Economia da Zona Euro vai travar mais. E Portugal pode sofrer com isso
Em apenas seis meses, o Banco Mundial retirou quatro décimas ao crescimento da economia da zona euro. Em janeiro, a instituição sediada em Washington apontava para uma subida de 1,6% do produto interno bruto (PIB), agora, nas projeções reveladas esta terça-feira, prevê uma expansão de apenas 1,2%.
A confirmar-se esta projeção, será a evolução mais lenta do bloco da moeda única desde 2014, quando a zona euro cresceu 1,4%. Na quinta-feira, o Banco Central Europeu irá também atualizar as projeções para a zona euro.
Entre as economias avançadas - que inclui, por exemplo, os Estados Unidos ou o Japão -, é a queda mais acentuada nas projeções. Para os EUA, o Banco Mundial mantém as previsões de há seis meses: a maior economia do mundo deverá expandir-se 2,5% este ano. No caso do Japão, houve uma ligeira revisão em baixa de apenas uma décima.
O relatório sobre as Perspetivas Económicas Globais prevê uma evolução mais lenta do que esperada para as economias do euro, no conjunto. A zona euro é apontada como o exemplo entre as economias avançadas de "desaceleração da atividade", em parte devido "ao enfraquecimento das exportações e do investimento", refere o documento, acrescentando que a economia tem estado suportada no consumo privado e na criação de emprego.
Os técnicos do Banco Mundial especificam que "as condições económicas na área do euro se deterioraram rapidamente desde meados de 2018, particularmente no setor da manufatura. Esta desaceleração reflete um declínio nas exportações, especialmente para a China e a região da Europa e Ásia Central", nota a instituição, referindo que "a procura interna também abrandou, embora em menor grau, impulsionada pelo declínio do desemprego e crescimento dos salários reais".
A travagem da economia do euro pode ter efeitos diretos em Portugal. Os principais destinos das exportações portuguesas - que já pesam cerca de 44% no PIB - estão concentrados na zona euro. Espanha, França e Alemanha representam praticamente metade do destino das vendas ao exterior e qualquer abrandamento tem efeitos na atividade económica portuguesa.
O relatório divulgado esta terça-feira refere que "cerca de 80% das economias avançadas - incluindo as grandes economias europeias, o Japão e os EUA - devem registar um crescimento mais lento em 2019", acrescentando que "para todas estas economias os riscos descendentes se intensificaram."
O Banco Mundial avisa que uma travagem mais a fundo do que previsto no bloco do Euro poderá provocar outros efeitos indesejados. "Uma maior desaceleração poderia desencadear uma nova tensão financeira nos países mais vulneráveis, levando a um investimento mais lento, a um desemprego mais elevado e a preocupações sobre a saúde do setor financeiro.
Nos Estados Unidos, "a atividade poderá ser negativamente afetada por uma confiança e investimento mais fracos do que o esperado, entre tensões comerciais com os principais parceiros." A deterioração da "qualidade de crédito das empresas pode amplificar os choques negativos", sendo, no entanto, pouco provável uma recessão no curto prazo.
Em relação à China, a instituição sediada em Washington refere riscos externos e internos, em concreto o aumento das tarifas por parte dos EUA em plena guerra comercial e o elevado endividamento das empresas em setores com rendibilidades baixas.
As previsões para o crescimento mundial também sofreram uma revisão em baixa. "O crescimento da economia mundial deve recuar para 2,6% em 2019, um nível mais baixo do que o esperado, para então avançar levemente para 2,7% em 2020", refere o documento.