É fumador? Procure o seu médico!

31 de maio, Dia Mundial sem Tabaco, é fundamental lembrar que fumar provoca o cancro do pulmão e outras patologias muito graves. Os programas de deteção precoce podem salvar vidas e nunca é tarde para se ver livre dos cigarros.
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O cancro mais habitualmente associado ao tabaco é o do pulmão, com cerca de 85% dos casos a serem detetados em fumadores. Segundo o Globocan, em 2020 foram registados em Portugal 5415 novos casos e 4797 mortes. É essencial passar esta mensagem neste Dia Mundial sem Tabaco, que se celebra a 31 de maio.

Mais: sabemos que o tabagismo está relacionado com o desenvolvimento de diversas patologias graves, principalmente o cancro, nomeadamente da orofaringe, esófago, estômago, bexiga e pâncreas, mas também a doença pulmonar obstrutiva crónica, a diabetes, a osteoporose, a infertilidade e a doença arterial periférica, entre outros.

Fruto da pandemia, os doentes estão a chegar aos hospitais com doenças oncológicas em estadio cada vez mais avançado. No caso do cancro do pulmão, uma das principais causas de morte oncológica, a situação pode ser ainda mais dramática.

Uma vez que o cancro do pulmão cresce de forma silenciosa, o diagnóstico é habitualmente tardio por ausência de sintomas em fases iniciais da doença. Para além disso, como se manifesta com queixas respiratórias inespecíficas - tosse, expetoração, cansaço ou falta de ar - são muitas vezes atribuídas a outras doenças pulmonares que podem coexistir.

Assim, é necessário alertar que os programas de deteção precoce são fundamentais para identificar o cancro em estádios iniciais e aumentar as hipóteses de sobrevivência. Neste sentido, a CUF tem vindo a reforçar o Programa de Deteção Precoce de Cancro do Pulmão, que consiste na avaliação anual em consulta, associada à realização de uma tomografia computorizada do tórax de baixa dose. É ainda proposto um plano de cessação tabágica personalizado.

São principalmente os fumadores ou ex-fumadores com mais de 50 anos e grande carga tabágica que devem procurar o médico para realizar um diagnóstico precoce de cancro do pulmão e, caso se aplique, integrar um programa de cessação tabágica.

Deixar de fumar compensa sempre. Mesmo para quem já tem cancro do pulmão. A cessação tabágica está associada à melhoria da mortalidade em todas as idades. Deixar de fumar em idade mais jovem, especialmente antes dos 40 anos, está ligada a um maior declínio da mortalidade prematura. O efeito é menor quando se deixa de fumar mais tarde, mas, ainda assim, sabe-se que ainda se verifica esse benefício em idades mais tardias.

Prevenir o início do consumo de tabaco junto das idades mais jovens e reforçar a cessação tabágica precoce é muito importante para obter resultados a longo prazo.

É igualmente importante esclarecer que é errada a ideia de que as novas formas de fumar - cigarros eletrónicos, vapping ou tabaco aquecido - são menos prejudiciais que o tabaco convencional. Não podemos esquecer que muitas desses produtos são uma perfeita incógnita no que respeita à sua constituição e aos aditivos que contêm.

Deixar de fumar é um processo que necessita de apoio continuado, com acompanhamento bem delineado no tempo por parte dos profissionais de saúde especializados, num processo que pode incluir apoio médico, de enfermagem, psicológico e nutricional, bem como a prescrição de uma terapêutica de substituição da nicotina, ou outros fármacos. Neste processo, a pessoa é devidamente acompanhada tendo em conta as circunstâncias e especificidades de cada um.

Para quem está a pensar deixar de fumar, deixo uma mensagem: procure ajuda especializada. Quanto mais cedo, melhor.

Pneumologista no Hospital CUF Viseu

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