Emigração 'levou' 180 homens este ano em Vila Real

Cerca de 180 bombeiros saíram das corporações do distrito de Vila Real este ano para procurarem melhores condições de vida no estrangeiro, disse à agência Lusa o presidente da Federação Distrital de Bombeiros.
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A crise económica e a falta de oportunidades de trabalho em Portugal estão a levar muitos bombeiros voluntários a deixarem os quartéis e procurarem novas oportunidades de vida no exterior.

Só no distrito de Vila Real, das 27 corporações existentes saíram 179 voluntários este ano.

Fernando Queiroga referiu que os números relativos aos bombeiros que emigraram "são preocupantes".

Tanto mais que, segundo o responsável, as saídas não foram compensadas com novas entradas.

"E, mesmo que haja entrada de novos, não podem ir para o combate. Têm que ter a formação e, neste momento, há corporações que estão um pouco debilitadas".

Fernando Queiroga disse que os casos de emigração, 90 por cento ocorreram porque os voluntários ficarem sem emprego, aconteceram um pouco por todo o distrito de Vila Real.

Por isso mesmo, acrescentou, "foi a muito custo" que, neste verão, se conseguiram constituir as equipas de primeira intervenção.

"Em junho ainda se pensava que algumas corporações nem iriam conseguir. Mas pronto, a muito custo lá se conseguiu fazer as equipas todas", salientou.

Estas saídas representam, para o responsável, um grande prejuízo para as corporações, até porque se trata, na maior parte dos casos, de "bombeiros com muita formação e há muito no ativo".

Este mês de agosto está a ser muito complicado a nível de incêndios em Vila Real.

Segundo dados da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), só entre os dias 15 e 26 de agosto, foram registadas 356 ignições no distrito. Muitos destes fogos prolongaram-se por vários dias, queimando uma vasta área de mato e floresta e rondando aldeias, onde se contabilizam alguns palheiros, anexos e até animais queimados.

Fernando Queiroga fala num "ano atípico", tanto a nível dos mortos verificados em combate, dos feridos, bem como dos danos registados em viaturas.

"Os bombeiros só são falados nestes três meses, a partir daí toda a gente esquece os bombeiros e fica a assobiar para o ar", frisou.

O responsável referiu que tem que "se enfrentar o problema de frente", que é, na sua opinião, "organizando a floresta, limpando e investindo na floresta".

"Não é um junho, julho ou agosto que se termina com os incêndios. É durante o resto do ano. Quando alguém vier com essa vontade, os incêndios serão menos e arderá menos quantidade", sublinhou.

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