Eduardo Oliveira e Sousa: "Restabelecer as competências do Ministério da Agricultura é uma medida fundamental"

Eduardo Oliveira e Sousa é presidente da CAP.
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Dia 30 há eleições legislativas. Como convencer um abstencionista ​​​​​​​a ir votar?
Se durante a campanha os políticos discutirem verdadeiramente o País e não apenas o Estado, terão provavelmente mais interessados nas suas mensagens e menor abstenção. Por outro lado, seria importante os partidos darem a conhecer previamente quem são os ministros que nos propõem para governar e promoverem um contacto mais direto a nível regional entre eleitos e eleitores. Por fim, facilitar a participação no ato eleitoral por via eletrónica, numa altura em que já muito se faz por essa via no nosso quotidiano, seria também um bom contributo para reduzir o alheamento e a abstenção.

Na sua opinião o que seria melhor para Portugal: um governo de maioria absoluta ou de coligação entre vários partidos?
Creio que a chave para uma boa governação do país está mais no conteúdo e menos na forma. Ou seja, o que verdadeiramente interessa são as políticas que se pretendem implementar e isso pode ser conseguido independentemente da forma que o governo assumir.

O PRR pode mudar o país? Qual a sua expectativa em relação à execução do PRR durante esta legislatura?
O PRR poderia mudar o país se fosse aplicado em instrumentos de recuperação e resiliência destinados à sociedade, designadamente empresas e famílias, ou seja, às atividades económicas produtivas, em vez de ser principalmente canalizado para o Estado. Neste caso não posso dizer que as nossas expectativas sejam muito elevadas, nomeadamente tendo em conta os prazos e as regras impostas, face ao elevado volume financeiro que terá de ser executado.

Fiscalidade: o novo governo deve baixar primeiro os impostos às famílias ou às empresas? Qual das soluções trará mais rápido ​​​​​​​crescimento ao país?
As empresas são quem dá origem à produção de mais riqueza e por isso têm de ser abrangidas nesta temática desde a primeira hora, mas em primeiro lugar é necessário saber como reduzir a despesa, para se poder baixar os impostos de forma sustentada também às pessoas. As opções estão interligadas. Por exemplo, uma descida imediata de impostos às famílias poderá contribuir para promover a atividade empresarial e a economia nacional, se o aumento do consumo daí resultante incidir sobre a aquisição de produtos nacionais, caso contrário poderá contribuir para aumentar as importações e o resultado ser o inverso.

Qual a primeira medida na sua área que o governo ​​​​​​​deveria tomar?
Recuperar os níveis de execução do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) e agilizar os respetivos pagamentos, como forma de promover o investimento, é para nós uma prioridade inequívoca. Para além disso, restabelecer as competências do Ministério da Agricultura, ao nível das florestas, dos animais e da água destinada à agricultura, é também uma medida fundamental.

E qual a primeira medida ​​​​​​​para o país, em geral?
A reforma da Justiça, tornando-a verdadeiramente capaz de resolver os problemas dos cidadãos e das empresas, parece-me ser uma prioridade absoluta, até porque se trata de um problema crónico para o qual nem sequer se conhecem propostas concretas de resolução. A par desta, a redução da carga fiscal.

Escolha dois ou três políticos da História de Portugal (que não sejam candidatos a estas eleições) e que continuam a ser uma ​​​​​​​inspiração para si?
Os que se dedicaram a causas de corpo e alma, nacionais ou internacionais, e elevaram os seus países no respeito pelos seus povos. Os tempos que vivemos nada têm a ver com as circunstâncias económicas, sociais e políticas que se viveram no passado. O país precisa de novas figuras, com uma visão atualizada de Portugal, da Europa e do mundo, tendo em consideração as nossas circunstâncias e características face aos compromissos do país no plano internacional. A História serve para nos situarmos, mais que para julgar.

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