Enjoativas e engavetadas
Ao fim de dois anos, a TVI tirou finalmente da gaveta a sitcom Giras e Falidas, uma série inspirada no núcleo humorístico da novela Doce Tentação, com Carla Andrino, Sofia Nicholson (duas excelentes atrizes), Jéssica Athayde e Laura Galvão. Para exibi-la depois da meia-noite, mais valia não ter tirado, embora se perceba porque é que ela esteve tanto tempo à espera de ver a luz do dia.
O problema de Giras e Falidas é que, enquanto as personagens funcionavam no elenco cómico de uma novela, porque apareciam alguns minutos dentro de um contexto mais vasto (em histórias e atores), ali toda a ação se concentra nelas e em mais alguns convidados que vão aparecendo. O resultado é fraco, convenhamos: a começar no overacting permanente, que se pretende que seja risível mas se torna enjoativo, passando pela qualidade do texto, sofrível para sermos generosos. Feita em 2012, Giras e Falidas parece saída do baú dos anos 90, ao género "se não ris a bem, ris a mal".
A própria TVI sabe disso. A sitcom era para ter-se estreado em setembro de 2012, depois foi adiada para janeiro de 2013 e agora chega ao ecrã finalmente em abril de 2014. Tanta indefinição não tem que ver com custos de grelha - significa apenas que os responsáveis não sabiam o que fazer com o produto e que o escoam agora por absoluta necessidade. De resto, o horário da meia-noite é totalmente desadequado. Uma sitcom deste tipo tem dois horários naturais: ou o segmento das 21.30, capaz de chegar a mais gente e a um público mais heterogéneo e jovem, ou o das 19.30 de fim de semana. Ah, claro, e nunca ser exibido diariamente, mas sim semanalmente. Assim, soa a "deixa cá colocar isto aqui, que tapa o buraco por umas semanas e despachamos já isto..."