ENTREVISTA: Associação defende estudo de terras-raras em Portugal
"Temos em Portugal outros recursos muito importantes como as terras-raras. Estas são fundamentais para produzir tecnologia de topo, os ecrãs de alta retina e todos esses equipamentos", disse Miguel Goulão, em entrevista à agência Lusa, avançando que atualmente este recurso natural é dominado pela China.
As terras-raras são um grupo de 17 elementos químicos que podem ser utilizados em ecrãs de televisão e computadores, baterias de telemóveis e carros elétricos e turbinas eólicas.
Para o vice-presidente da ASSIMAGRA, "é altura de Portugal ter esse conhecimento" sobre a extensão deste recurso e estudá-lo, para se "apostar estrategicamente neste setor de atividade", quantificando o que existe.
"É muito diferente dizer que aqui há um potencial de mina de ouro e dizer que aqui existe esta quantidade de ouro e por isso é viável a existência uma mina", sublinhou o representante, adiantando que a associação tem feito propostas aos vários governos no sentido de se aprofundar o conhecimento dos recursos existentes.
"Temos também colocado metas junto dos sucessivos governos muito objetivas. Se esta aposta estratégica puder ser feita, comprometemo-nos a até 2030 aumentar a nossa capacidade de criação de emprego em 60%. Falamos em mais de 10 mil postos de trabalho diretos e mais 135% em indiretos [16 mil postos de trabalho indiretos]", frisou.
Miguel Goulão entende que, apesar de todos os dias se ouvir falar no desígnio da coesão territorial, "muito poucos setores contribuem" para esse objetivo como o setor que representa.
"O desafio que temos no nosso setor é poder ter a capacidade de estar nesses territórios, valorizá-los, dar-lhes valor e que as pessoas se fixem nesses territórios", afirmou.
Na sua opinião, é necessário que o setor tenha a "capacidade para requalificar territórios" quando as empresas de extração do mármore, por exemplo, deixarem de estar numa determinada região, dando viabilidade a essas áreas.
Segundo a ASSIMAGRA, o setor dos mármores representa 0,38% do Produto Interno Bruto (PIB) português e cobre em cerca de 700% as suas importações, registando-se uma tendência de crescimento positiva.