Entrevista a João Perry
O seu nome é João Rui Morais Sarmento Paquete. De onde vem o nome artístico Perry?
É o nome de família da minha bisavó, mãe do meu pai. A minha avó era actriz e o meu pai também era actor, e Perry.
E quis continuar o nome de família.
Não foi decisão nenhuma. Comecei muito cedo, aos 12 anos, e não era ouvido para decisões. O meu pai já tinha morrido. As pessoas tratavam-me por «Perryzinho», e ficou.
Perdeu o seu pai muito novo.
Aos 9 anos.
A adolescência viveu-a só com a sua mãe?
Sim.
A morte do seu pai marcou-o para o resto da vida?
Marcou-me mais a existência dele, a sua maneira de existir. Não tenho queixas nenhumas em relação às pessoas que estiveram muito próximas de mim durante esse período, embora aqueles que são mais íntimos possam pensar que tive uma existência um bocado truculenta. O meu pai morreu com 39 anos, com bastante curiosidade pela vida e êxito junto das mulheres. Estava sempre a separar-se e a juntar-se. Isso deu-me uma possibilidade enorme de conhecer várias «submães», ter vários afectos, mudar frequentemente de colégios e de roupa [risos]. Ia deixando para trás sentimentos, ou seja, tudo aquilo de que eu gostava naquele momento.
Viveu sempre com os seus pais separados?
Não, vivi com eles juntos uns meses, de vez em quando. Tenho fotografias em que eles estão juntos, mas lembro-me pouco dessas histórias. Nunca tive «Natais», essas coisas de que as pessoas gostam muito, mas não lastimo. Dou presentes e tudo.
É uma época a que não dá importância?
Não. Nunca fui um católico acérrimo. Nunca tive essas coisas... festas de aniversário. Tenho a impressão de que na escola invejei os que tinham, mas a partir de certa altura, deixei de me importar.
Considera que teve uma boa infância?
Foi boa. Conheci muita gente. Não conheço essa história de colo. Só conheço por representar. Há uma parte da vida que só conheço por representar, pelo que li.
Não conhece o colo?
Não conheço essa parte afectiva, que as pessoas valorizam muito. Acho simpático, mas... se eu for surdo como é que sei como é o som?
Isso tornou-o uma pessoa fria?
Não. Sou «afectivíssimo», mas não tenho expectativas de retribuição, nem sinto falta. Vejo que deve ser engraçado.
Fale-me da sua infância e adolescência.
Foi em Lisboa, em teatros, em família, que vem do teatro, de grandes teatros. É a parte só do meu pai. A parte da minha mãe era tipicamente portuguesa. Ela fazia a sua vida de casada.
Pisou um palco pela primeira vez aos 12 anos, no Nacional D. Maria II. Foi em 1953, numa altura em que o teatro era muito conservador.
A peça tinha essa necessidade. Era espanhola [Rapaziadas], de Ruiz Iriarte, dirigida por Francisco Rebelo. Até aos 18 anos nunca pensei ser actor.
Porquê? Estava farto dos teatros?
Não. Gostava imenso de ir ao teatro. Estava todos os dias em contacto com as pessoas do teatro. Era deixado nos teatros para ver peças e não chatear em casa. Estava em contacto com colegas do meu pai ou pessoas que apareciam em casa. Quando era pequeno frequentava o Teatro Nacional [D. Maria II] com muita assiduidade, e teatros de revista. Vi imensa revista quando era miúdo, durante seis ou sete anos, numa altura em que os actores tinham costureiras. Essas pessoas tomavam conta de mim. levavam-me a ver partes dos espectáculos. Às vezes ficava a ver na caixa do ponto ou na caixa da luz, espreitava por uma espécie de janelinha ou então ficava nos camarins. Assistia às pessoas a vestirem-se, a pintarem-se e ouvia as conversas. Era muito curioso daquele ambiente todo de fantasia e ilusão.
Porque é que nunca pensou em ser actor?
