O Orçamento para 2019 aprovado na Assembleia da República é bem o espelho da situação política em que estamos..A esquerda mostrou inteligência estratégica e tática: as forças políticas que sustentam o governo atingiram uma parte dos seus objetivos. BE e PCP garantiram as vantagens possíveis para os seus eleitores e obtiveram algum êxito nas suas lutas contra o "grande capital", como é o caso do agravamento do IMI para imóveis de valor acima de dois milhões, a penalizar o investimento imobiliário. O PS pode vangloriar-se de ter resistido às pressões para maior despesa pública, que todos os partidos, da esquerda à direita, se esforçaram por aumentar..Da parte do PSD e do CDS é difícil descortinar uma política coerente na defesa do seu eleitorado natural e potencial, os cidadãos e as empresas que geram a riqueza e de que o Estado procura apropriar-se revelando imaginação sem limites..E esse é o maior problema para o futuro dos portugueses..É indiscutível que este governo soube aproveitar uma conjuntura internacional favorável, conquistou a confiança das instituições europeias e dos mercados, tivemos um boom turístico que animou outros negócios, designadamente o imobiliário, e tudo isso gerou uma onda de otimismo com resultados globalmente positivos..Mas esta situação tem uma forte dose de precariedade..Vivemos no passado recente momentos semelhantes a que se seguiram crises graves e o recurso à ajuda externa perante a incapacidade de solvermos os nossos compromissos..Descendo à terra, continuamos com uma dívida pública entre as maiores do mundo, crescemos, mas pouco, quando países que nos são próximos crescem mais, o investimento público e privado é muito débil e os níveis de poupança estão em patamar mínimo..Convém ainda não esquecer que a política da extrema-esquerda desde o 11 de Março de 1975 (as "nacionalizações" e a chamada reforma agrária) acabou por conduzir mais tarde à venda das maiores empresas nacionais a grupos estrangeiros, a começar pelas instituições financeiras, seguindo-se as mais emblemáticas empresas industriais, e esse movimento de desnacionalização vai continuar porque, muito simplesmente, não há acumulação de capital em mãos portuguesas, há, sim, endividamento excessivo. Prosseguir numa política fiscal agressiva apenas conduz ao empobrecimento a médio e longo prazo..Confrange assistir à falta de representação política dos portugueses que não são funcionários públicos. Confrange ver o CDS e o PSD votarem contra o governo na questão dos professores, cujas reivindicações, a serem aceites, levarão, com justiça, muitos outros profissionais do Estado a exigências semelhantes, fazendo disparar a despesa pública..Se a esta falta de coerência dos partidos à direita do PS somarmos a luta fratricida no interior do PSD, não faltarão eleitores do centro político a preferirem reforçar o PS, procurando um mal menor, que seria libertar o PS das algemas que o condicionam à esquerda.
O Orçamento para 2019 aprovado na Assembleia da República é bem o espelho da situação política em que estamos..A esquerda mostrou inteligência estratégica e tática: as forças políticas que sustentam o governo atingiram uma parte dos seus objetivos. BE e PCP garantiram as vantagens possíveis para os seus eleitores e obtiveram algum êxito nas suas lutas contra o "grande capital", como é o caso do agravamento do IMI para imóveis de valor acima de dois milhões, a penalizar o investimento imobiliário. O PS pode vangloriar-se de ter resistido às pressões para maior despesa pública, que todos os partidos, da esquerda à direita, se esforçaram por aumentar..Da parte do PSD e do CDS é difícil descortinar uma política coerente na defesa do seu eleitorado natural e potencial, os cidadãos e as empresas que geram a riqueza e de que o Estado procura apropriar-se revelando imaginação sem limites..E esse é o maior problema para o futuro dos portugueses..É indiscutível que este governo soube aproveitar uma conjuntura internacional favorável, conquistou a confiança das instituições europeias e dos mercados, tivemos um boom turístico que animou outros negócios, designadamente o imobiliário, e tudo isso gerou uma onda de otimismo com resultados globalmente positivos..Mas esta situação tem uma forte dose de precariedade..Vivemos no passado recente momentos semelhantes a que se seguiram crises graves e o recurso à ajuda externa perante a incapacidade de solvermos os nossos compromissos..Descendo à terra, continuamos com uma dívida pública entre as maiores do mundo, crescemos, mas pouco, quando países que nos são próximos crescem mais, o investimento público e privado é muito débil e os níveis de poupança estão em patamar mínimo..Convém ainda não esquecer que a política da extrema-esquerda desde o 11 de Março de 1975 (as "nacionalizações" e a chamada reforma agrária) acabou por conduzir mais tarde à venda das maiores empresas nacionais a grupos estrangeiros, a começar pelas instituições financeiras, seguindo-se as mais emblemáticas empresas industriais, e esse movimento de desnacionalização vai continuar porque, muito simplesmente, não há acumulação de capital em mãos portuguesas, há, sim, endividamento excessivo. Prosseguir numa política fiscal agressiva apenas conduz ao empobrecimento a médio e longo prazo..Confrange assistir à falta de representação política dos portugueses que não são funcionários públicos. Confrange ver o CDS e o PSD votarem contra o governo na questão dos professores, cujas reivindicações, a serem aceites, levarão, com justiça, muitos outros profissionais do Estado a exigências semelhantes, fazendo disparar a despesa pública..Se a esta falta de coerência dos partidos à direita do PS somarmos a luta fratricida no interior do PSD, não faltarão eleitores do centro político a preferirem reforçar o PS, procurando um mal menor, que seria libertar o PS das algemas que o condicionam à esquerda.