Amigos do Bragança já sabiam que Pizzi ia chegar ao topo

Médio do Benfica fez a formação no Grupo Desportivo de Bragança. Presidente do clube e antigo colega lembram o rapaz franzino que já naquela altura fazia grandes habilidades
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Pizzi é atualmente o menino querido de Bragança, cidade transmontana de onde é natural. Foi ali que nasceu, em 1989, e deu os primeiros pontapés na bola no clube da terra, o Grupo Desportivo de Bragança. O talento natural para o futebol desde cedo se tornou claro naquele emblema, daí que se tenha estreado na equipa principal com apenas 16 anos. Hoje, com 27 e a viver a melhor fase da sua vida desportiva, a cidade que o viu nascer já o vê noutro patamar, embora reconheçam também que, dada a sua humildade, possa ficar mais alguns anos na Luz, apesar da muita cobiça de que tem sido alvo.

"O ser humano quer sempre mais e melhor, mas eu sei que está satisfeito em Lisboa. É muito conservador, não é um rapaz que goste de estar sempre a mudar. Ele não está preocupado, pois sente-se bem a nível pessoal e profissional, mas tenho a certeza de que desejará ir para um dos principais clube europeus, apesar de já representar um grande emblema", confessou Ximena ao DN, o guarda-redes do Bragança que ainda fez parte do primeiro plantel de Pizzi nos seniores do clube transmontano.

Manuel Martins, presidente do Grupo Desportivo de Bragança, também não duvida de que Pizzi tem futebol para outros patamares, reconhecendo que ele merece outro desafio depois de tudo o que fez na Luz nesta temporada. "Em Madrid [Atlético] não lhe deram o valor devido, mas agora estarão a pensar que erraram. A verdade é que ele está no melhor clube português, fala-se no AC Milan e no Mónaco, mas ele é que tem de decidir. Se merece? Claro que merece. Não é que o Benfica não seja um clube de topo, longe disso, mas ele merece", disse o dirigente, que desde cedo lhe reconheceu muito valor.

"Jogava onde o colocavam. Assumia todas as posições. E isso notou-se também agora no Benfica. Começou nas alas e agora está no meio. Faz que a equipa seja alimentada pelo seu potencial. Mais do que nunca, o Benfica neste ano foi empurrado pelo Pizzi. Não tenho dúvidas de que ele foi o motor do tetracampeonato do Benfica. Quando não estava bem via-se o menor rendimento da equipa", argumentou.

O guarda-redes Ximena também acompanhou o trajeto de Pizzi nas camadas jovens do Bragança e já lhe antevia um grande futuro. "Já se via qualidade a mais para o Bragança, apesar de ele ser franzino. Notava-se que era um miúdo com enorme potencial e margem de progressão. Fazia coisas que não era fácil para qualquer um, muito menos para um jovem. Havia qualquer coisa que nos dizia que um dia mais tarde poderia representar um clube grande e possivelmente a seleção. E não nos enganámos", referiu Ximena, revelando a razão de Luís Fernandes ser conhecido por... Pizzi.

"Eu senti na pele algumas coisas que não eram fáceis de aceitar para um jogador da idade dele: a frieza que tinha a finalizar. Deram-lhe o nome de Pizzi porque marcava muitos golos nas camadas jovens, como aquele antigo avançado argentino [atual selecionador do Chile] que chegou a jogar no FC Porto. Ele pegava na bola lá atrás, fintava de um lado ao outro do campo e voltava para trás porque sentia que era fácil demais. Fazia muito a diferença", salientou.

Orgulho transmontano

Pizzi é um apaixonado pela cidade de Bragança. Nunca o escondeu de ninguém e nos tempos livres visita Trás-os-Montes, onde é muito acarinhado. "É um grande jogador devido à humildade que teve para chegar onde chegou. Só com essa humildade poderia chegar ao topo do futebol português, não é nada fácil para um transmontano chegar assim tão longe. É um jogador de topo, de que todos nós nos orgulhamos, tanto no Benfica como na seleção nacional", salientou Manuel Martins.

O ex-colega Ximena também admira o reconhecimento que Pizzi dá à sua terra natal. "É com enorme orgulho que vemos um amigo querido da terra a abrilhantar o maior clube de Portugal, o Benfica. Nunca negou as raízes e faz questão de vir para cá no verão. Chegamos a combinar jogos antes das respetivas pré-épocas para não entrarmos no clube fisicamente muito em baixo. Ele é exatamente a mesma pessoa que era quando saiu daqui, muito humilde e amiga, mas agora com mais idade", referiu o amigo, uma das pessoas a quem Pizzi bate continência quando marca um golo: "Ele faz aquilo para a tropa dele, como costuma dizer. Vamos todos juntos para o apoiar e ele faz aquele gesto que para nós é sentido."

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