Do lado da família da minha mãe havia um certo hábito de certos primos fazerem saraus, no anos ou no Natal, e eu achava aquilo uma coisa muito mixuruca.
Aos 18 anos decidiu ser actor. Porquê?
Quando fiz a peça «Romeu e Julieta» tive críticas menos agradáveis por causa da minha dicção. Queria falar muito rápido porque ouvia discos ingleses e aquela velocidade com que eles lançavam o texto. Queria fazer a mesma coisa, mas não tinha sabedoria suficiente, nem técnica. «Espalhei-me» um bocado porque não se percebia bem o que eu dizia.
Como é que isso o levou a ser actor?
Sou muito de combater as coisas negativas. Quando há uma crítica negativa tento provar que sou capaz de estar certo, mas não sabia como fazer.
Trabalhou com Vasco Santana. Como é que ele era?
Tinha 15 ou 16 anos. Era uma pessoa simpatiquíssima. Fiz uma substituição, no Teatro Nacional, numa coisa chamada «Lisboa Antiga». O Henrique Santana saiu do espectáculo. Ele fazia a personagem de neto da Palmira Bastos, que se zangava com um mestre-de-obras. A Palmira era uma senhora que foi obrigada a vender a sua quinta. Eu interpretava um estudante do Colégio militar, que apoiava a avó e estava contra o mestre-de-obras. Ele queria deitar a casa abaixo para fazer uma exploração qualquer, já nessa altura [risos], vem de longe. Foi a única substituição que fiz. O Henrique saiu e passados dois dias eu estava a fazer a personagem dele, com poucos ensaios. Sabia pouco do que iria fazer, da marcação, da relação entre as personagens. Só contracenei uma vez com Vasco Santana, mas já o conhecia de longa data. Nada daquilo era estranho para mim.
Uma segunda família...
Conhecia mais do teatro do que da escola. Ir à escola era mais desinteressante do que ir para o teatro. Ver, estar nos camarins, falar com as pessoas, fazer perguntas ...
Recorda algumas dessas conversas de bastidores?
As histórias de que me lembro são de irreverência. Dizer que não me lembro delas não é um facto. Os colegas são capazes de estimular essas recordações e são sempre coisas anedóticas, desastres, coisas fora do vulgar pelo sentido negativo.
Deixou de ser o menino que estava por ali e passou a ser colega de profissão.
Nessa altura, o teatro era muito ritualizado na sua relação social interpares. Os actores principais sentavam-se num sítio, os outros noutro. Não era suposto as pessoas circularem durante os ensaios, que tinham os palcos com os panos de ferro em baixo, em grande silêncio e observação do trabalho.
Ainda hoje é assim?
Depende com quem se trabalha. É oscilante. Não há regra. É conforme as necessidades e os costumes da casa.
Estudou e conciliou o teatro até que idade?
Nunca conciliei muito bem. Sempre fui um estudante próximo do exame. Só na altura em que estava pronto para «saltar para a piscina» e não tinha outro remédio é que começava a estudar, mas tinha bastante facilidade em assimilar certas matérias. A matemática fui sempre péssimo. Nunca fui ao Conservatório. Tinha 18 anos quando deixei a escola.
A sua formação de actor é toda prática.
Sim. Sou tipo um carpinteiro. Comecei a aprender a fazer bancos e passei às cómodas.
É um homem do teatro. Tem 69 anos. Como é que lida com a nova geração de actores? E a forma como hoje se chega, muitas vezes, a actor?
Lido bem. Normalmente não tenho qualquer estranheza porque sempre estive dentro disto. Era miúdo quando entrei para dentro do templo.
Em televisão chega-se agora muitas vezes a actor através de um casting e sem qualquer formação em representação. Sente-se como um mestre para esta geração?
Não, de todo.
Nos novos actores existe a mesma curiosidade e a vontade de aprender da sua geração?
