"Afinar e adaptar o conhecimento às empresas". Esta foi a mensagem que trouxe Steve Markam, professor da Universidade da Carolina do Norte a Portugal. Este americano, que há 15 anos visita o nosso país lembra que "nos últimos 15 anos Portugal investiu muito em ciência mas agora é preciso levar esse conhecimento às empresas permitindo ganhos mútuos". As empresas dizem sim e procuram cada vez mais os produtores de ciência para rentabilizar boas ideias ou encontrar soluções para problemas..Steve Markam, que esta tarde foi o orador convidado do encontro PITSTOP -Afinar Tecnologia e Empreendedorismo, promovido pela Cotec no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, avisa que "é preciso que o conhecimento produzido no meio académico seja não só transferido como implementado nas empresas"..Um potencial de conhecimento que desponta nas universidades e em diversos polos de ensino superior mas agora, corrobora o diretor-geral da Cotec Portugal, "é preciso juntar ciência e negócios". E, reconhece, "está em curso uma mudança de paradigma nas universidades e nas empresas que já procuram o conhecimento e as ideias, para investir, produzir melhor e conquistas novos mercados"..A conferência juntou investigadores, académicos e financiadores. Carlos Martins Andrade, da Galp Energia, foi um dos presentes, procurando conhecer as últimas ideias que "podem ser transformadas em bons projetos e encaixar nas perspetivas futuras de negócio". E as empresas "procuram também esse conhecimento, funcionando como olheiros do que está a acontecer nos meios académicos que produzem inovação"..Um sinal de que a inovação e o meio académico já caminham juntos é que "há cada vez mais pessoas a procuram capital para realizar estas ideias inovadoras", adianta Joaquim Rodrigues, da ES Ventures que tem entre os projetos financiados inovações produzidas por 16 professores de universidades..A conferência da Cotec mostrou isso mesmo. Patrick Freire, da Biomimetx aproveitou uma descoberta académica para criar um "biocida capaz de dar mais velocidade à navegação, protegendo ainda cascos e tintas". O produto, que está em fase de testes, "foi extraído de uma bactéria e pode ser usado como aditivo de tintas marítimas para controlar incrustação de algas, cracas e mexilhões em estruturas colocadas no mar"..Esta é uma ideia ainda em fase de desenvolvimento mas Pedro Araújo tornou simples e rentável o que poderia ser um problema. Hoje emprega 18 pessoas, fatura 4 milhões de euros "a controlar poluentes e a aproveitar resíduos da industria com o uso de sistemas ciclónicos de alta eficiência, aplicados nas industrias química, alimentar e farmacêutica"..O programa COHITEC, gerido pela COTEC há 13 anos, capacita os investigadores que produzem tecnologias a participarem no processo de pré-comercialização das mesmas. Mais de 500 investigadores e 400 projetos passaram pelo programa nos últimos 13 anos.