Eileen Gu, de 18 anos, a jovem norte-americana que nasceu em São Francisco e cresceu nos Estados Unidos, mas que optou por representar a China nos Jogos Olímpicos de Pequim, conquistou esta terça-feira a medalha de ouro no big air do esqui estilo livre, a sua primeira grande conquista de sempre. A excitação foi tanta que os fãs chineses invadiram a Internet e acabaram por deixar em baixo a maior rede social do país.."Foi o melhor momento da minha vida. O momento mais feliz de toda a minha vida. Nem posso acreditar no que acabou de acontecer", disse Eileen Gu, emocionada, ela que antes dos Jogos, e devido ao contexto geopolítico, tinha referido que um dos seus grandes objetivos era "inspirar milhões de jovens" na terra onde a mãe nasceu (China) e "ajudar a promover o desporto" que ama..Não é por acaso que lhe chamam princesa da neve. Eileen, ou "Gu Ailing", é muito mais do que uma grande desportista. É também uma modelo conceituada internacionalmente, uma aluna brilhante na Universidade de Stanford e uma ativista dos direitos das mulheres. Já desfilou em capitais da moda como Paris e Milão, fez capas da Elle, Vogue e da Cosmopolitan, e deu a cara por marcas como a Louis Vuitton e Victoria"s Secret..Eileen chegou a representar os Estados Unidos em 2017 e 2018, mas ao aperceber-se que na China não existiam grandes figura no esqui, resolveu em 2019 representar o país asiático, muito devido ao facto de a sua mãe ser chinesa, da convivência que teve com a avó e das várias visitas que fez à China.."Vivíamos todos juntos e a minha avó não falava inglês, por isso falávamos em chinês. Elas são as maiores influências da minha vida", disse, recordando que passava muitos verões na China..A questão da sua nacionalidade da ainda é um pouco dúbia, porque se por um lado para representar a China tem de ter dupla nacionalidade, a verdade é que a legislação de Pequim não o permite. Uma questão, porém, que pouco ou nada interessa aos milhões de fãs que tem na China. E que a própria também desvaloriza: "Quando estou na China, sou chinesa. Quando estou nos EUA, sou americana", disse ao Olympic Channel nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude de Lausanne 2020..Se na China é idolatrada, nos Estados Unidos nem por isso, pois muitos acusam-na de colocar o aspeto financeiro à frente das questões dos direitos humanos (um tema que recusa falar). Recorde-se que os Estados Unidos lideraram um boicote diplomático aos Jogos Pequim 2022, alegando violações e abusos dos direitos humanos, com o protesto principal relacionado com uma minoria étnica, os muçulmanos uigures da região de Xinjiang..nuno.fernandes@dn.pt