Empresários e FMI pedem reformas no Zimbabwe

Fundo classifica como "muito difícil" a conjuntura económica. Oposição quer fim dos "pilares da repressão".
Publicado a
Atualizado a

Representantes dos empresários do Zimbabwe pediram ao novo presidente, Emmerson Mnangagwa, uma rápida atuação na área económica para permitir a recuperação do país.

Para o presidente da Câmara de Comércio do Zimbabwe, Christopher Mugaga, é fundamental que "os novos governantes se distanciam da posição do partido [a ZANU-PF, no poder]" e assumam uma atitude "tecnocrática". O "novo dirigente deve estar preparado para ouvir críticas e não pode esperar que tudo continue como está. É preciso atacar a corrupção, o nepotismo e a podridão para-estatal". Posição semelhante foi expressa pelo presidente da União dos Agricultores, Wonder Chabikwa, que defendeu, além do combate à corrupção e à "ineficiência governamental", a necessidade de ser "dada prioridade" ao setor que representa. O país foi no passado um dos principais produtores agrícolas de África, mas a hostilidade aos fazendeiros brancos e as políticas quase destruíram a eficiência do setor.

O Zimbabwe vive uma conjuntura de alta inflação, juros elevados e escassez de liquidez, leis para o setor económico consideradas inadequadas e uma estratégia governamental virada para a despesa pública e para a impressão de divisas. Uma conjuntura considerada "muito difícil" pelo Fundo monetário Internacional (FMI). O chefe da missão do Fundo no país, Gene Leon, disse ser inevitável "ação imediata para reduzir o défice público" e tomar medidas para atrair "investimento financeiro internacional". Desde 1999 que o Zimbabwe não tem acesso aos mercados internacionais, devido ao não pagamento dos juros da dívida.

A incerteza sobre o futuro ditou que o principal índice da Bolsa de Harare tenha caído 40% após a intervenção dos militares na passada quarta-feira, recuando dos 527.27 pontos para os 315.12 pontos.

Se o modo como o novo presidente, que é hoje empossado, tem de gerir a questão económica é fundamental para o futuro do Zimbabwe, a questão política é também determinante para entender se Mnangagwa rompe, ou não, com o modo autoritário de Robert Mugabe dirigiu o país. O principal movimento da oposição, o Movimento para a Mudança Democrática, de Morgan Tsvangirai, divulgou um comunicado, pedindo a Mnangagwa para "não imitar (...) o regime mau, corrupto e decadente" de Mugabe e "desmantelar todos os pilares da repressão". E numa entrevista à CNN, Tsvangirai avisou que Mnangagwa "não pode seguir o rumo" do seu antecessor. As condições em que se encontra o Zimbabwe, por um lado, e a maioria da população, por outro, não o permitiriam, avisou o dirigente da oposição.

[artigo:8825076]

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt