Em busca da arte dos nossos dias de mapa na mão
Eram oito da noite e o átrio da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL) estava repleto. Não por que ontem existissem aulas ou alguém estivesse a trabalhar até tarde. Passava-se o mesmo noutros 28 pontos da sétima colina da cidade, entre o Cais do Sodré e o Largo do Rato. Estávamos a entrar na segunda hora de Bairro das Artes, evento que assinalou a rentrée cultural de Lisboa com inaugurações, performances, e as portas gratuitamente abertas - até às 23.00 - de galerias e museus.
Na faculdade, antigos e atuais alunos misturavam-se em torno das mesas que expunham as peças de Antifrágil . Filipa José, ex-aluna de Design da FBAUL explicava a Diogo Dias João, atual aluno, as peças que tem expostas na exposição coletiva onde também ele tem quatro peças. No pátio, grupos de jovens com bigodes, blusões de ganga e sacos de pano conversavam. Bairro das Artes. "Ah, é hoje? Vou aproveitar para ir ao Museu de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC), porque ainda não conheço a parte nova", diz Carolina, estudante de Design de Comunicação.
Vizinha, a Galeria João Esteves de Oliveira avistava-se de quase qualquer ponto da Rua Ivens. As pessoas formavam uma fila que lentamente entrava na galeria, onde se demoravam em frente aos desenhos do arquiteto Manuel Aires Mateus, Caderno de Alhambra , do seu projeto para aquele lugar de Granada, Espanha.
Mesmo não sabendo que estavam numa ala do Bairro das Artes, um grupo de turistas japoneses deitava para trás as cabeças e girava-as para melhor verem o interior da Capela dos Lencastres, a "joia" do Convento de São Pedro de Alcântara. Bem perto, no Largo Trindade Coelho, em São Roque as pessoas transitavam da igreja para o museu. Ângela, uma italiana que trabalha em arquitetura, vive em Lisboa, mas não sabia que a noite de ontem era diferente das demais. Entrou e aproveitou a visita guiada que lhe fez Ricardo, do Museu de São Roque.