Nalguns, sim. Outros não estão interessados. A televisão é uma coisa completamente diferente do teatro. É muito rápida e não dá espaço para esse tempo de abordagens. No teatro, cada peça se faz ao longo de um ou dois meses. Tive a vantagem enorme de me distribuírem papéis importantes desde o principio. Poucas coisas fiz de pequenos papéis. No teatro a coisa vai fermentando. A televisão é uma preparação anterior. Levanto-me às três e meia, quatro horas da manhã, estudo e decoro no próprio dia.
Gosta desse tipo de trabalho?
Sim. Gosto de trabalhos divergentes. Não aguento uma rotina. Era incapaz, mesmo que me fosse dada. Nunca tive sequer o sonho de ter uma companhia [de teatro] ou de ter alguém com quem trabalhasse com assiduidade e exclusividade. Trabalho com exclusividade durante um certo tempo e depois preciso de partir, afastar-me.
O que é que está a fazer agora?
Agora estou só com os «Sentimentos» [telenovela, TVI]. Acabei a peça [«Seis Personagens à Procura de Autor»] no Teatro Municipal S. Luiz, em Lisboa. Foi a primeira vez que fiz teatro e televisão ao mesmo tempo. Não sou capaz. Não sou capaz de ter um affair fora da ligação porque faz-me imensa confusão. Não sou capaz de fazer isso com lealdade porque estou sempre a pensar no que mais gosto.
E o que é que mais gosta?
Teatro. No teatro, posso fazer a mesma coisa e melhorá-la todos os dias. A televisão acontece... é perceptível para quem escreve entre o jornalismo e fazer um poema. Fazer um poema, a pessoa vai riscando, mudando a palavra e encontrando novas conjugações. Ao passo que no jornalismo a pessoa sabe que tem de fazer, tem de entregar. É sempre uma pretensão, porque dependemos de uma equipa.
O trabalho em televisão é exigente?
Se deve ser, é uma coisa. Se é... é outra. Eu sou exigente [risos]. O trabalho em televisão não pode ser muito exigente porque não é feito com o tempo necessário. Não sei, porque não vivo no futuro, o que é que ficará no tempo.
O tempo mostra quem tem vocação.
Sim. O tempo é muito estranho na sua leitura do nosso presente. Se fizer uma análise em relação à pintura, vê que as grandes exposições do século passado, os grandes mestres que são mencionados nas exposições desapareceram, ao passo que figuras a quem ninguém ligava nenhuma permanecem aqui e noutros sítios sem explicações. E pomos em causa como é que naquela altura as pessoas ganhavam prémios e os outros mal se notavam. Porque enunciavam uma escrita que ainda não estava completa. O tempo é muito desgastante, apaga uns, valoriza outros mediante modas, conjuntos de escolas e coisas que vão isolando, exaltando movimentos que são enunciados. É capaz de haver uma diferença que o espectador vê quando olha para um actor com mais passado e lhe atribui uma leitura determinada. Há um certo convívio com esse actor e reconhecem nele certas coisas. Os outros não sabem quem são, conhecem-nos pouco e têm pouco discernimento para saber se são só aquilo ou se são capaz de fazer diferente. Às vezes as estrelas cinematográficas tinham uma tipologia de actuação personalizada. Ou seja, não eram intérpretes, eram personalidades que se expunham, fizeram durante anos caras de representação, e depois com o tempo desapareceram.
Tem feito pouco cinema.
Sim. Gostava de fazer cinema porque só se aprende fazendo, a não ser que se seja uma pessoa de uma intuição extraordinária e de uma fotogenia que eu não tenho. Mas há coisas que não tenho querido fazer. Não é aceitar tudo. É ter capacidade de escolha, que vem de uma economia equilibrada.
Como é o seu modo de vida?
Viver [risos]. Viver o quotidiano, conviver com pessoas que trazem conhecimento. Não tenho muitas amizades de pessoas dentro da profissão. Tenho pessoas conhecidas, que admiro.
Quem?
