Empresas privadas ajudam a espiar na Alemanha

Cerca de 30 empresas privadas norte-americanas estão diretamente envolvidas nas operações de espionagem dos Estados Unidos na Alemanha, ajudando, por exemplo, na análise de escutas ou na coordenação de missões de agentes secretos, revelou hoje o semanário 'Stern'.
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Segundo o semanário alemão, cuja edição será publicada na quinta-feira, estas empresas também estão envolvidas na formação de soldados em técnicas de espionagem.

O 'Stern' avançou ainda que estas estruturas empresariais poderão estar eventualmente envolvidas na coordenação de missões com aviões não tripulados a partir da cidade de Estugarda (sudoeste da Alemanha), onde fica a sede do comando militar dos Estados Unidos para África (AFRICOM).

O semanário alemão esclareceu que baseou a investigação jornalística nas ofertas de trabalho destas empresas, muitas vezes divulgadas na Internet, mas também nos perfis públicos dos seus trabalhadores e nos contratos firmados entre estas estruturas e a administração norte-americana, aos quais o jornal teve acesso parcial.

Entre as empresas visadas no artigo, o Stern identifica duas: a Booz Allen Hamilton e a Incadence Strategic Solutions.

A par destas 30 empresas, envolvidas diretamente nos atos de espionagem, outras 60 prestaram apoio técnico, assumindo responsabilidades nas áreas das tecnologias de informação e na segurança de edifícios, acrescentou o semanário.

Em Itália, o semanário Panorama divulgou outra peça deste complexo 'puzzle' que está a abalar as relações transatlânticas.

O jornal noticiou que a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) espiou conversas telefónicas realizadas a partir do Vaticano, bem como os telefonemas efetuados a partir da residência onde ficou hospedado o cardeal argentino Jorge Bergoglio, antes do conclave que o elegeu como papa.

De acordo com o semanário, que cita documentos divulgados pelo ex-analista informático Edward Snowden - responsável pela denúncia do vasto sistema de vigilância eletrónica desenvolvido pelos Estados Unidos -, entre os 46 milhões de telefonemas que alegadamente a NSA intercetou no território italiano, muitos tinham como origem a Cidade do Vaticano.

O jornal, que vai publicar mais informações na edição de sexta-feira, referiu que as escutas norte-americanas foram realizadas entre 10 de dezembro de 2012 e 08 de janeiro de 2013, avançando, no entanto, que os atos de espionagem continuaram após o anúncio da renúncia do papa Bento XVI, que foi efetiva a 28 de fevereiro.

O Panorama acrescentou ainda que a espionagem durou todo o conclave que acabaria por eleger o papa Francisco, a 13 de março de 2013.

Entre as conversas telefónicas intercetadas estavam, segundo a publicação italiana, as que foram realizadas a partir da Domus Internationalis Paulo VI em Roma, a residência onde ficou hospedado o então cardeal e arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio, antes de começar o conclave.

Nos Estados Unidos, o diário The Washington Post também divulgou hoje mais informações relacionadas com a polémica das escutas norte-americanas.

O jornal indicou que a NSA se infiltrou nas bases de dados dos motores de busca 'Google' e 'Yahoo!' de todo o mundo e copiou centenas de milhões de contas de utilizadores.

O diário citou como fonte documentos que pertencem a Edward Snowden, que recebeu asilo temporário na Rússia por um ano.

De acordo com um documento classificado com data de 09 de janeiro de 2013, a NSA envia todos os dias milhões de registos das redes internas dos motores de busca para a sua sede em Fort Meade, nos arredores de Washington.

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