Ele aspira, lava e até se despeja sozinho. O dono descansa, em qualquer parte do mundo

Os aspiradores robóticos vão ficando cada vez mais sofisticados e, para aquilo que fazem, cada vez mais baratos. Testámos o Xiaomi Robot Vacuum-Mop 2 Ultra, com a base com saco de 4 litros, e tivemos dificuldades em encontrar-lhe defeitos.
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Existem tarefas mais ingratas do que limpar a casa? Especialmente para quem tem animais domésticos - e mesmo quando não é o caso -, parece que mal se acaba de aspirar já o chão está sujo outra vez. É, assim, defensável que essa atividade deve ser, tanto quanto possível, entregue a máquinas.

Apesar de continuarmos longe de concretizarmos o sonho de termos a robô doméstica Rosie, da série clássica de animação Os Jetsons - a propósito, George Jetson, o patriarca da família, "nasceu oficialmente" no passado domingo, 31 de julho, segundo os registos criados pelos estúdios Hanna Barbera -, vamos dando passos nesse sentido. E o Xiaomi Robot Vacuum-Mop 2 Ultra, que testámos esta semana, até tem uma semelhança com a empregada robô do cartoon.

Não, não se trata de um avental com folhinhos, mas sim uns olhos "vermelhos" no topo, que são uma mais-valia no seu funcionamento. Esticámos a corda da metáfora? Talvez não...

A tecnologia de escovagem e aspiração neste tipo de aparelhos está hoje suficientemente desenvolvida para que se consigam resultados satisfatórios, mesmo nos modelos mais baratos e de marcas desconhecidas. Não faltam no mercado soluções, algumas tão básicas que os aparelhos se limitam a deambular aleatoriamente pela divisão, até, de facto, lá irem apanhando os detritos por que passam. O problema é todos os locais que deixam por limpar, porque estas máquinas baratas não sabem por onde andam.

O sistema de navegação - tanto software, como hardware - é, assim, tão importante neste tipo de aparelhos quanto a tecnologia de aspiração que incorporam. E o Vacuum-Mop 2, com navegação a laser LDS - um sistema semelhante ao radar -, é aqui uma grande mais-valia. Daí os "olhos" vermelhos 360º que se vê no topo do aparelho. Associados ao software SLAM (simultaneous localization and mapping /localização e mapeamento simultâneos), fazem com que o robô consiga criar um mapa da sala onde se encontra, descobrir onde está (mesmo que se pegue nele e o coloque noutro sítio), e, como tal, autoprogramar a rota mais eficiente para a sua ação.

Juntamente com os outros sensores que o aparelho inclui, para medir distâncias e a altura (de modo a evitar cair de escadas ou varandas), o Mop 2 é capaz de fazer o seu trajeto sem limpar desnecessariamente onde já limpou e evitar objetos. Ainda que, por vezes, não consiga deixar de bater nos pés de móveis, algo que acontece, especialmente quando o "apresentamos" a uma divisão que ele ainda não conhece ou quando mudamos uma cadeira de sítio...

Todas as funções podem (e devem) ser controladas pelo telemóvel, na app Xiaomi Home. Aqui pode, de qualquer parte do mundo, configurar todas as funções do aspirador, criar paredes virtuais ou áreas "proibidas" (de forma a que ele não invada espaços que não queira), estabelecer horários, ver o que ele anda a fazer em tempo real (incluindo percursos), ou até mandá-lo regressar à base.

Neste teste experimentámos a base com saco de 4 litros, vendida separadamente, mas que deve ser tida em conta enquanto kit para que o Robot Vacuum-Mop 2 Ultra seja usado em pleno. Nela o aparelho não apenas se recarrega como se despeja sozinho. E o resultado é muito positivo: após o autodespejo, o depósito do aspirador fica mesmo limpo, sem grandes vestígios de pó.

A base (custa atualmente 200 euros no site da marca) traz dois sacos descartáveis de 4 litros - cada um dá para cerca de 10 descargas. O robô, quando "sente" que não tem capacidade para acabar o que está a fazer, regressa "a casa", esvazia-se, recarrega, e volta ao trabalho.

Já se esperava que a aspiração funcionasse bem, em especial porque o robô é capaz, por momentos, de 4000 Pa (Pascals) de potência de sucção, ao nível dos melhores do seu género - isto, além das habituais escovas que encontramos neste tipo de aparelhos. Na app, podemos configurar que nível de potência se pretende (quatro à escolha), sabendo que, claro, quanto mais potente se escolher, menor a autonomia e maior o ruído. No nível Normal, este Xiaomi é suficientemente silencioso para não incomodar.

Sendo este aparelho um dois-em-um, além de aspirar também lava (afinal, está no nome: Mop). E aspira e lava, de seguida. Só que, se é estreante neste tipo de aparelhos, desengane-se se pensa que vai poder usar um destes aparelhos para deixar a casa a cheirar ao seu detergente favorito...

Por questões técnicas, este tipo de aparelhos não pode receber no reservatório qualquer detergente. Como tal, a lavagem, na realidade, é a passagem pelo chão de um pano húmido de microfibras. É melhor do que nada, de facto, e a máquina fá-lo de forma eficiente.

A partir do momento em que o reservatório de 250ml de água, com a mopa acoplada, lhe é afixado, o robô entra em modo de lavagem e, em lugar de fazer apenas uma passagem na divisão, faz duas, a segunda em ângulos retos relativamente à primeira, de forma a tentar uma melhor limpeza.

Existem três níveis de humedecimento da mopa, à escolha na app, mas se a água no depósito acabar não há qualquer alternativa senão ir enchê-lo manualmente, claro.

É nesta função de lavagem que sentimos o maior defeito do Vacuum-Mop 2: ele não tem a capacidade de distinguir sozinho se está a agir sobre um pavimento lavável (mosaico, flutuante, tacos...) ou um tapete ou alcatifa. Temos de ser nós, manualmente, a definir, na app, a zona "proibida", ou ficamos com o têxtil todo molhado.

E, convenhamos, o erro humano é algo com que podemos contar, sempre.

Além desta questão, é difícil encontrar mais defeitos nesta proposta da Xiaomi, que vende na sua loja online por 400 euros. Em especial se a conjugar com a base com saco de 4 litros. Faz subir o preço para 600 euros, mas é o conjunto do género mais competitivo do mercado, tendo em conta tudo o que faz. Não encontra outro que aspire, lave e se despeje sozinho, tudo em um, e conectado, por este preço. Pelo que, se está a pensar em aumentar o seu tempo livre em casa com um destes objetos, recomendamos mesmo que o coloque na sua short list.

Tal como qualquer novo membro da família (pense um pouco nele como uma mascote que lhe dá mais lazer do que trabalho), precisa só de um pouco de atenção na programação da app. Depois é deixá-lo à solta em casa. Quase como um gatinho, no fundo... e com muito melhor feitio do que a Rosie.

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