Efeito das redes sociais na felicidade dos adolescentes é "minúsculo"
As redes sociais já dominam a grande maioria dos telemóveis, principalmente os dos mais novos, os da geração que já nasceu com um "like" e um "share" à mão. Muito se diz sobre o efeito que elas têm nos jovens, muitas vezes lamentando os efeitos colaterais nas relações humanas, cada vez mais concretizadas a partir de um pequeno ecrã. Mas pouco ou nada se sabe realmente sobre a forma como o uso de redes sociais afeta a felicidade dos adolescentes. Um estudo recente da Universidade de Oxford, que inquiriu 12 mil adolescentes (dos 10 aos 15 anos), mostra que o efeito pode mesmo ser "minúsculo", de acordo com a BBC.
Apesar de a amostra ser focada na população do Reino Unido, este foi considerado o estudo mais completo sobre o tema até à data.
O documento, publicado na revista científica PNAS, procurou saber se os adolescentes que usam as redes sociais mais do que a média estão menos satisfeitos com a vida, ou se aqueles menos satisfeitos é que usam mais redes sociais. Para tal, pediu a empresas que divulgassem dados sobre como as pessoas usam as redes e pediu aos jovens inquiridos que revelassem quanto tempo gastam nestas plataformas e o quão satisfeitos estavam em diferentes aspetos da sua vida.
As principais conclusões mostram que os efeitos das redes sociais nas suas vidas são limitados e "minúsculos", correspondendo a menos de 1% do bem-estar do adolescente - um pouco mais relativamente às raparigas do que aos rapazes, mas mínimo. O professor e diretor do relatório, Andrew Przybylski, disse que "99,75% da satisfação de uma pessoa na vida não tem nada a ver com o uso das redes".
"Os pais não se devem preocupar com o tempo nas redes sociais", disse Przybylski. "Os resultados não estão a mostrar evidências para grande preocupação."
Contudo, o responsável pelo órgão de formação de pediatras do Reino Unido, o Royal College of Pediatrics and Child Health, não descarta outras preocupações associadas às redes sociais e que estão a afetar o dia-a-dia dos adolescentes. Pois, segundo Max Davie, o tempo passado em frente ao ecrã influencia atividades importantes como o sono e a convivência com família e amigos. "Recomendamos que as famílias evitem o uso do ecrã até uma hora antes de dormir", frisa.
Os investigadores envolvidos neste estudo consideram que o próximo passo é identificar os jovens com maior risco de serem afetados pelo tempo que passam a usar as redes sociais e o impacto que tem no seu bem-estar.