Entre ficção e verdade, Fassbender é o verdadeiro génio
Na semana em que chega a Portugal, Steve Jobs começou a ser retirado das salas de cinema norte-americanas. Foi um fracasso de bilheteira, arrecadando apenas 16,6 milhões de dólares num mês, apesar dos nomes sonantes e da polémica que o rodeou mesmo antes de se estrear.
Escrito por Aaron Sorkin e realizado por Danny Boyle, este novo filme sobre o cofundador da Apple carregava o peso da expectativa, depois do desastre que foi Jobs em 2013, com Ashton Kutcher no papel principal. Estreou-se a nível nacional nos Estados Unidos a 23 de outubro, depois de um lançamento limitado duas semanas antes, mas as salas ficaram meio vazias.
Quando o DN assistiu a uma sessão num dos cinemas AMC mais movimentados de Los Angeles, a ocupação estava a um terço. Não houve lágrimas nem palmas, apesar da interpretação fenomenal de Michael Fassbender e dos vários momentos dramáticos da vida do visionário ego maníaco que nos trouxe o iPhone. Talvez por este motivo: o arco principal da história é totalmente fabricado.
"Não há nenhum facto sobre Steve Jobs que tenha sido distorcido, pervertido ou inventado exceto isto: Steve Jobs não teve confrontos com cinco pessoas 40 minutos antes de cada lançamento de produto. Isso é presunção de escritor", explicou o argumentista Aaron Sorkin no evento The Contenders, na semana passada.
O problema é que este é o tema do filme: os dramas que envolvem a vida pessoal de Jobs desenrolam-se nos bastidores de três grandes lançamentos que marcaram a sua vida pública, Macintosh, NeXT Cube e iMac. Quem leu a biografia autorizada de Walt Isaacson, na qual o argumento se baseou, não encontrou nada disso - apesar de pintar um retrato pouco lisonjeiro de Jobs. Como se esperava que o filme de Sorkin e Boyle fosse quase documental, as discrepâncias têm alimentado a controvérsia.