Eleições presidenciais
As eleições presidenciais portuguesas de 2011 realizaram-se no dia 23 de Janeiro de 2011, tendo Aníbal Cavaco Silva sido reeleito para um segundo mandato. Nessa eleição houve vários candidatos de esquerda : Manuel Alegre, Defensor Moura, Francisco Lopes. À última hora, foi concretizada a candidatura de José Manuel Coelho. No fundo, havia um candidato apoiado pelo PSD e CDS do centro-direita e os outros de esquerda em que a pulverização dos votos e a excelente performance de Fernando Nobre (independente) impediu de certa forma uma segunda volta. Cavaco Silva (52,95%) venceu à primeira volta, Manuel Alegre (19,76%) e Fernando Nobre (14,10%), Francisco Lopes (7,14%), José Manuel Coelho (4,49%), Defensor Moura ( 1,57%). A abstenção (53,48%) e votantes (46,52%), votos brancos (4,26%) e nulos (1,93%).
Porém, apesar de ainda faltar muito tempo - as próximas eleições serão em Janeiro de 2016 -, a forma como Cavaco Silva tem conduzido a sua presidência... Cavaco Silva foi igual a si próprio : "Sim, mas" ou "Não, mas". Cavaco Silva vai enviar o OE 2013 para o Tribunal Constitucional. Dia 28 de Dezembro promulgou este OE 2103, podendo tê- -lo vetado ou antes ter pedido atempadamente a fiscalização preventiva . Sempre previsível e a dar com uma mão e a tirar com a outra. Ao pedir a fiscalização sucessiva adiantou-se à oposição e ao PS de uma forma clara, tomando a iniciativa de contestar o que mandou aprovar.
Cavaco Silva é omisso, indefinido, hesitante, ambíguo, equívoco, perplexo, frouxo, indeciso, vago, titubeante. E, o mais importante, é o Presidente da República nesta conjuntura de crise de que os portugueses menos precisavam.
Porém, por muito menos, o presidente Jorge Sampaio demitiu Pedro Santana Lopes, revelando-se um equívoco e dando de mão beijada o poder a José Sócrates que veio a revelar-se um flop. Pedro Santana Lopes - que diziam cobras e lagartos (o mau) - continua a viver em Lisboa, a liderar a oposição na CML, a trabalhar na Santa Casa da Misericórdia e a dar a cara. José Sócrates - poço de virtudes, o reformador, o controlador do défice (o bom) - refugiou-se em Paris e não dá a cara.
Mais do que nunca, assume uma importância ainda maior o próximo inquilino do Palácio de Belém.
As próximas eleições serão muito importantes e serão decisivas da abertura na mudança no sistema político. É importante eleger alguém moderno, actualizado, que pense para além dos partidos. Por outro lado, qualquer cidadão de nacionalidade portuguesa, no pleno uso dos seus direitos de cidadania e maior de 35 anos de idade, tem a oportunidade de concorrer à Presidência. Para tal, é-lhe exigido reunir entre 7500 e 15000 assinaturas (proposituras) de eleitores e apresentá--las no Tribunal Constitucional. Nesta eleição, os partidos não vão ter tanta influência. Qualquer cidadão o pode fazer independentemente dos partidos.
Palpita-me que na eleição de 2016 vai acontecer o contrário da de 2011, os candidatos de direita serão em maior número e do que os candidatos de esquerda, vamos ver. À esquerda, para já, perfila-se Carvalho da Silva, com uma conduta exemplar e que atrai muitos votos transversalmente à esquerda. O PCP como sempre terá um candidato próprio e o PS também. O PS tem António Costa ou António Guterres que fez recentemente, mea culpa dos erros do seu Governo.
Tendo em conta o número de candidatos, haverá com certeza uma segunda volta, pois nenhum candidato obterá mais de metade dos votos validamente expressos. É preciso salientar que os votos em branco não se consideram.
Começa haver algumas movimentações de Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de o negar. Foi apresentada a sua biografia. Marcelo tem um poder excessivo e, quando estava na RTP, os portugueses pagavam para o ouvir e ser o putativo candidato a tudo e mais alguma coisa.
Pedro Santana Lopes, que tinha dado sinais de que deveria ter havido outro candidato para além de Cavaco Silva em 2011 - para exigir que este negociasse e tivesse uma postura mais terrestre e não viver no limbo da fantasia e da sua entronização - tinha toda a razão. A sua postura, ao estar na Santa Casa da Misericórdia recusando ter vencimento e pautando-se por uma conduta equilibrada e de respeito para com o Governo de Pedro Passos Coelho, divergindo quando acha que não concorda, mas de uma forma soft e pró-activa, é mais uma hipótese. Pedro Santana Lopes é um mal-entendido e mal-amado, mas em Portugal é o campeão de ter sofrido ataques pessoais em que sua vida foi devassada e virada do avesso vezes sem conta.
Falta saber se o PSD e o CDS apoiarão uma destas soluções ou têm outras opções em mente.
Será uma eleição interessante e passará a esfera dos partidos, o que terá muito mais interesse.
É preciso pessoas capacitadas para serem líderes e reforçar as instituições.
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* Biólogo e fundador do Clube dos Pensadores
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico