EDP pede autorização para aumentar capital até 365 milhões
O Conselho de Administração da EDP vai pedir autorização aos accionistas para ter o direito de realizar operações de aumento de capital através da emissão de novas acções até ao limite de 10% do actual capital, que é de 3656,5 milhões de euros.
A proposta será feita na assembleia geral de 10 de Abril e se for aprovada permitirá à administração da eléctrica realizar reforços de capital através da emissão de novas acções transaccionáveis num valor até 365 milhões de euros, desde que esta emissão tenha aprovação prévia do conselho geral e de supervisão.
A alteração do artigo é justificada pela necessidade de ajustar certas disposições estatutárias com o regime aplicável às sociedades com acções admitidas à bolsa, mas no entanto, surge no contexto em que a gestão liderada por António Mexia admite estar a preparar um plano B ou solução alternativa para obter recursos, caso não se venham a verificar as condições de mercado que permitam dispersar em bolsa a divisão de renováveis por "uma avaliação razoável", esclareceu Nuno Alves, administrador financeiro da empresa na sexta--feira.
A decisão de avançar com esta oferta pública inicial (IPO) da subholding para as renováveis terá de ser tomada até Maio para que a operação se possa realizar até Julho (embora os colocadores preferissem evitar o período do campeonato europeu de futebol). Se não ficaria para Setembro. Para esta decisão será muito importante a evolução bolsista da Iberdrola Renovables, cujos múltiplos são a referencia para a valorização da empresa da EDP. Desde que se estreou na bolsa em Dezembro de 2007, a Renovables caiu quase 20% em relação ao preço da oferta.
Por outro lado, e mesmo que recorra ao aumento de capital, que também pode não ser bem acolhido no mercado numa altura em que BCP e BPI anunciaram operações da mesma natureza, uma entrada de dinheiro desta dimensão (365 milhões de euros) não seria suficiente para substituir o encaixe estimado do IPO de 20% a 25% da EDP Renováveis, que poderá chegar a dois mil milhões de euros numa avaliação de oito mil milhões de euros.
Mas poderá contribuir para uma solução alternativa que combine ainda a venda de activos e a realização de operações de financiamento no mercado como emissões obrigacionista ou outras, desde que não degradem o rating da dívida da empresa que em 2007 subiu 26% para 11,7 mil milhões de euros. Para além de limitar o endividamento, a EDP precisa de fundos para investir 6,2 mil milhões de euros na expansão do negócio das renováveis. A proposta à assembleia geral prevê que o reforço de capital nestes termos, e sem prejuízo de regras legais em matéria de reprivatização que sejam aplicáveis, pode ser realizado por novas entradas de dinheiro em uma ou várias operações. Esta possibilidade já existe nos estatutos de outras empresas como a Cimpor que está autorizada pelos accionistas a aumentar o seu capital em até 325 milhões de euros.
A EDP registou, em 2007, uma queda nos lucros em 3,6% para os 907,3 milhões de euros. O EBITDA, ou cash flow operacional subiu 14% para os 2,6 mil milhões de euros.
De acordo com o comunicado divulgado pela empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a evolução anual do resultado líquido foi penalizada pelos itens não-recorrentes que já tinham sido mencionados, e por uma redução dos resultados financeiros, que foram apenas parcialmente compensados pelo ganho de capital de 259 milhões de euros relativo à venda de uma participação de 25% na REN.|