Estima-se que haja dois milhões de gatos e um milhão e meio de cães nos lares portugueses. .Quando os bichos morrem, muitos ainda os enterram por conta própria, uns com a noção de que estão a fazer algo errado, outros não. Maria, 36 anos, teve vários animais. Quando, aos 12 anos, lhe morreu o cachorro de estimação, enterrou-o num terreno e colocou uma pedra a servir de lápide "para poder visitá-lo". Já adulta, há seis anos, perdeu uma cadela e voltou a fazer ela própria o enterro..Também Joana, 42 anos, fez questão de enterrar o gato que perdeu há poucos anos. Pediu conselho à veterinária sobre os procedimentos e colocou cal por cima do corpo do animal, para o isolar, antes de o cobrir com terra. .Só que antes teve uma surpresa. Ao abrir a cova deparou-se com as ossadas de outro animal..O enterro de animais por conta própria é desaconselhado por questões de saúde pública. .Segundo a chefe de Divisão de Higiene e Controlo Sanitário da Câmara Municipal de Lisboa, Luísa Costa Gomes, o risco pode dar-se a vários níveis, nomeadamente se os animais forem desenterrados por outros, por pessoas que executem trabalhos no espaço público ou privado e mesmo por crianças, dada "a possível transmissão de doenças se o animal estiver infectado"..O enterro no quintal tende no entanto a desaparecer, pelo menos no meio urbano, onde as próprias clínicas veterinárias se encarregam de dar o destino adequado aos corpos. Se não puderem pagar um serviço de cremação individual, com direito a uma pequena urna com as cinzas do animal, os donos podem recorrer aos serviços das autarquias que já dispõem de incineradores. É assim em Lisboa, no Canil de Monsanto, onde a incineração tem vindo a aumentar..No ano passado, foram incinerados 11.144 animais nestas instalações, maioritariamente cães e gatos, mas também aves, segundo dados cedidos à Lusa pela chefe de Divisão de Higiene e Controlo Sanitário da Câmara Municipal de Lisboa, Luísa Costa Gomes.