Entre a explosão dos Fuzz e a doçura de Lykke Li
Ainda muita gente tentava entrar no recinto, quando os Banda do Mar subiram ao palco principal, para dar início à última noite do Vodafone Paredes de Coura. Iguais a si próprios, os luso-brasileiros animaram o público com a sua pop luminosa de verão, ontem em tudo contrastante com o cinzento do céu, no famoso anfiteatro natural de Coura. Tal como o fizeram logo depois os norte-americanos Woods, com um punhado de canções folk-rock plenas de melodia, a embalar as hostes para a explosão psicadélica que se seguiu, quando os Temples subiram ao palco.
Se dúvidas houvesse, elas ficaram completamente dissipadas com nomes como o destes britânicos ou os dos australianos Pond ou Tame Impala, entre outros, a comprovar que a tendência deste ano no festival foi mesmo o rock psicadélico - nas suas mais variadas vertentes. No caso dos Temples e ao contrário dos já citados Tame Impala, a sua música é menos imediata e por isso recebida com menos euforia. Tal não impediu a banda liderada por James Bagshaw de assinar um dos melhores concertos do derradeiro dia do festival, com um espetáculo baseado no álbum de estreia Sun Structures, mas no qual não faltaram novidades, que teve o seu momento alto já perto do fim, com a interpretação de Mesmerize, a canção mais orelhuda do até agora único disco do grupo.
Ainda embalado pelos Temples, o público foi-se depois aproximando do palco secundário, onde os Fuzz, um projeto paralelo de Ty Seggal, que toca bateria e canta, estavam prestes a começar uma das maiores celebrações rock de todo o festival - talvez só comparável ao concerto de The Legendary Tigerman, na quinta-feira. Rock and rol à séria, portanto, sem artifícios, que teve como resposta uma das maiores enchentes junto ao palco secundário de todos os quatro dias de festival, com muito mosh e crowdsurfing à mistura, onde, para além dos corpos pelo ar, não faltaram também roupas e sapatos a voar de um lado para o outro.
E depois da tempestade, a bonança, com a doçura pop de Lykke Li. Apesar de sofrer um pouco com a sensação de anticlimax sentida por muitos dos presentes, a sua música acabou por funcionar como uma boa despedida para o festival. Como seria de esperar, as canções mais bem recebidas foram as de Wounded Rhymes, o segundo álbum de originais, editado em 2011, que inclui o êxito I Follow Rivers e lhe valeu o maior aplauso da noite, bem como a proeza de colocar toda a plateia a cantá-la em uníssono, a pedido da cantora, que também surpreendeu com o seu português quase perfeito.