Em dia de concerto no Pavilhão Atlântico pode também ser distinguida com um Grammy....A nomeação já é uma grande vitória. Pela primeira vez há um artista português nomeado. E espero que se abram portas para outros. Sei que tudo é possível, mas acho difícil podermos trazer já o Grammy para casa. Quando comparado com os mercados hispânico e brasileiro, o nosso tem muito pouca influência. Ainda que sejamos latinos..A noite de hoje vai comemorar também esta nomeação....Sem dúvida, uma festa e entre amigos da língua portuguesa. Porque ao saber da nomeação não consegui deixar de pensar no percurso que fiz: como foi possível? Mas, ao mesmo tempo, percebi que tudo faz sentido. Pela forma como temos batalhado Com grande vontade de vencer, de conquista, de mostrar que a cultura portuguesa é extremamente rica, que Portugal é um país com muito para dar. .Esteve em digressão por terras americanas. Depois do Carnegie Hall ou do Disney Hall, o Pavilhão Atlântico ainda assusta?.Actuar em casa é sempre fantástico. E o nervosismo é bem maior. Em casa a responsabilidade é acrescida. E trata-se da primeira vez que actuo sozinha, ainda que com alguns amigos, no Pavilhão Atlântico. Para grande surpresa minha, quando cheguei a Portugal soube que o Pavilhão estava esgotado..Um concerto como este requer alguma preparação especial?.Acima de tudo, é necessária uma preparação mental muito grande. Depois do Royal Albert Hall, do Carnegie Hall ou do palco feito pelo Frank Gehry, no Walt Disney Hall, essa preparação já se faz de forma mais natural. Mas é sempre uma etapa fundamental..Nos palcos internacionais, a cultura portuguesa que procura divulgar é bem recebida?.Muito. Até porque o público sabe muito bem o que quer ouvir, conhecem o fado e sabem o que um concerto exige e oferece. A maioria das pessoas não conhece a cultura portuguesa mas tem uma enorme vontade de descobrir. Termino muitas noites a fazer roteiros para pessoas que não conhecem Portugal. E faço questão de, sempre que possível, ter a tradução das letras, ainda que a música seja uma linguagem internacional. .O regresso a Portugal, depois de uma passagem triunfante pelo estrangeiro, sabe a "missão cumprida"?.Claro, mas o trabalho não termina aqui. Continua e será sempre cada vez mais, porque esse é o motor de tudo o que consegui até aqui. Sempre com a companhia do João Pedro [marido, manager e percussionista de Mariza], que me acompanha e trabalha bastante para concretizar os meus sonhos. Se alguém pensa que tudo fácil quando se canta o fado, que bastam umas canções e uma vela no palco, estão bem enganados. Porque a verdade é dura, a cultura portuguesa implica muita responsabilidade, tem de ser feito de forma muito séria. Não se pode brincar.|