existem "pessoas não localizadas".
As autoridades indicam também que 31 pessoas foram resgatadas, algumas das quais turistas que chegaram à ilha através do cruzeiro Ovation of the Seas.
"Podemos confirmar que vários dos nossos convidados estavam a viajar pela ilha", afirmou ao jornal Herald um porta-voz da Royal Caribbean, empresa proprietária do navio cruzeiro. O Ovation of the Seas, que devia partir para Wellington, vai permanecer no porto até que haja mais informações sobre os turistas que foram apanhados pela erupção. "Disponibilizamos toda a possível assistência aos nossos convidados e às autoridades locais", referiu a empresa.
"É uma situação que está a evoluir e, é claro, todos os nossos pensamentos estão com as pessoas envolvidas", disse Jacinda Ardern.
Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas, algumas das quais com gravidade, informaram os serviços de emergência, citados por órgãos de comunicação social neozelandeses.
"Neste momento, é muito perigoso para a polícia e para os membros das equipas de resgate irem para a ilha, que permanece coberta de cinzas e material vulcânico... sabemos da urgência de regressar lá", disse Tims sobre a operação de retirada das pessoas, que ainda está em andamento ena qual 23 pessoas já foram retiradas.
"A nossa prioridade absoluta é continuar a busca e resgate", primeira-ministra da Nova Zelândia, indicando que muitos dos retirados sofrem de queimaduras.
Num vídeo feito pelo brasileiro Allessandro Kauffmann é possível perceber o pânico entre os turistas que estavam num barco junto à ilha no momento da erupção. Tinham estado há pouco tempo junto à cratera. "Vão para dentro", ouve-se, repetidamente no vídeo.
"Algumas pessoas têm queimaduras graves no corpo", explica o turista brasileiro numa publicação no Instagram. Kauffmann explica que havia duas excursões, tendo feito parte de uma delas. Conta que depois de saírem da ilha não demorou cinco minutos até o vulcão entrar em erupção. O outro grupo chegou depois e não conseguiu sair a tempo da ilha, referiu o turista já num hotel. "É inexplicável", afirmou.
Michael Schade, um engenheiro de São Francisco, nos EUA, fazia parte de um grupo de turistas que saiu da ilha pouco antes da erupção. No Twitter, partilhou um vídeo que mostrava a nuvem de fumo e de cinzas que cobria a zona enquanto se afastada da ilha de barco. "É difícil de acreditar. Todo o nosso grupo estava junto à cratera nem há 30 minutos", referiu o turista.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, reagiu à erupção do vulcão, através do Twitter, afirmando que está a acompanhar a situação. "Australianos foram apanhados neste evento terrível e estamos a trabalhar para determinar o estado de saúde deles", escreveu na rede social. De acordo com os media na Austrália, estavam na ilha 24 turistas australianos
A agência neozelandesa GeoNet, que monitoriza a atividade vulcânica e sismológica no país, indicou ter ocorrido uma erupção vulcânica moderada que ocorreu às 14:11 (01:11 em Lisboa) e alertou para possíveis novas erupções ou sismos.
Os turistas efetuavam uma viagem pela ilha desabitada de Whakaari, onde se situa o vulcão White Island, quando a explosão abrupta ocorreu, lançando rochas e uma grande nuvem de cinzas.
As equipas de emergência, apoiadas por sete helicópteros, estão no terreno a retirar as pessoas afetadas, algumas das quais estavam perto da cratera minutos antes da erupção, de acordo com imagens de uma câmara de rastreamento instalada na zona.
As autoridades estabeleceram um perímetro de segurança ao redor da ilha e cancelaram imediatamente todas as excursões, incluindo as de barcos turísticos ao redor da ilha que é visitada anualmente por cerca de 10 mil pessoas.
"O vulcão White Island era um desastre à espera de acontecer há muitos anos", afirmou o professor emérito Ray Cas da universidade de Monash, na Austrália. "Após visitá-lo duas vezes, sempre achei que era muito perigoso permitir aos grupos diários de turismo que visitassem o vulcão desabitado da ilha de barco e helicóptero", considerou o especialista, citado pela Reuters.
O especialista referiu que este vulcão apresenta "um sistema geotérmico muito ativo, com muitos respiradouros de gás e vários lagos cheios de água quente no fundo de uma grande cratera em forma de anfiteatro".
Derek Wyman, geocientista da Universidade de Sidney, partillha da mesma opinião e diz-se surpreso pelo facto de se autorizar a presença de turista junto à cratera, tendo em conta o historial do vulcão. "Certamente não recomendaria que os turistas se aproximassem de um local que recentemente expeliu material até 30 metros para o ar", afirmou à SBS News.
Atualizado às 13:00.