Egipto adia 'sine die' acordo de reconciliação palestiniano

O Egipto anunciou hoje o adiamento "sine die" da assinatura do acordo de reconciliação entre os movimentos rivais palestinianos Fatah e Hamas.  <br />
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"O Egipto adia neste estado a assinatura do acordo", que estava prevista para 26 de Outubro no Cairo, declarou um responsável egípcio.

O Egipto tem estado a mediar há meses a crise entre o Hamas e a Fatah.

Para justificar o novo adiamento, o responsável egípcio referiu "as repercussões da disputa entre a Autoridade Palestiniana e o Hamas sobre a gestão do relatório" do juiz sul-africano Richard Goldstone, encomendado pela ONU, sobre a operação israelita na Faixa de Gaza em Dezembro passado.

Este relatório acusa Israel e o Hamas de terem cometido "crimes de guerra" durante o conflito na Faixa de Gaza em Dezembro e Janeiro últimos, do qual resultaram 1.400 mortos.

Sem avançar nova data, este responsável, que pediu para não ser identificado, citado pela agência noticiosa egípcia Mena, adiantou que o Egipto "continuará os esforços para assegurar o clima propício para a assinatura e a aplicação do acordo, na primeira ocasião possível".

Este adiamento é o terceiro feito pelo Cairo, que nas três ocasiões alegou a existência de profundas divergências entre os dois movimentos palestinianos.

 O acordo proposto pelo Egipto sugere a realização de eleições legislativas e presidenciais em meados de 2010 e estipula o reforço das forças de segurança da Fatah sob supervisão egípcia e a libertação das pessoas detidas pelos dois movimentos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Quinta-feira, a Fatah anunciou ter enviado aos mediadores egípcios o acordo assinado, enquanto o Hamas pediu tempo para o examinar.

"O Hamas pediu oficialmente ao Egipto para lhe dar dois ou três dias para concluir as consultas internas", disse à agência noticiosa francesa AFP Taher al-Nounou, porta-voz do movimento islamita.

Em Damasco, uma coligação de organizações palestinianas com sede na Síria, incluindo o Hamas, tinha anunciado antes, em comunicado, a sua recusa em aceitar o acordo proposto pelo Egipto, reclamando alterações no texto como o direito de resistência a Israel.

Em Ramallah (Cisjordânia), Mahmud Abbas também disse que a Fatah espera uma resposta do Hamas e acrescentou que caso este não assine o acordo vai convocar eleições até 24 de Janeiro.

"A Lei Fundamental estipula que as eleições devem realizar-se até 24 de Janeiro. Se houver acordo, podem ser adiadas até 28 de Junho de 2010. Caso não haja acordo, respeitaremos a Lei Fundamental", afirmou Abbas.

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