A presente década fez da palavra "pirata" uma realidade frequente nos media. Não apenas pelos sequestros de barcos que fizeram notícia. Na verdade, a palavra "pirata" foi evocada mais frequentemente depois do virar do milénio em histórias de discos, filmes e jogos trocados e espalhados pelo globo via Internet, sem pagamento dos direitos que lhes são devidos. A "pirataria" audiovisual é tida como uma das justificações para a queda de vendas de vários sectores do negócio do entretenimento, a música sendo talvez a mais afectada até aqui. A palavra "pirata", a partir de agora também passa a morar no Parlamento Europeu. Isto porque, da Suécia, depois de conquistar 7,13% dos votos nas recentes eleições europeias, o Patrtido Pirata (ver caixa) elegeu um eurodeputado. .A história do partido remonta a Janeiro de 2006, com uma primeira recolha de duas mil assinaturas através do site. Por trás da ideia estava desde logo Rickard Falkvinge, um empresário natural de Gotenburgo, então a caminho de completar os 34 anos. Com estudos na área da engenharia física, chegou a trabalhar na Microsoft, mas abandonou as aulas para se lançar no mundo dos negócios. A carreira empresarial acabaria depois por ceder à vida política, depois de decidir dedicar-se, a tempo inteiro, ao Partido Pirata..Curiosamente, o nome agora eleito para o Parlamento Europeu não corresponde ao do fundador e líder do partido. Chama-se Christian Engström, é o número dois da hierarquia e tem um historial de activismo em questões relacionadas com o registo de patentes na área do software. Licenciado em Estocolmo, em 1983, em matemática e electrónica, iniciou uma actividade política regular em finais da década de 80, numa primeira fase como membro do Partido Liberal sueco. .O recente caso que envolveu o site Pirate Bay (sem relação com o partido), acabou por dar visibilidade nos media às teses defendidas pela emergente força política que, no ano passado, viu aumentar em grande número o seu volume de filiados. Engström considera o veredito como "injusto". Defende, como explica numa entrevista publicada no site pcinpact.com, que "o acesso à Internet é um direito do homem", comparando-o ao direito de usar o telefone ou o de ler jornais. A opinião surge num confronto com uma proposta de legislação que prevê o cancelamento do acesso à Internet a eventuais infractores (ler, "piratas"). O novo deputado europeu defende, por isso, que "a suspensão do acesso à Internet, em particular sem a intervenção de um tribunal, representa uma violação manifesta das nossas liberdades fundamentais"..Prometendo acesas polémicas com os muitos que defendem teses opostas (e inclusivamente uma postura de firme combate à pirataria), o eurodeputado do Partido Pirata chega a Estrasburgo num momento em que a defesa da propriedade intelectual está na ordem do dia. O sistema de direitos de autor vigente é, para Christian Engström, "um obstáculo à criatividade", segundo afirma na mesma entrevista. A nova legislatura anuncia, por isso mesmo, um cerrado confronto de visões.