Um engraxador de sapatos está a percorrer o país para alertar para uma atividade que está a cair em desuso, reivindicar a criação do Dia Nacional do Engraxador e homenagear os bombeiros voluntários portugueses..Carlos Nunes, natural de Tavira, instalou hoje a caixa de engraxador no quartel dos Bombeiros da Cruz Branca, em Vila Real, para engraxar as botas dos operacionais..Pedro Guedes foi o primeiro a sentar-se. Depois de uma semana de incêndios e de neve, as botas estavam sujas..Para o bombeiro, esta foi uma iniciativa que ajudou a relembrar os tempos de antigamente, em que havia um engraxador em Vila Real, uma atividade que já deixou de existir na cidade transmontana. "Também é bom lembrarem-se de nós porque, ao fim ao cabo, somos um pouco esquecidos", frisou..Pedro Guedes contou que os bombeiros se esforçam para manter as botas "mais ou menos apresentáveis" e referiu que este trabalho de limpeza é feito nos tempos mortos..Carlos Nunes, mais conhecido como "Carlinhos, o engraxador de sapatos", partiu de Tavira e está a percorrer todas as capitais de distrito do país para chamar a atenção para uma atividade "que está a acabar"..O objetivo é angariar apoios com vista à criação do Dia Nacional do Engraxador, e, para isso, quer chamar a atenção do Governo, a quem compete a designação destes dias nacionais, e do Presidente da República..Na sua opinião, 23 de abril seria ideal para se assinalar este dia nacional..Carlos Nunes contabiliza "uns 15 engraxadores" em todo o país, com principal incidência em Lisboa e no Porto e frisou que, em muitos locais por onde tem passado, como Vila Real, esta atividade já não existe.."É uma profissão muito antiga e, por mim, não vai terminar", frisou..O engraxador tem passado pelos centros das cidades e também pelas corporações de bombeiros, onde engraxa de forma gratuita as botas dos operacionais.."É uma homenagem que quero fazer pelo trabalho que os bombeiros fazem em todo o país", salientou..A iniciativa termina na Festa do Contrabando de Alcoutim, que decorre entre 23 e 25 de março..Carlos Nuno tem 46 anos e começou a exercer a profissão aos 23 anos, em Tavira, e garantiu que ainda tem muitos clientes que o procuram, como bancários ou até polícias.