Equipa de elite Lampre suspeita de doping colectivo

A Lampre, equipa da divisão de elite do ciclismo mundial, é suspeita de ter posto em prática um esquema de doping colectivo, segundo a justiça italiana, que concluiu na semana passada uma investigação que teve como algo a dopagem no desporto profissional.
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Catorze membros da equipa nas épocas de 2008 e 2009, incluindo os ciclistas Alessandro Ballan, campeão do mundo em 2008, e Damiano Cunego, vencedor da Volta à Itália de 2004, figuram entre as 31 pessoas visadas pela investigação dirigida em Mantova pelo juiz Antonino Condorelli. Segundo a Gazzetta dello Sport, os investigadores consideram que encontraram provas de dopagem organizada. Os ciclistas suspeitos eram fornecidos de todo o tipo de substâncias dopantes "pesadas" (hormonas de crescimento, eritropoietina, anabolizantes) por um farmacêutico, Guido Nigrelli, instalado nos arredores de Mantova.

O grupo poderá mesmo mudar de dirigentes a curto prazo, antes mesmo de disputar o Giro 2011, que se realiza de 7 a 29 de Maio. O director-geral, Beppe Saronni, admitiu a possibilidade de deixar as suas funções, pois, tal como os directores desportivos, Fabrizio Bontempi e Maurizio Piovani, o antigo campeão do mundo (1982) e actual dirigente está implicado no inquérito. Saronni poderá deixar a responsabilidade de comando da equipa para Roberto Damiani, o treinador italiano que esteve nos últimos anos na equipa belga Omega Pharma, e reconstruir a equipa com base em jovens corredores.

Esta nova política poderá ser adoptada antes do Giro, apesar de os líderes da equipa esperados para esta prova serem o trepador Michele Scarponi, visado por um outro inquérito comandado por magistrados de Pádua, e o 'sprinter' Alessandro Petacchi, se o procurador antidopagem do Comité Olímpico Internacional lhe permitir essa oportunidade.

Os 14 ciclistas da Lampre visados pelo inquérito (Ballan, Bandiera, Bindi, Bruseghin, Caucchioli, Cunego, Da Dalto, Gavazzi, Lorenzetto, Manuele e Massimiliano Mori, Ponzi, Santambrogio, Tomei), assim como o italiano Daniele Pietropolli e o dinamarquês Michael Rasmussen (expulso da Volta à França de 2007 por suposta fuga a controlos) têm cerca de dois meses pela frente antes de começarem a ser notificados para se apresentarem perante a justiça.

Alessandro Ballan, campeão do mundo em 2008 que se juntou à equipa norte-americana BMC, e Maurizio Bruseghin, terceiro do Giro 2008 que está na formação espanhola Movistar, são dois dos suspeitos mais conhecidos, tal como Cunego, vencedor do Giro 2004 e de inúmeras clássicas. Nos autos, diz a Gazzetta dello Sport, Ballan é acusado de se ter submetido a transfusões sanguíneas entre Abril e Maio de 2009.

UCI "muito atenta" ao caso Lampre

O presidente da União Ciclista Internacional (UCI), Pat McQuaid, disse que o organismo que dirige segue "muito atentamente" a investigação à Lampre e manifestou o seu apoio ao presidente da Federação Italiana de Ciclismo, Renato Di Rocco, que afirmou ser a favor de um endurecimento das penalizações contra o doping e de suspensões vitalícias para considerados culpados em processos.

"Pessoalmente, já tinha afirmado que sou a favor de passar de dois para quatro anos de suspensão [de pena habitual] para casos graves, mesmo que se tenha de ter em conta o que estipula o código mundial e as diferentes leis nacionais. (...) Em Itália já fizeram muito mas ainda há muito a fazer", vincou McQuaid, sublinhando o papel das autoridades policiais no desmantelamento de redes de doping.

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