Equador alberga oito acampamentos das FARC

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Guerrilha trafica drogas e armas com o apoio das autoridades, diz 'El País'

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) têm pelo menos oito acampamentos permanentes no norte do Equador, a partir dos quais traficam armas e droga com o apoio das autoridades locais, revelou ontem o El País, citando fontes dos serviços secretos colombianos e o testemunho de ex-combatentes. A morte de um líder das FARC em território equatoriano desencadeou uma crise regional que parece agora superada.

Segundo o jornal espanhol, haverá oito bases permanentes da guerrilha com "oficinas, paióis e pistas de treinos" na região do rio San Miguel e "três mais pequenos" no rio Putumayo. O secretário-geral da Organização de Estados Americanos, Miguel Insulza, que visitou o acampamento onde vivia Raúl Reyes, morto num ataque militar colombiano, garantiu que este já estava construído há vários meses. "Não era um acampamento recentemente instalado."

"Fazemos os nossos acampamentos em quintas e abastecemo-nos na comunidade. Altos dirigentes militares apoiam-nos com a logística, com armamento, tendas e uniformes", disse ao El País Miguel, um ex-guerrilheiro que esteve dez anos na Frente 48 das FARC e agora está num programa de reinserção em Bogotá. O traficante de armas equatoriano Patricio González fornece armamento à guerrilha e graças às "mensalidades" que recebem, as autoridades locais não interferem.

Por outro lado, os dados dos computadores de Raúl Reyes indicam que as FARC terão mesmo financiado a campanha presidencial de Rafael Correa. Esses computadores vão ser analisados pela Interpol, que assegurou a neutralidade dos peritos enviados a Bogotá. Depois da análise será possível ver se os cerca de 15 mil documentos foram modificados, acrescentados ou apagados. Foram as acusações da Colômbia contra Equador e Venezuela que desencadearam uma crise regional, com Quito e Caracas a enviarem para a fronteira reforços militares.

Mas os ânimos acabaram por esfriar, no mesmo dia em que as FARC receberam outro duro golpe: a morte do quarto homem da hierarquia, Iván Ríos, às mãos do seu próprio segurança. Agora, Bogotá está num dilema: pagar ou não a Rojas a recompensa de cinco milhões de pesos pela morte do seu chefe. Segundo a rádio Caracol, o Governo terá resolvido pagar para não pôr em causa o programa de denúncias, mas, apesar disso, vai mesmo processar Rojas por crimes ligados ao terrorismo. Não será condenado pela morte de Ríos.

Extradição

O tribunal de Moscovo autorizou ontem a extradição de um ex-coronel israelita condenado à revelia a dez anos de prisão na Colômbia e preso em 2007 num aeroporto russo. Yair Klein treinou narcotraficantes e paramilitares nos anos 1980. Numa entrevista que deu em 2000 ao jornal israelita Maariv, o ex-coronel revelou que tinha viajado a convite dos americanos. "Tudo o que os EUA não podem fazer, porque lhes é proibido (...) fazem-no (...) por meio de outros. Actuei com autorização na Colômbia", referiu. Com agências

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