E se existisse uma Secretaria de Estado do Futuro? 68% da população quer

Os discursos parlamentares falam sobre o futuro? 94 % não referem as gerações de amanhã quando falam do ambiente e da dívida pública e 96% ignoram o futuro da segurança social 96% deles ignoram-nas. Estes e outros números estão disponíveis no <em>site </em>"De hoje para a manhã", da Fundação Gulbenkian, a partir desta quarta-feira.
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O site "de hoje para amanhã" foi lançado esta quarta-feira, numa iniciativa do Departamento de Sustentabilidade da Fundação Gulbenkian. O diretor, Luís Lobo Xavier, promete explicar as implicações das práticas e das medidas que hoje se tomam para a população de amanhã. Os primeiros estudos indicam que as pessoas estão preocupadas com o tema, mas pouco se faz para garantir justiça intergeracional.

Analisaram os discursos parlamentares entre 1974 e 2017 e, mesmo num tema tão discutido como as reformas, em 96% dos debates sobre Segurança Social são deixadas de fora as preocupações com os futuros beneficiários do sistema de pensões. E, quando falam das alterações climáticas, o esgotamento dos solos ou a poluição dos mares, em 94 % das discussões também se ignoram as consequências para os mais novos, a mesma percentagem de quando se debate a dívida pública, que duplicou nos últimos 10 anos.

E os deputados têm essa consciência, já que 89 % respondeu ao estudo da Gulbenkian que o debate sobre as gerações futuras "é reduzido", admitindo 72 % deles que "estamos a transferir pouco recursos "para quem ai vem".

Quanto à população em geral, 60 % dizem estar preocupados com o bem-estar das gerações seguintes, sobretudo no que diz respeito à segurança social. 85% consideram que não vai dar às gerações futuras os mesmos benefícios que têm quem hoje se reforma. E 68% concordam com a criação de uma Provedoria das Gerações Futuras ou uma Secretaria de Estado do Futuro.

São conclusões dos dois primeiros estudos disponibilizados no site. Até final do ano, a equipa de três pessoas da Gulbenkian, em colaboração com a School of International Futures e recorrendo a investigadores externos, apresentará trabalhos sobre as desigualdades entre gerações nas finanças públicas, na habitação e no trabalho.

Paralelamente, a Fundação está a criar uma metodologia para avaliar o impacto das políticas públicas, em termos de justiça intergeracional. "Esta ferramenta permitirá analisar os custos e benefícios das políticas públicas para as diferentes gerações e avaliar, com base em critérios objetivos, se as políticas públicas (propostas ou existentes) acautelam devidamente os interesses das gerações de amanhã", explicam os técnicos.

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