Maduro apela ao voto para ultrapassar divergências. "Uma farsa e um embuste" , critica Mike Pompeo

Nicolás Maduro pediu aos venezuelanos para ultrapassarem as suas divergências através do debate. As urnas ainda não fecharam e o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, já criticava o processo eleitoral. "Uma farsa e um embuste"
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O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na hora de votar, pediu aos venezuelanos para ultrapassarem as suas divergências através do debate, "da verdade de cada um", do respeito e do diálogo.

Numa longa declaração após depositar o voto, definiu "as instituições republicanas" como "a única forma em que se pode eleger", de acordo com a Constituição e "com o voto do povo". Hoje nasce uma nova Assembleia Nacional [AN, parlamento]", afirmou após criticar a anterior, onde a oposição garantiu ampla maioria nas legislativas de dezembro de 2015.

Maduro classificou de "nefasta" a atual Assembleia Nacional, que termina o seu mandato em 5 de janeiro, ao considerar que "trouxe consigo a praga das sanções", numa referência às medidas retaliatórias impostas pelos Estados Unidos, e que para a Venezuela implicaram "crueldade, dor e sofrimento".

O líder de Caracas asseverou que, neste contexto, os cidadãos demonstraram "paciência e resistência", e com o voto de hoje os venezuelanos estão "a fazer justiça".

Maduro também concordou com "uma ideia do presidente Rodríguez Zapatero [José Luis Rodríguez Zapatero, antigo chefe do Governo de Espanha] para que se instale uma mesa de diálogo nacional com todos os partidos políticos da Venezuela".

O dirigente do país sul-americano estendeu o convite "aos partidos que participaram nas eleições, com os grupos políticos que não participaram nas eleições, com todos os setores económicos, com todos os setores sociais do país para analisar a agenda nacional".

Nestas eleições, a fação da oposição liderada por Juan Guaidó e diversos dirigentes políticos não participaram apelou ao boicote do escrutínio, por considerar que não estão reunidas as condições mínimas para uma eleição justa.

No entanto, os partidos políticos mais importantes apresentam-se às eleições após uma intervenção do Supremo Tribunal de Justiça, que colocou à frente das listas antigos militares que foram expulsos e acusados de corrupção por ex-colegas, indica a agência noticiosa Efe.

Nesta mesa negocial, o chefe de Estado sublinhou que será debatida a "agenda de recuperação económica, a agenda para reativar toda a indústria do país, a agenda para reativar a produção nacional, para reativar o comércio internacional e a entrada de recursos em divisas ao país, e também para reativar uma agenda político-eleitoral".

O Presidente assegurou que tudo isto sucederá "uma vez instalada a nova Assembleia Nacional" que, afirmou, "vai converter-se no epicentro político".

Maduro considerou ainda que com o novo parlamento "nasce uma nova era na Venezuela" e os venezuelanos terão "a oportunidade para iniciar um processo verdadeiramente democrático". Nesse sentido, afirmou que votou "com muita emoção".

O chefe da diplomacia norte-americana criticou o processo eleitoral. "O que está a acontecer na Venezuela é um embuste e uma farsa", escreveu Mike Pompeo, na sua conta pessoal na rede social Twitter.

Os resultados anunciados pelo regime ilegítimo de Nicolás Maduro não refletirão a vontade do povo venezuelano", acrescentou, o chefe da diplomacia norte-americana, cujo governo não reconhece o presidente socialista da Venezuela, no poder desde 2013.

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As sanções dos Estados Unidos da América, que incluem um embargo ao petróleo em vigor desde abril de 2019, estiveram no centro do discurso da campanha de Maduro.

Cerca de 20,7 milhões de eleitores foram chamados hoje às urnas para eleger uma nova Assembleia Nacional (parlamento), mas a oposição apelou aos eleitores para que ficassem em casa.

Estas eleições, que não serão reconhecidas por grande parte da comunidade internacional que apoia Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino e reconhecido por cerca de sessenta países, liderados pelos Estados Unidos, ocorrem num país que atravessa uma profunda crise política e económica.

Estas eleições, segundo os analistas, não vão atrair uma grande parte da população, mais preocupada com os problemas diários, como sobreviver num país "dolarizado" (preços afixados em dólares), com alta inflação, escassez de alguns produtos, de água, de gás, de eletricidade e de gasolina.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, os venezuelanos vão eleger 277 deputados, mais 110 do que os eleitos nas legislativas de 06 de dezembro de 2015.

O novo parlamento entrará em funções a 05 de janeiro de 2021, dois anos depois de o líder opositor Juan ​​​​​​​Guaidó se autoproclamar presidente interino da Venezuela prometendo convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.

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