Empresa de Felgueiras é a maior exportadora para Itália
Calçado. J. Moreira dá emprego a 160 trabalhadores e produz a 'Felmini'. A empresa, sediada em Felgueiras, é a maior exportadora portuguesa de calçado para Itália, produzindo diariamente cerca de 1400 pares de sapatos e detendo uma carteira de 1800 clientes. Em 2007 registou uma facturação de 5,5 milhões de euros
J. Moreira exporta toda a produção e está em mais de 500 lojas italianas
Como chega uma simples empresa familiar de Felgueiras, com 160 trabalhadores, ao invejável estatuto de maior exportadora de calçado para Itália, a capital mundial da moda? Com "muito trabalho", mas também "apresentando uma colecção arrojada, com um produto diferenciado em design, formas e cores", diz Joaquim Moreira, o fundador da J.Moreira, que detém a marca Felmini.
Uma posição tanto mais de relevo quanto é certo que há apenas seis anos a empresa se deparou com grandes dificuldades. Hoje exporta 100% da sua produção, exclusivamente com a marca Felmini, e está nas melhores lojas de Milão, Florença, Paris, Barcelona, Madrid, Amesterdão, Bruxelas, Londres e Tóquio, entre outras cidades.
"Ainda há dias o nosso agente nos comunicou que estamos em duas das 10 melhores lojas de Paris. É evidente que nos faz sentir muito bem", refere Joaquim Moreira, que gere a Felmini com a mulher e os dois filhos.
Com uma produção diária na ordem dos 1400 pares, a Felmini conta com uma carteira de 1800 clientes. Só em Itália está presente em mais de 500 pontos de venda. "É uma vitrina para o mundo. Estando bem representados em Itália temos as portas abertas para o mundo inteiro. Há clientes que nos encomendam artigos porque os viram expostos em Milão ou em Florença, perguntaram, e souberam que estavam a vender muito bem", explica o empresário.
Mas nem sempre foi assim. Aliás, Joaquim Moreira admite que esteve para desistir. "O produto não era suficientemente agressivo, não estava a funcionar. Mas insistimos e acabamos por entender o mercado", diz. "O que se vende em Itália 'sobra' depois para os outros mercados. Itália arrisca mais na moda e compra sempre um pouco mais à frente. O teste de mercado aos artigos é sempre feito lá, sem dúvida", refere.
Mas o mercado espanhol é também uma grande aposta da J. Moreira, que criou, inclusivamente, uma subsidiária em Vigo, a Felmini SL. Recém-chegado da feira de Madrid, onde a colecção de Primavera/Verão 2009 foi "muito bem recebida", Joaquim Moreira admite, no entanto, sentir a crise em Espanha. "Os clientes compram menos e estão muito assustados. É uma questão de confiança. Na verdade, a crise não é assim tão grande para os particulares, é para sectores como a construção", diz.
Com uma facturação de 5,5 milhões em 2007, o grupo conta este ano obter um acréscimo da ordem dos 40%. Resultado, entre outros, do grande sucesso que está a desfrutar com a linha vintage, onde combina peles "de grande qualidade" com um sistema de tingimento manual, por imersão, que lhes dá um aspecto 'usado'. As botas de cano alto que lançou em Maio, em oito cores diferentes, atingiram tal sucesso que a fábrica produz 800 pares por dia. "Tenho uma linha só a fabricar estas botas, e não chega para as encomendas", diz Joaquim Moreira, satisfeito.