Economist: saída de Dilma melhoraria a situação do Brasil
Substituir Dilma Rousseff por Michel Temer traria mais progressos à economia brasileira, defende a Economist Intelligence Unit (EIU), publicação que pertence ao britânico Economist Group. A revista semanal 'The Economist', principal publicação do grupo, havia defendido no entanto há um mês que a queda da presidente do Brasil e eventual troca pelo seu vice-presidente traria mais prejuízos ao país do que a sua continuidade.
Segundo a agência Lusa, a EIU, unidade de análise e previsão económica do grupo, "o cenário mais previsível é que Dilma continue até 2018, data do final do mandato, num clima muito enfraquecido e com implicações negativas para a política económica e orçamental do país". "Destituída a presidente, não seria necessário esperar por eleições e um governo interino liderado por Michel Temer faria mais progresso ao atacar a crise económica do Brasil, partindo do princípio que conseguiria o apoio dos partidos da oposição", prossegue a EIU.
Neste momento, a presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), segue sob processo de 'impeachment' a ser votado no Congresso Nacional. Caso seja destituída será substituída pelo vice--presidente Temer, do Partido do Movimento da Democracia Brasileira (PMDB). Em carta enviada a Dilma em meados de dezembro, o "vice" queixou-se de ter sido "tratado como figura decorativa" ao longo do primeiro mandato, entre outros lamentos, o que sugeriu que está, de facto, disponível para liderar uma alternativa à chefe de estado. Ao longo deste mês, Temer vai mesmo visitar parte das 27 unidades federativas do Brasil, numa espécie de campanha.
No momento em que Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados do Brasil e, como Temer, do PMDB, aceitou abrir processo de 'impeachment' a Dilma, os editorialistas da 'The Economist' escreveram porém que a destituição da líder seria prejudicial. "A ação de Cunha é falhada e ameaça apenas afundar o Brasil na lama", escreveu a revista britânica.
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A crise económica brasileira reflete-se nos números da inflação - acima dos 10 % - e da queda do PIB - que contraiu 3,7 %.
Entretanto, a Petrobras, maior empresa do Brasil, cortou perto de 30 mil milhões de euros em investimentos até 2019, devido a uma baixa na projeção de petróleo no Brasil. E também, claro, por estar no centro do escândalo do Petrolão, investigado pela operação Lava-Jato. Esta, a propósito, investiga 13 bancos nacionais e internacionais por eventuais crimes de lavagem de dinheiro, noticiou o jornal O 'Estado de S. Paulo'. Em causa, negócios entre o Banco Schahin e o empresário José Carlos Bumlai, preso desde 25 de novembro, e classificado na imprensa brasileira como "o amigo de Lula".
Lula da Silva foi citado por Nestor Cerveró, um dos delatores da Lava-Jato, no âmbito desse caso. Cerveró é um ex-quadro da Petrobras que Lula promoveu depois de ele ter contratado o Banco Schahin como retribuição de um empréstimo a Bumlai. O ex-presidente não quis manifestar-se. Nos seus depoimentos, Cerveró falou ainda de duas reuniões com Renan Calheiros, presidente do Senado e membro do PMDB, em que o assunto foi subornos, e de um negócio para pagamento de comissões ao governo liderado por Fernando Henrique Cardoso (FHC), do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Calheiros negou as acusações e o antigo presidente classificou-as como sendo "vagas".
Em São Paulo