Vários actores, pela sua personalidade. A Eunice [Muñoz], por exemplo. O que gosto mais é de encontrar gente em quem simultaneamente admiro a trajectória na profissão e a trajectória como pessoas. Não somos mais do que aquilo que vivemos - vivermos muito, intensamente, e abertos a vários conhecimentos, às várias formas de verificar a expressão. Sou um vampiro de vários criadores. Não quero dizer que vá fazer com o intuito de copiar, mas com o intuito de ver outras formas, aprender, perceber o que é que é mais importante. Por exemplo, aprendi imenso com as dobragens. Já não faço, acabam-me com os olhos. Percebe-se muito o que um desenho pode transmitir. No fundo, um desenho é um coisa seca de emoção, só tem a emoção que o desenhador pretende tirar de efeito. Mas o tamanho, a posição, a luz, que é o mais importante para mim, é o grande dialogante. Com luz em excesso, tipo prateleira dos bifes no supermercado, torna-se inexpressivo. A luz é uma forma espantosa de ressaltar certos volumes e torna expressivo aquilo que é capaz de não ter um conteúdo tão exacto como aquilo que mostra.
Vive rodeado de livros e de música, é um curioso da fotografia...
Gostava imenso de fotografia. Tinha um sentido do que é que via. Ver o que existe à nossa volta é enquadrar, é isolar.
Desde pequeno...
Desde cedo. A minha primeira máquina foi uma Kodac que o meu pai me deu. Aquelas máquinas do pós-guerra. Tirava poucas fotografias porque era caro e não tinha verbas para isso. Entre gastar dinheiro em fotografias e ler, preferia comprar livros. Eram os livros da minha idade, coisas a que actualmente ninguém liga, «Os Cinco», por exemplo, e imensos cartoons. Os cartoons são uma espécie de cinema estático.
Hoje o que é que lê?
Mais sobre pintura, entrevistas a pintores para perceber os propósitos, as contagens. Gosto de perceber e vejo muitas exposições. Tenho muitos amigos nesse campo, e na escultura também. Gosto imenso também de arquitectura. Gostava de ter sido arquitecto.
Porquê?
Porque sempre sonhei fazer uma casa. Uma casa é uma coisa com lógica interna. Sempre tive a ideia de fazer uma coisa que tivesse uma lógica de trajectos e perdurasse no tempo, que pudesse ser utilizada hoje e quando chegasse o fim da existência. Nunca pensei em casas com escadas, obstáculos não transponíveis, mas coisas que se pudessem viver sem luz, à noite. Um lógica de proximidade e de funcionalidade.
Que autores faz questão de ter em casa?
São livros de diversas épocas, são sedimentações, autores que nos vão interessando e vamos guardando por uma questão de fidelidade ao que nos ensinaram. Nem todos os livros são lidos. Há montes de livros em minha casa que nunca li. São propósitos para mais tarde ou para nunca. Na adolescência lia muito Hemingway, por exemplo, e os autores italianos. Era o pós-guerra.
E guarda esses livros?
Sim, sim. Sou incapaz de deitar fora um livro ou de dar, até. Acho exótico quando amigos meus dão os livros, numa determinada época. Tenho a impressão de que há um dia em que a pessoa acorda e lembra-se de uma coisa qualquer que leu e vai andar à procura. Sublinho muito os livros, marco-os e faço notas de uns para outros, com o sentido de as utilizar mais tarde. Não sei bem qual é a utilização que lhes tenciono dar.
Gosta de estar em casa?
Sim. Gosto imenso de estar isolado, mas também gosto muito de convívio. São coisas antagónicas, parece que não coabitam, mas não é verdade. Não sei o que é que as pessoas dizem de mim. Calculo que os que trabalham comigo têm a noção de que sou uma pessoa que gosta de estar com elas, ouvi-las falar e contar coisas, por uma questão de alimento e não de bisbilhotice.
Sente o seu trabalho reconhecido?
Sim, mas não valorizo excessivamente o meu trabalho para necessitar de uma aceitação muito forte. O afecto que me dão é suficiente.
Onde é que gostaria de viver, numa situação idílica?
