Uma técnica inovadora para realizar cesariana em grávida com patologia cardíaca e risco de hemorragia grave foi aplicada recentemente por uma equipa multidisciplinar do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)..Em comunicado, o CHUC referiu que "esta técnica de radiologia de intervenção foi realizada pela primeira vez numa grávida com o feto 'in útero', recorrendo à aplicação inédita de balões hemostáticos nas artérias uterinas"..A técnica foi aplicada numa grávida de 38 anos que, desde os 14, era portadora de uma prótese valvular mecânica devido a uma patologia cardíaca congénita.."Esta alteração cardíaca, assim como outras comorbilidades associadas (trombofilia), conferiam-lhe, na gravidez, um elevadíssimo risco tromboembólico, com necessidade de uma monitorização apertada em termos de hipocoagulação, de forma a evitar a formação de trombos na corrente sanguínea que poderia ser fatal", explicou..Segundo o CHUC, às 22 semanas de gestação houve "a formação de um trombo valvular que levou a internamento nos cuidados intensivos da cirurgia cardiotorácica" e, na sequência desta complicação, a grávida sofreu um AVC, "do qual conseguiu recuperar quase na totalidade, tendo-se mantido vigilância apertada"..A gravidez, "de muito alto risco", levou à preparação de uma cesariana programada às 35 semanas, que envolveu uma equipa multidisciplinar com várias especialidades, nomeadamente Ginecologia e Obstetrícia, Anestesia, Radiologia de Intervenção, Imunohemoterapia, Cardiologia e Pediatria..O CHUC referiu que "o maior desafio foi manter a hipocoagulação adequada, sem que ocorresse uma hemorragia abundante quer durante quer após a realização da cesariana", tendo, para isso, sido colocados "dois balões hemostáticos nas artérias ilíacas internas, por via percutânea".."Desta forma, foi possível fazer um controlo local do fluxo sanguíneo que irriga o útero, bloqueando-o temporariamente, sem comprometer o bem-estar da criança e mantendo a hipocoagulação necessária no resto do organismo", explicou, acrescentando que o procedimento decorreu "com perdas mínimas de sangue" e que a mãe e a bebé se encontram bem..De acordo com o CHUC, "a técnica dos balões hemostáticos utilizada pela radiologia de intervenção foi descrita para os casos de acretismo placentar (retenção placentar) em que se realiza histerectomia logo após a cesariana"..A técnica "nunca tinha sido utilizada em grávidas antes de retirar o bebé", sublinhou.