Embaixadora portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa vai chefiar delegação da UE em Cuba

Isabel Brilhante Pedrosa, de 57 anos, vai suceder ao embaixador espanhol como chefe de delegação da União Europeia em Havana.
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A embaixadora portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa foi nomeada nova chefe da delegação da União Europeia em Cuba, depois de em fevereiro passado ter deixado a Venezuela ao ser considerada persona non grata, confirmou à Lusa uma porta-voz comunitária.

Isabel Brilhante Pedrosa vai suceder ao embaixador espanhol Alberto Navarro como chefe da delegação da UE em Havana, no quadro da rotatividade dos chefes de delegação e embaixadores da União em países terceiros.

A nova representante da UE em Cuba assume funções em 01 de setembro, no dia seguinte ao final do mandado de Navarro, que exerceu o cargo ao longo dos últimos quatro anos, precisou a porta-voz para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.

A mesma porta-voz indicou que, desde que teve de abandonar a Venezuela, há cerca de seis meses, Isabel Brilhante Pedrosa "tem trabalhado desde Bruxelas no seu papel de chefe de delegação" para aquele país, enquanto, em Caracas, a delegação "prossegue o seu trabalho", sendo gerida localmente pelo chefe da secção de política, imprensa e informação, que atua enquanto encarregado de negócios, "pelo que o papel da UE na Venezuela continua".

A nomeação de Isabel Brilhante Pedrosa para chefe da delegação em Cuba tem lugar num contexto de convulsão política na ilha, que vive uma grave crise económica e de saúde - com a pandemia de covid-19 descontrolada e uma grave escassez de alimentos, remédios e outros produtos básicos, além de longos cortes de energia -, o que tem levado às maiores manifestações em décadas, que têm sido reprimidas pelas autoridades.

Milhares de cubanos saíram às ruas no domingo para protestar contra o Governo, gritando "liberdade!", num dia sem precedentes em décadas e que resultou em centenas de detenções e confrontos, tendo as manifestações alastrado a todo o país.

Desde então, as autoridades exercem um forte controle para evitar novos protestos, com a maioria das redes sociais e plataformas de mensagens continua bloqueada no serviço de internet móvel em Cuba.

Isabel Brilhante Pedrosa, 57 anos, irá então substituir dentro de mês e meio o diplomata Alberto Navarro, que em fevereiro passado se viu envolvido numa polémica, ao subscrever uma carta - assinada por centenas de personalidades - a pedir ao presidente norte-americano, Joe Biden, que levantasse o embargo a Cuba, defendendo que já não existia ditadura no país.

O responsável espanhol foi mesmo chamado a Bruxelas para dar explicações, tendo o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, decidido mantê-lo no cargo, mas repreendendo-o pelo "erro".

Também no final de fevereiro de 2020, na sequência de uma decisão dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE de alargarem a lista de personalidades ligadas ao regime venezuelano alvo de sanções, o regime de Nicolas Maduro considerou Isabel Brilhante Pedrosa 'persona non grata', dando-lhe 72 horas para abandonar o país, tendo a diplomata portuguesa, chefe da delegação da UE em Caracas desde 2018, regressado a Bruxelas no início de março.

O presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, afirmou entretanto que os Estados Unidos "fracassaram nos seus esforços para destruir Cuba", um dia após declarações do seu homólogo norte-americano, Joe Biden, classificando Cuba como um "Estado falhado que oprime os seus cidadãos".

"Os Estados Unidos fracassaram nos seus esforços para destruir Cuba, apesar de terem gasto milhares de milhões de dólares para esse fim", escreveu o dirigente comunista na rede social Twitter, cinco dias após manifestações históricas no país contra o Governo, que se saldaram num morto, dezenas de feridos, mais de uma centena de detidos e um número indeterminado de desaparecidos.

"Um Estado falhado é um Estado que, para agradar a uma minoria reacionária e que o chantageia, é capaz de multiplicar os danos a 11 milhões de seres humanos, ignorando a vontade da maioria dos cubanos, dos norte-americanos e da comunidade internacional", prosseguiu Diaz-Canel, referindo-se ao embargo dos EUA a Cuba, em vigor desde 1962 e reforçado durante o mandato de Donald Trump (2017-2021).

Joe Biden tinha afirmado na quinta-feira estar a considerar "várias coisas (...) para ajudar o povo de Cuba", um "Estado falhado que oprime os seus cidadãos".

Anunciou, por exemplo, estar disposto a enviar para o país "uma quantidade significativa" de vacinas anti-covid se tiver "a certeza de que uma organização internacional administrará essas vacinas e o fará de maneira a que os cidadãos tenham acesso a elas", já que Cuba não aderiu ao programa Covax, da ONU.

Os Estados Unidos estão também a verificar se dispõem das "capacidades tecnológicas" necessárias para "a reposição" da internet móvel, cortada pelo Governo da ilha comunista, após os protestos de domingo, acrescentou Biden.

"Se o presidente Joseph Biden tivesse uma preocupação humanitária sincera com o povo cubano, ele poderia suprimir as 243 medidas aplicadas pelo presidente Donald Trump - incluindo mais de 50 cruelmente impostas durante a pandemia - como um primeiro passo para o fim do embargo", reagiu hoje o presidente cubano.

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