Na Ilha do Pico, Açores. Mas meses? Anos? Não. Porque ao fim de anos ficaria cansado de viver numa ilha que está rodeada de água e se quiser fugir tenho de apanhar um barco. Tenho sempre a ideia de que é melhor estar preparado para fugir em qualquer altura.
Nasceu em Lisboa, viveu em Paris, Estados Unidos, Inglaterra...
Não sou de lugar nenhum determinado. Há certas coisas de que gosto em Portugal e outras de não gosto, mas reconheço que sou «um deles». Não sou daquelas pessoas que dizem «eles» como se não fossem também portugueses. Fazem-me impressão. Nunca fui outro e de outro país.
O que aprendeu quando esteve fora?
Aprendi a sobreviver autonomamente, sem recorrer a auxílios familiares ou outros. Aprendi a não ser uma pessoa determinada, que aqui já era, e tinha esse vício. Em Inglaterra estive nos anos 60. Em França, quando atingi a maioridade. Na América, nos anos 70.
Porque é que foi para fora?
Porque recebi a carta de alforia. O meu pai tinha morrido. Quando atingi a maioridade, aos 18 anos, recebi heranças e mudei de país, por opção.
Sem compromisso nenhum lá fora?
Não, sem propósito, sequer. Foi para viver e conhecer. Estive um ano e tal em Paris.
Trabalhou em Paris?
Sim, em vários sítios, mas não no espectáculo.
Vai representar para o resto da vida?
Sim, se tiver energia e memória. Há imensas coisas para fazer. Continuo a ter muita curiosidade. Parei durante cinco anos, de propósito.
Um actor deve fazer pausas, para não cansar?
O que eu faço não é bitola para ninguém. Sou actor como podia ser marceneiro.
Tem necessidade de parar, de vez em quando?
Não paro para me virem buscar. Há pessoas que são capazes disso. Parei antes de fazer a peça «Homens de Olhos Tristes», [de Händl Klaus], com o João Lourenço, no Teatro Aberto, [entre 2002 e 2007]. Estive cinco anos sem fazer televisão, cinema ou teatro. Não me chateei nada. As pessoas pensavam que estava deprimido.
Surgiam convites para trabalhar?
Não fazia sentido regressar. Quando se pára, ao fim de um ano o buraco já foi tão grande, que só se houver um salto muito interessante é que nos atrevemos. Se não for assim, como é que se justifica a paragem? Não era na expectativa de afirmação ou de ser necessário. Não tinha nada para contar. Para mim, é uma forma de escrita. Não estava revoltado. Queria um espaço para gastar aquilo que já tinha acumulado. É absurdo, comprar muitos livros para ler ou músicas para ouvir e depois não utilizar. «Para que é que os queres?» É uma coisa simbólica? Foi um dia após outro dia, sem ter urgência.
Não faz planos para o futuro?
Não. Depois entra-se no carrocel... e agora mais um minuto e fica horas a andar à volta.
O que é que vai fazer depois da telenovela «Sentimentos»?
Vou fazer três filmes. Apetece-me fazê-los porque são com pessoas com quem me relaciono muito bem. Dois deles, o outro não conheço, a minha intervenção é num episódio. Um filme é com o Vítor Gonçalves, apetece-me imenso fazê-lo. E outro é com a Patrícia Sequeira, com quem trabalhei em televisão. Neste, interpreto uma personagem que tem Alzheimer. Não diz uma única palavra do princípio ao fim do filme. Nunca experimentei. Alzheimer é uma doença que me assusta, porque é degenerativa. Os dois são longas-metragens.
Sente-se bem consigo próprio?
Estou bem comigo próprio, até ver. Não tenho contencioso nenhum com o passado. O que aconteceu de menos positivo faz parte das aprendizagens. É a mesma coisa do que sairmos de casa, num dia de chuva, sem gabardina, e apanharmos uma grande molha. Percebemos que temos de tomar atenção a esse pormenor. Até agora só me arrependo de coisas que não comprei.