Ensino de Mandarim é positivo, mas "não generalizável"

O secretário de Estado do Ensino Básico defendeu que o Mandarim no 1.º Ciclo "não é generalizável" ao país, mas, elogiando a adequação desse projeto-piloto à realidade de S. João da Madeira, já apelou a outra inovação local.
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O anúncio de João Grancho verificou-se durante a sua visita à Escola do Parque, estabelecimento de ensino público do 1.º Ciclo, onde a Câmara Municipal de S. João da Madeira lançou há cerca de um mês as primeiras aulas de Mandarim - que, mediante a autorização da tutela e sob a supervisão pedagógica da Universidade de Aveiro -, abrangem este ano cerca de 300 alunos e, no próximo, deverão alargar-se a 600.

"Com certeza que esta iniciativa colherá frutos daqui a uns anos, quando permitir que estes jovens tenham ferramentas distintas para poderem encarar aquilo que é um desafio do nosso país", declarou o secretário de Estado, a propósito da crescente relação comercial entre Portugal e o mercado asiático.

"É importante reter que cada comunidade tem que ir ao encontro das suas especificidades", continua João Grancho. "Não é generalizável a todo o país, mas cada vez mais há que conferir autonomia às escolas para elas poderem desenvolver os seus próprios projetos educativos".

Foi nesse sentido que o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário reuniu hoje com os diretores das empresas mais representativas de S. João da Madeira, para lhes "lançar um desafio" que parte Ministério da Educação.

"Propusemos que as próprias empresas promovessem uma escola de referência ao nível da formação profissional", revela João Grancho. "Vamos concretizar aquilo que é, um verdadeiro sistema dual, em que as empresas assumem a responsabilidade de definir as áreas de formação prioritárias, intervêm ao nível do desenho dos próprios currículos, determinam quantos formandos precisam e articulam-se com o ministério, para responderem às necessidades concretas do mercado de trabalho".

Castro Almeida, presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, não quis comentar a pertinência deste segundo projeto-piloto a implementar no concelho, mas quanto ao ensino do Mandarim, defendeu que "saber falar Chinês vai ser uma vantagem competitiva enorme para as empresas locais".

Mesmo ainda no arranque da iniciativa o autarca reconhece que "o objetivo é falar com o Ministério da Educação para passarmos a ter escolas bilingues, onde se ensine em Português e em Mandarim, de forma a que, no final do 12.º ano, os jovens falem fluentemente Chinês".

Castro Almeida garante que nessa altura "abre-se um mercado enorme às empresas de S. João da Madeira".

As crianças da rede escolar pública do concelho já sabem dizer "olá" e "obrigado" em Mandarim, contar até 10 e desenhar esses algarismos em carateres chineses. Na turma do Parque que hoje recebeu o secretário de Estado, a professora Li Tiambo ensina-lhes a fonética asiática e André Silva encarrega-se das palavras básicas e dos primeiros carateres.

"O mais difícil para os miúdos é aprenderem a fonética de cada caracter", explica o docente. "O som é muito diferente do Português e o mandarim tem muito mais variantes".

Cumprimentos do dia, expressões de apresentação e relações de parentesco serão as matérias a dominar até ao fim do ano letivo, e tudo deverá ser assimilado "com muita calma", considerando que, só para lidar com as situações mais simples do quotidiano, é preciso dominar uma média de 15 000 carateres chineses.

De quantas palavras precisa um português em circunstâncias idênticas, o professor não sabe dizer. "Mas são muitas, muitas menos", garante.

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