E o tempo já não volta para trás
O compositor Manuel Paião, autor de um invejável repertório de êxitos da música ligeira e de teatro de revista, faleceu ontem, na sua residência na Parede, em Cascais. Tinha 79 anos. Com Eduardo Damas, recentemente desaparecido - morreu a 29 de Março -, Paião formou uma das duplas criativas mais produtivas e bem sucedidas na história da música portuguesa. No instante da despedida, fica a memória inevitável do seu êxito maior Ó Tempo, Volta Para Trás.
Remontava a 1945 essa parceria marcante na vida de Paião, que o colocou numa posição dominante nos tops de venda e rádios das décadas de 50 a 70. Numa entrevista ao DN em 1999, Damas faria a contabilidade desse meio século de encontro 1500 fados, canções e marchas, 74 revistas, 24 peças.
Em seu nome, Manuel Paião deixa um repertório de mais de 500 canções e centenas de revistas, testemunhos de uma carreira exemplar recentemente distinguida com a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores. António Mourão, Maria Valejo, Simone de Oliveira, Ada de Castro, Maria Clara, Alice Amaro, Artur Garcia, Tony de Matos, Hermínia Silva e Helena Tavares foram alguns dos artistas que interpretaram as suas composições.
O corpo do compositor sai esta manhã (10.00) em cortejo fúnebre da Igreja da Parede para o cemitério de Ílhavo, de onde era natural.