ele podia ter sido presidente dos eua

Publicado a
Atualizado a

Quando me falam da superioridade dos políticos de outrora face aos actuais lembro--me sempre de Henry Wallace. Quem era? O segundo dos três vice-presidentes de Franklin Delano Roosevelt. Só por 82 dias não chegou à Presidência dos EUA. Com ele na Casa Branca, a história do mundo contemporâneo teria sido bem diferente.

Rezam as crónicas que Henry A. Wallace (1888-1965) era um dos políticos intelectualmente mais brilhantes da sua geração. Serviu a Administração Roosevelt como secretário da Agricultu-ra (1933-40) e ascendeu à vice-presidência em 1941. Não havia ninguém mais à esquerda que ele em Washington.

No Partido Democrata, porém, nunca gozara de grandes simpatias. Roosevelt só o impusera como vice-presidente entre os seus pares quando ameaçou não se recandidatar. No Verão de 1944, no entanto, o presidente estava a morrer. Mas decidira concorrer a um quarto mandato. O problema era o seu número dois: o partido não queria Wallace, que se fechava no seu gabinete a aprender espanhol e dizia comunicar com o espírito de um antigo chefe sioux. O frágil Roosevelt recandidatou-se, vencendo a eleição de No-vembro de 1944. Mas levou o senador Harry Truman como seu novo vice-presidente. Prestaram juramento a 20 de Janeiro de 1945. A 12 de Abril, Roosevelt morreu, vítima de hemorragia cerebral. Truman era o novo presidente.

Wallace não se conformou. Quatro anos depois, desvinculado dos democratas, apresentou a candidatura à Casa Branca pelo Partido Progressista. Dizia-se "cem por cento pacifista", defendia o desarmamento integral do arsenal atómico americano. Na convenção progressista em Filadélfia, chegou a defender que o Ocidente abdicasse da defesa de Berlim "em troca da paz" com Estaline.

Contando com o apoio do Partido Comunista, Wallace obteve 1,100 milhões de votos nessas presidenciais, ganhas por Truman. Ficou-se pelos 2,4%. Só em Nova Iorque conseguiu um apoio significativo: meio milhão de votos.

Com um presidente Wallace, Washington teria abdicado perante Moscovo nos primeiros lances da Guerra Fria. O controlo soviético da Europa teria sido ainda maior. Não haveria NATO nem Plano Marshall. Nem teria havido um presidente firme, como Truman foi.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt