Entre espumante e petiscos, Montenegro pede PSD "popular e interclassista"

Em encontros com militantes, em Lamego e Viseu, o candidato disse estar "confiante" e lamentou falta de visibilidade da corrida à liderança dos sociais-democratas.
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Tal como no caso do seu adversário à liderança do PSD, a reta final da campanha de Luís Montenegro começou no Norte. Em Lamego, o ex-líder parlamentar social-democrata conviveu com militantes e mostrou-se confiante na eleição no próximo sábado.

Depois de uma manhã de sol, foi sob a ameaça de chuva que Luís Montenegro chegou ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Lamego. Vindo de Espinho (de onde é natural e onde está instalado o quartel-general da campanha), foi recebido na cidade beirã por nomes de relevo naquela zona: José Cesário, ex-deputado do PSD e atual mandatário para as comunidades da candidatura de Montenegro, o deputado e líder da distrital de Viseu, Pedro Alves, e ainda o autarca de Lamego, Francisco Lopes. No local, Montenegro reuniu-se com a direção do centro hospitalar, "numa diligência mais reservada", como revelou mais tarde ao DN. Apesar da privacidade desta primeira ação de campanha, o contacto com os militantes não tardaria a chegar. Dali, partiu rumo ao centro de Lamego, onde, nas Caves da Raposeira, foi recebido por cerca de meia centena de apoiantes. Coube ao autarca local a fazer as honras da casa, justificando o atraso em relação à hora prevista e agradecendo a todos. Seguiu-se-lhe Montenegro que, ao lado de Orlando Ribeiro (dono da marca), e do líder da distrital, disse sentir-se "em casa".

E foi por entre copos de espumante e bôlas de Lamego - uma iguaria local que é uma espécie de pão pequeno recheado com enchidos - que o candidato à liderança do PSD foi sendo abordado por quem estava na sala, ora para ouvir e confraternizar com os apoiantes ora para um brinde aqui e ali. Cá fora, na varanda com vista para o vale onde está a cidade de Lamego, mais militantes trocavam ideias e preocupações sobre o futuro do partido e do país. "É preciso dar a volta e sermos firmes", ouviu-se a certa altura. De um lado para o outro, o líder da distrital, Pedro Alves, falava ao telemóvel e começava a aumentar a expectativa para a ação da noite, em Viseu: eram esperadas entre 500 a 600 pessoas para receberem e ouvirem Luís Montenegro, numa região forte para o PSD (ou não fosse o distrito conhecido, em tempos, como o Cavaquistão). Terminado o convívio na Raposeira, a comitiva desceu uns quilómetros no mapa e chegou a Viseu, onde jantou com o autarca da cidade, Fernando Ruas, antes do momento alto do dia de campanha.

No espaço Expocenter, o bruaá começava a sentir-se antes da chegada de Luís Montenegro. A conta-gotas, os apoiantes iam chegando e preenchendo a sala. Até perto da hora marcada, ainda havia gente a chegar de vários pontos do distrito. Além de algumas bandeiras do PSD discretamente arrumadas (que em breve seriam usadas), um palco, um púlpito e um ecrã chamavam à atenção para o impacto que se previa que a iniciativa tivesse.

Passados cerca de 15 minutos da hora prevista, já com a sala preenchida, chegou Luís Montenegro, que foi recebido pela ex-deputada Carla Borges, autarca de Tondela (depois do presidente eleito ter suspendido o mandato) e mandatária distrital da candidatura, e por Patrícia Almeida, mandatária distrital da juventude, ao lado de quem entrou numa sala em apoteose, com bandeiras no ar e gritos de apoio.

A primeira intervenção ficou a cargo de Fernando Ruas, que reforçou a confiança em Montenegro, expressando também confiança no futuro do PSD. "Fico sempre muito triste quando somos nós próprios a dizer que batemos no fundo. Mas deixem-me dizer que fico muito descansado com os dois candidatos que se perfilam para a liderança do PSD", disse. Seguiu-se o líder distrital, Pedro Alves, que começou por admitir que o momento é "muito difícil, estamos aqui porque falhámos", admirando "a coragem" de Montenegro ao avançar para a liderança do PSD.

Ao DN, o candidato fez um balanço "francamente positivo" dos dias de campanha. "Temos sido muito bem recebidos por quem nos quer ouvir", revelou, lembrando que, para si, esse é o caminho a seguir: "O PSD tem de voltar a ser popular e interclassista, o partido que fala com todos sem olhar à condição socioeconómica das pessoas" e lamentou que "a visibilidade pública da campanha não tenha correspondido ao esforço de ambas as candidaturas", sobretudo devido a outros assuntos que têm ocupado o espaço público. Apesar de tudo, "é preciso que os militantes vão votar porque a decisão é muito importante. Vai-se escolher uma linha política diferente para os próximos anos".

Caso o resultado não seja o desejado - apesar de estar "confiante na vitória" - não existirão ressentimentos. "Esta campanha foi enriquecedora para o conhecimento do país e da realidade que afeta muitas pessoas e levo isso comigo daqui para a frente", concluiu.

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