Encruzilhada estratégica deixa Setúbal pendente do turismo e da indústria

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Setúbal está numa encruzilhada sobre o seu desenvolvimento. Entre um turismo de qualidade, comprometido pela existência de uma cimenteira no coração do seu ex-líbris, e uma forte vocação industrial, que lhe garante emprego de massas. Foi em redor desta dicotomia estratégica para o futuro de uma das regiões mais produtivas do País que, na quarta-feira à noite e durante quatro horas, se esgrimiram argumentos no Auditório Charlot. O interesse pelo debate sobre o futuro de Setúbal, promovido pelo Diário de Notícias e a TSF, e moderado pelo jornalista Carlos Andrade, encheu o auditório com três centenas de pessoas com uma palavra a dizer sobre o futuro da sua região e interessadas em perspectivar vias de desenvolvimento sustentáveis a médio e longo prazo.

Um rumo que, como afirmou a governadora civil, se torna difícil de traçar num território "rico e contraditório", espelhado até pelas intervenções apaixonadas. Advertindo para a necessidade de olhar as potencialidades globais da região, Teresa Oliveira defendeu as opções do Governo e sublinhou que a vocação da cidade não é o turismo. "Esse está do outro lado do rio, mas é aqui que vive a população que lhe dará apoio."

O secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Rui Baleiras, afirmou o empenhamento do Governo numa política de cidades que contrarie o crescimento urbano para a periferia, desertificando o centro histórico, e realçou a importância de aproveitar o QREN para as parcerias na reabilitação urbana.

Com a co-incineração de resíduos perigosos nas instalações da cimenteira Secil a assumir o fio condutor da esmagadora maioria das intervenções, Rui Baleiras sublinhou o dever moral dos que produzem lixo de o tratar e recordou que em Setúbal são produzidos 75% dos resíduos perigosos no País. Os últimos testes feitos por um laboratório independente, afirmou o governante, não revelaram o lançamento de substâncias perigosas para a atmosfera. E essa condição, segundo Eugénio Sequeira, deveria dar tranquilidade aos residentes. Causando comentários de desilusão na assistência, o ambientalista manifestou-se mais preocupado com a exploração de pedreiras e a permanência da cimenteira na Arrábida, do que com a co-incineração.

Argumento que não convenceu a presidente da câmara. Dores Meira reconheceu não haver vontades conjugáveis, quando a opção do Governo choca com a do município e põe em causa a sustentatibilidade. O futuro, garantiu a autarca, trará Setúbal para o top das cidades onde apetece viver e o desenvolvimento passará pela qualidade urbana e pela coesão social e ambiental.

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